Emprego da Lâmina de Imunofluorescência na ... - NewsLab
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Infecções causa<strong>da</strong>s por<br />
P. aeruginosa<br />
As doenças causa<strong>da</strong>s por este<br />
microrganismo compreen<strong>de</strong>m <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />
infecções superficiais <strong>da</strong> pele até sepse<br />
fulmi<strong>na</strong>nte (Palleroni, 1998). As adquiri<strong>da</strong>s<br />
<strong>na</strong> comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> estão associa<strong>da</strong>s<br />
ao contato com água ou soluções contami<strong>na</strong><strong>da</strong>s<br />
(Tsakris et al., 2000).<br />
A P. aeruginosa é um importante<br />
patógeno respiratório em pacientes<br />
com fibrose cística, doença genética<br />
que apresenta como manifestação<br />
clínica principal a doença pulmo<strong>na</strong>r<br />
obstrutiva crônica e a insuficiência<br />
pancreática (Barth et al., 1998). A<br />
água contami<strong>na</strong><strong>da</strong> presente em equipamentos<br />
<strong>de</strong> terapia respiratória po<strong>de</strong><br />
atingir facilmente pacientes inter<strong>na</strong>dos,<br />
principalmente aqueles submetidos<br />
a procedimentos invasivos (Lin<strong>de</strong>n<br />
et al., 2003, Livermore, 2001).<br />
As infecções <strong>da</strong> corrente sanguínea<br />
também po<strong>de</strong>m ser ocasio<strong>na</strong><strong>da</strong>s por<br />
este agente, principalmente em indivíduos<br />
com doenças hematológicas e<br />
queimados. É causa <strong>de</strong> encocardites,<br />
pneumonias, problemas urológicos e<br />
em neo<strong>na</strong>tos (Sa<strong>de</strong>r et al., 2004).<br />
Uma característica marcante <strong>da</strong>s<br />
infecções por P. aeruginosa adquiri<strong>da</strong>s<br />
em UTIs é a multirresistência (Sa<strong>de</strong>r<br />
et al., 2004). Os percentuais <strong>de</strong> resistência<br />
são mais elevados <strong>na</strong>s amostras<br />
isola<strong>da</strong>s nestas uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> tratamento<br />
refletindo maior intensi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> uso<br />
<strong>de</strong> antimicrobianos nestes ambientes,<br />
e, possivelmente transmissão <strong>de</strong> cepas<br />
multirresistentes entre os pacientes<br />
(Marra et al., 2006).<br />
Mecanismos <strong>de</strong> resistência aos antimicrobianos<br />
em P. aeruginosa<br />
O uso excessivo e indiscrimi<strong>na</strong>do <strong>de</strong><br />
antibioticoterapia é um dos principais<br />
fatores para a emergência <strong>de</strong> resistência.<br />
Em estudo que avaliou a prescrição<br />
<strong>de</strong> antimicrobianos a pacientes com<br />
menos <strong>de</strong> 18 anos com infecção respiratória<br />
agu<strong>da</strong>, verificou-se que esses<br />
medicamentos foram usados em 44%<br />
dos pacientes com diagnóstico <strong>de</strong> resfriado,<br />
46% dos pacientes com infecção<br />
<strong>de</strong> vias aéreas superiores (IVAS) e em<br />
75% dos pacientes com bronquite (Low<br />
et al., 1998).<br />
Pseudomo<strong>na</strong>s aeruginosa po<strong>de</strong><br />
ter resistência, <strong>na</strong>tural ou adquiri<strong>da</strong>,<br />
frente à gran<strong>de</strong> varie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
antimicrobianos utilizados <strong>na</strong> prática<br />
médica. As opções terapêuticas<br />
tor<strong>na</strong>m-se restritas e, ain<strong>da</strong>, é indicado<br />
o uso <strong>de</strong> associação entre um<br />
β-lactâmico e outro antimicrobiano,<br />
comumente um aminoglicosí<strong>de</strong>o ou<br />
quinolo<strong>na</strong>, sendo os β-lactâmicos a<br />
base <strong>da</strong> associação escolhi<strong>da</strong> (Nordmann,<br />
2003).<br />
A resistência a β-lactâmicos po<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>correr <strong>da</strong> ação <strong>de</strong> mecanismos<br />
enzimáticos, como a produção <strong>de</strong><br />
