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verbovicosual. O subjetivismo romântico do poeta pelo projeto do poema. Som, cores, visualidade<br />
são incorporados: poesia-neon, poesia-cartaz, poesia-objeto. A radicalidade da linguagem: a<br />
poesia<br />
não cabe mais no papel. O debate é acalorado, a poesia concreta recria um itinerário de<br />
referências.<br />
Oswald é reeditado.<br />
José Agrippino de Paula, o xamã anarquista, escreve chapado de Imagens 'PanAmérica' de<br />
áfricas<br />
utópicas, dá o start tropicalista na cabeça de Caetano – junto com os terremotos sensoriais do rei<br />
da<br />
vela Zé Celso & Glauber Rocha (a Terra continua em Transe!) – e escreve sua bíblia pop-lisérgica<br />
sobre o parque industrial da sociedade de consumo planetária. PanAmérica: um tijolo sem<br />
psicologismos cujo personagem principal é simplesmente um 'Eu' reiterativo que dirige uma<br />
megasuperprodução hollywoodiana: “A Bíblia”. Saquem este trecho: “A multidão colorida e caótica<br />
atravessava os portões e se introduzia desornadamente nas esteiras rolantes e era transportada<br />
imóvel e curiosa para perto da cúpula de vidro onde se encontravam dois testículos gigantes. Um<br />
grande número de cabeças conversava entre si trocando impressões sobre os enormes testículos,<br />
e<br />
alguns retiravam as suas máquinas fotográficas e binóculos quando a esteira rolante os conduzia<br />
para a cúpula de vidro iluminada pelas luzes amarelas, verdes, vermelhas”. Cinematográfico,<br />
violento e visceral. Ficção contracultural brasileira.<br />
Aí Bethânia vê Roberto Carlos e conta pro mano. Rock dum lado, bossa-novistas do outro e a<br />
multidão careta fazendo passeata contra a guitarra elétrica, pela família & o escambau. Uma noite<br />
em 67 chega: Alegria, Alegria e sua câmara na mão godardiana & Domingo no Parque e sua<br />
montagem eisenstianiana. Ruptura total. Geléia geral. Oiticica assassina o museu, Bressane &<br />
Sganzerla & Helena Ignez deslimitam a Tela. Rogério Duarte, tropicaos. Medaglia & Duprat<br />
desorquestrando o Som. Que tudo mais vá pro inferno, meu bem! Desbunde transcendental. O<br />
Kaos. Geração AI-5 reinventando a política e a arte. O pau comendo. O mundo em chamas!<br />
Violãozinho é o caralho! Quando a gente não pode fazer nada, a gente avacalha e se<br />
esculhamba.<br />
Tropicália: o Manifesto Antropofágico em forma de canção. O movimento em forma de disco.<br />
Roupas coloridas, sexo livre, Brasil futurista. Não temos tempo de temer a morte. Tropicália lítero-<br />
musical: Wally & Macalé & Gal: fusão de poesia & vozes. Caetano & Campos: experimentalismo<br />
concreto-sonoro-visual. Gil & Torquato: A alegria é a prova dos nove. Tom Zé & Mutantes: o<br />
caipira é o novo astronauta. Mário Pedrosa: estamos condenados à modernidade.<br />
AntroPOPfágico.<br />
O Brasil na porrada: a juventude universotária nacional-popular pseudo-marxista proíbe o É<br />
proibido proibir. Já imaginou quando eles chegarem ao poder? Godard aponta sua câmararevólver.<br />
Torquato se mata. O sonho acabou, quem não dormiu no sleeping-bag nem sequer sonhou.<br />
De volta à poesia: quem não foi pro exílio ou pra luta armada ou morreu ou pirou. Entra em cena a