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Inquisidores, Mártires, Hereges e Libertinos<br />
{Os Civilizados}<br />
f?ri!<br />
A ideologia materialista da civilização técnica evolutiva moderna ao desdobrar sua<br />
metaprodutividade na globalização, urbanizou todas as experiências vitais, domesticando os<br />
instintos sagrados, encarcerando os corpos ao cálculo do progresso positivista de seu conhecerfazer<br />
num saber-poder. Fazendo de nômades, turistas; formatando a vivência de autoprodução<br />
poética à reprodução gramática dos códigos convencionais. Estabelecendo, a partir do modelo<br />
laico capital-socialista, territorializações arbitrariamente tidas como pragmáticas sobre todos os<br />
terrenos; impôs seu jovem modelo de comunhão social a todas as culturas, agora tidas como<br />
extintas ou exibidas como arqueologias museológicas sob o rótulo 'povos originários'.<br />
Piratas fundaram as megacorporações transnacionais de tráficos (armas, drogas, corpos,<br />
especiarias, tecnologias) que embasaram o capitalismo e hoje dão margem à hipnose da dieta<br />
mundial, ou tornaram-se corsários que obedecem aos governos no seu aparelhamento dos mares.<br />
Mendigos são catalogados e contabilizados em censos anuais e, da mesma maneira que loucos e<br />
prostitutas, passaram de protetores dos limites a aleijados do espírito analisável. Os videntes<br />
calaram-se, temendo que seus conhecimentos caissem em mãos erradas; ou foram calados pelo<br />
descrédito e pela desinformação organizada. Cada vez mais se proibe a pirataria de produtos e<br />
seus preços aumentam, ampliam a repressão aos moradores de rua e os preços dos imóveis<br />
aumentam, se mistifica e ridiculariza o pensamento e a intuição sensível e o preço da educação<br />
aumenta. A ideologia do paraíso perdido que sustenta esta cultura civilizatória, critica o cerne da<br />
experiência do aqui-agora e torna sua solução inalcançável para a maioria, criando um pedágio<br />
das experiências vitalizantes (tal como uma cerca ao redor de uma cachoeira).<br />
O que resta é o feudo mundial, nascido do crescimento artificinatural da aldeia global sob o<br />
controle do pensamento racionalista. A civilização controla a cultura da espécie da mesma forma<br />
que às cidades, onde todos os meios são organizados de maneira a manter a previsibilidade dos<br />
movimentos e sua categorização. Esta série de barragens dos fluxos acabam por se aglomerar<br />
fazendo da cidade como da cultura civilizatória grandes produtoras de lixo, físico e subjetivo.<br />
Assim, xs sujeitxs estando sujeitxs à visão objetiva e reduzindo-se a força de trabalho e<br />
consumidores de bens materiais, como um agricultor que queima parte da safra para manter uma