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estação intermodal como gerador de centralidades metropolitanas

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1º Concurso <strong>de</strong> Monografia CBTU 2005 – A Cida<strong>de</strong> nos Trilhos<br />

Apesar <strong>de</strong> se tratarem <strong>de</strong> termos amplamente utilizados, os conceitos <strong>de</strong> mobilida<strong>de</strong> e acessibilida<strong>de</strong><br />

oferecem gran<strong>de</strong> diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> interpretações <strong>de</strong> acordo com o universo técnico abordado ou o<br />

interesse discursivo <strong>de</strong> cada autor.<br />

Uma visão mais tradicional, ensina Vasconcellos (2001:40), <strong>de</strong>fine mobilida<strong>de</strong> <strong>como</strong> a “habilida<strong>de</strong>”<br />

humana <strong>de</strong> “movimentar-se em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> condições físicas e econômicas individuais”. Na<br />

engenharia <strong>de</strong> transportes, mobilida<strong>de</strong> revela a quantida<strong>de</strong> média <strong>de</strong> viagens diárias <strong>de</strong> uma pessoa<br />

resi<strong>de</strong>nte numa <strong>de</strong>terminada região, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> on<strong>de</strong> ou <strong>como</strong> a viagem é feita. No livro ‘São<br />

Paulo Metrópole’, os autores <strong>de</strong>finem mobilida<strong>de</strong> <strong>como</strong> sendo “o conjunto <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamentos da<br />

população no território” (Meyer, Grostein e Bi<strong>de</strong>rman, 2004:28). No entanto, ao estabelecer que<br />

“mobilida<strong>de</strong> une lugares e não apenas pontos longínquos”, os autores sugerem que esse “conjunto<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamentos” não é apenas um dado inerte, restrito apenas a quem se <strong>de</strong>sloca, mas estabelece<br />

relação sutil entre a “população” e a função contida numa centralida<strong>de</strong> (“lugar”).<br />

A acessibilida<strong>de</strong>, no estudo acima citado, é <strong>de</strong>finida <strong>como</strong> ”a possibilida<strong>de</strong> física <strong>de</strong> realização<br />

<strong>de</strong>sses <strong>de</strong>slocamentos”, e refere-se, principalmente, à disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vias e meios <strong>de</strong> transporte.<br />

Assim, a acessibilida<strong>de</strong> seria o sustentáculo físico <strong>de</strong> uma dinâmica social e econômica expressa<br />

pelo termo mobilida<strong>de</strong>. Essa <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> acessibilida<strong>de</strong> aproxima-se do conceito <strong>de</strong> acessibilida<strong>de</strong><br />

utilizado na engenharia <strong>de</strong> transportes, on<strong>de</strong> subdivi<strong>de</strong>-se em dois termos: a macroacessibilida<strong>de</strong><br />

refere-se à facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cruzar um território. Numa escala metropolitana, macroacessibilida<strong>de</strong> é<br />

associada às re<strong>de</strong>s viárias <strong>de</strong> transporte motorizado. A microacessibilida<strong>de</strong> refere-se à facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

ace<strong>de</strong>r a um meio <strong>de</strong> transporte ou a um <strong>de</strong>stino final a partir <strong>de</strong>le. A microacessibilida<strong>de</strong> é,<br />

portanto, um componente da macroacessibilida<strong>de</strong>, sendo que esta confun<strong>de</strong>-se com o próprio<br />

conceito <strong>de</strong> acessibilida<strong>de</strong>.<br />

Já para Moseley (apud Vasconcelos, 2001:40), acessibilida<strong>de</strong> é a mobilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>stinada à satisfação<br />

<strong>de</strong> necessida<strong>de</strong>s. Neste caso, acessibilida<strong>de</strong> não é apenas compreendida <strong>como</strong> facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cruzar o<br />

espaço, mas a facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> chegar aos <strong>de</strong>stinos. Em que pese seja mais completa que a noção<br />

tradicional <strong>de</strong> mobilida<strong>de</strong>, esta visão ainda não dá conta da compreensão <strong>de</strong> um processo mais<br />

amplo <strong>de</strong> organização metropolitana.<br />

O conceito <strong>de</strong> mobilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que se apropriarão os próximos capítulos refletem, principalmente, o<br />

sentido expresso pela bibliografia estrangeira referenciada, e o conceito <strong>de</strong> acessibilida<strong>de</strong> conforme<br />

sintetizado acima a partir da visão <strong>de</strong> Moseley. Portanto, mobilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>verá ser entendido neste<br />

texto <strong>como</strong> uma extensão do conceito <strong>de</strong> fluxos, enquanto capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> circulação qualificada num<br />

contexto metropolitano. Ou seja, <strong>de</strong>ntro do recorte do transporte <strong>de</strong> passageiros, mobilida<strong>de</strong> referese<br />

à capacida<strong>de</strong>, oportunida<strong>de</strong> e objetivo <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamento para ou entre centralida<strong>de</strong>s econômicas, o<br />

que inclui a noção <strong>de</strong> acessibilida<strong>de</strong>.<br />

À noção <strong>de</strong> mobilida<strong>de</strong> aqui empregada não se aplicam unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> medida, uma vez que a análise<br />

se dá em nível abstrato e consi<strong>de</strong>ra conjuntos variáveis <strong>de</strong> dados, cuja pertinência oscila <strong>de</strong> acordo<br />

com o objetivo <strong>de</strong> cada análise <strong>de</strong>sejada. Portanto, problematizar acerca da contribuição quantitativa<br />

da acessibilida<strong>de</strong> para uma maior mobilida<strong>de</strong> parece ser um raciocínio <strong>de</strong> muitas respostas. Da<br />

mesma forma, relacionar aumento da quantida<strong>de</strong>, extensão e capilarida<strong>de</strong> dos modos <strong>de</strong> transporte<br />

na metrópole a um aumento da mobilida<strong>de</strong>, apesar <strong>de</strong> sugerir implicação direta, não será uma<br />

equação convincente se não consi<strong>de</strong>rar questões sociais, geográficas, econômicas, políticas etc. Isso<br />

posto, sugere-se <strong>como</strong> possibilida<strong>de</strong> metodológica enfocar a análise num recorte menos abstrato,<br />

que é a estação modal <strong>como</strong> ambiente <strong>de</strong> mobilida<strong>de</strong>, <strong>como</strong> veremos a seguir.<br />

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