Sumário - Núcleo de Estudos da Antiguidade - UERJ
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molhando suas penas ao se referir à mitologia ou à raça gótica? Não é<br />
conveniente tomar emprestado algo quando não é necessário; e por outro<br />
lado, as produções do sul não se <strong>de</strong>senvolvem bem em nosso solo gótico e<br />
em nosso clima. Iggdrasil (*) se <strong>de</strong>senvolve melhor aqui, e é uma árvore o<br />
bastante gran<strong>de</strong> e o bastante carrega<strong>da</strong> <strong>de</strong> frutos como para impor à raça<br />
gótica nos séculos futuros o entusiasmo e a inspiração, e para proporcionar a<br />
to<strong>da</strong> uma raça <strong>de</strong> futuros trovadores, poetas e artistas, um precioso e<br />
vivificante elixir. Nossa próxima geração o compreen<strong>de</strong>rá.” (4)<br />
Apesar <strong>de</strong> lacunas significativas, juntamente com influências <strong>de</strong> outros<br />
povos que entraram em contato com os germanos, po<strong>de</strong>-se perceber uma uni<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
fun<strong>da</strong>mental em sua religião, como por exemplo, a tríplice função religiosa dos<br />
<strong>de</strong>uses, uma herança indo-européia. Essa estrutura surgiu <strong>da</strong>s pesquisas <strong>de</strong><br />
Georges Dumézil, que dividiu os <strong>de</strong>uses em três categorias ou funções. Os<br />
<strong>de</strong>uses sacerdotes ou <strong>de</strong> primeira função estariam associados à soberania. São<br />
divin<strong>da</strong><strong>de</strong>s que governam, que são lí<strong>de</strong>res <strong>de</strong> seus respectivos panteões. Os<br />
<strong>de</strong>uses guerreiros ou <strong>de</strong> segun<strong>da</strong> função dizem respeito à guerra. Quanto aos<br />
<strong>de</strong>uses camponeses ou <strong>de</strong> terceira função, estes são associados com a fertili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
e a sexuali<strong>da</strong><strong>de</strong>. O quadro abaixo relaciona tría<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>uses <strong>de</strong> algumas <strong>da</strong>s<br />
mais significativas mitologias indo-européias:<br />
Essa trifuncionali<strong>da</strong><strong>de</strong> acontecia nas socie<strong>da</strong><strong>de</strong>s germânicas <strong>da</strong> seguinte<br />
maneira: os Jarl ou nobres; os Karl, que eram camponeses livres e sol<strong>da</strong>dos; e os<br />
Thraell, os servos. Os indivíduos <strong>da</strong>s duas últimas funções eram subordinados aos<br />
Jarl, ou melhor, a um Jarl em especial, o rei.(5)<br />
Sobre uma uni<strong>da</strong><strong>de</strong> fun<strong>da</strong>mental na religião germânica cita<strong>da</strong> acima, Elia<strong>de</strong><br />
coloca que em função dos nomes dos dias <strong>da</strong> semana, fica evi<strong>de</strong>nte o culto dos<br />
mesmos <strong>de</strong>uses por várias tribos.<br />
“Quando, no século IV, os germanos adotaram a semana <strong>de</strong> sete dias,<br />
substituíram os nomes <strong>da</strong>s divin<strong>da</strong><strong>de</strong>s romanas por aqueles dos seus próprios<br />
<strong>de</strong>uses. Assim, por exemplo, mercredi (dies Mercurii, quarta-feira) foi<br />
substituído pelo ‘dia <strong>de</strong> Odhin-Wo<strong>da</strong>n’: velho alto-alemão Wuotanestac, inglês<br />
Wednes<strong>da</strong>y, neerlandês woens<strong>da</strong>g, velho-escandinavo Odhins<strong>da</strong>gr. O que<br />
prova que Mercúrio foi i<strong>de</strong>ntificado com um <strong>de</strong>us conhecido, em todo mundo<br />
germânico, por um único e mesmo nome: Odhin-Wo<strong>da</strong>n.” (6)<br />
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