β-lactamases, por meio <strong>de</strong> alterações<br />
<strong>na</strong> permeabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> membra<strong>na</strong><br />
relacio<strong>na</strong><strong>da</strong>s às pori<strong>na</strong>s e<br />
por presença <strong>de</strong> bombas <strong>de</strong> efluxo<br />
que expulsam os antimicrobianos<br />
para fora <strong>da</strong> célula (Nordmann,<br />
2003). Entre todos os mecanismos<br />
<strong>de</strong> resistência aos β-lactâmicos que<br />
po<strong>de</strong>m estar presentes em Pseudomo<strong>na</strong>s,<br />
a investigação <strong>da</strong> produção<br />
<strong>de</strong> β-lactamases tem sido o mais<br />
estu<strong>da</strong>do nos últimos anos.<br />
Os carbapenêmicos e a produção<br />
<strong>de</strong> β-lactamases<br />
Entre os vários β-lactâmicos, os<br />
carbapenens, principalmente o imipenem<br />
e o meropenem, apresentam<br />
largo espectro <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> bacterici<strong>da</strong><br />
(Livermore, 2001; Jacoby, 2006;<br />
Yan et al., 2001). Estes antimicrobianos<br />
atravessam rapi<strong>da</strong>mente a<br />
membra<strong>na</strong> exter<strong>na</strong> bacteria<strong>na</strong> por<br />
apresentarem alta afini<strong>da</strong><strong>de</strong> por<br />
proteí<strong>na</strong>s <strong>de</strong> ligação <strong>de</strong> penicili<strong>na</strong><br />
(PBPs) em bactérias Gram-negativas<br />
(Cor<strong>na</strong>glia et al., 1999).<br />
Apesar <strong>de</strong>stas características, o<br />
número <strong>de</strong> isolados clínicos resistentes<br />
aos carbapenens, em Enterobacteriaceae<br />
ou Pseudomo<strong>na</strong>ceae,<br />
vem crescendo (Marumo et al.,<br />
1995). A resistência a esses agentes<br />
geralmente envolve processos que<br />
interferem <strong>na</strong> atuação <strong>da</strong>s proteí<strong>na</strong>s<br />
<strong>da</strong> pare<strong>de</strong> bacteria<strong>na</strong> (Koneman et<br />
al., 2001).<br />
Altos níveis <strong>de</strong> resistência aos<br />
carbapenens eram incomuns em P.<br />
aeruginosa, mas ultimamente são observados<br />
<strong>de</strong>vido ao surgimento <strong>de</strong> um<br />
grupo particular <strong>de</strong> β-lactamases com<br />
capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> hidrolisar estes antimicrobianos.<br />
Essas enzimas pertencem<br />
à classe B <strong>de</strong> Ambler e representam<br />
um único grupo entre as β-lactamases<br />
com íons zinco em seu sítio ativo, conheci<strong>da</strong>s<br />
como metalo-β-lactamases<br />
(Bush, 1998).<br />
Classificação <strong>de</strong> β-lactamases<br />
Atualmente, utilizam-se duas<br />
classificações diferentes para as<br />
β-lactamases: a <strong>de</strong> Bush e a <strong>de</strong><br />
Ambler. A primeira inclui todos os<br />
grupos bacterianos correlacio<strong>na</strong>ndo<br />
os substratos e proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> inibição,<br />
integrando as características<br />
funcio<strong>na</strong>is e moleculares, enquanto<br />
que a <strong>de</strong> Ambler é basea<strong>da</strong> somente<br />
<strong>na</strong> seqüência genética sendo, portanto,<br />
uma classificação molecular.<br />
Entretanto, <strong>de</strong> um modo geral, a<br />
nomenclatura <strong>de</strong> tais enzimas se<br />
baseia em vários fatores, como<br />
substrato utilizado por ela, proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
bioquímicas, peculiari<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
genéticas, local <strong>de</strong> sua <strong>de</strong>scoberta,<br />
espécies <strong>de</strong> bactérias, paciente <strong>de</strong><br />
on<strong>de</strong> se originou o isolado, o nome<br />
do pesquisador envolvido <strong>na</strong> <strong>de</strong>scoberta<br />
<strong>da</strong> enzima, entre outros<br />
(Jacoby, 2006).<br />
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<strong>NewsLab</strong> - edição 91 - 2008