Sumário - Núcleo de Estudos da Antiguidade - UERJ
Sumário - Núcleo de Estudos da Antiguidade - UERJ
Sumário - Núcleo de Estudos da Antiguidade - UERJ
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
“RAGNAROK” – O CREPÚSCULO DOS DEUSES<br />
Prof. Ms. Alan Ney <strong>de</strong> Moraes Dias<br />
Quando falamos <strong>da</strong> religião germânica é importante ressaltar e advertir que<br />
ela era constituí<strong>da</strong> <strong>de</strong> atos - rituais, festivais, sacrifícios e len<strong>da</strong>s - sobre os feitos<br />
<strong>de</strong> suas divin<strong>da</strong><strong>de</strong>s e não <strong>de</strong> dogmas abstratos como na religião cristã. A ausência<br />
<strong>de</strong> doutrinas religiosas não impedia que os germanos possuíssem a convicção <strong>de</strong><br />
que suas divin<strong>da</strong><strong>de</strong>s e o <strong>de</strong>stino pu<strong>de</strong>ssem interferir em suas vi<strong>da</strong>s.<br />
A transmissão <strong>de</strong> conhecimento religioso entre os germanos sempre esteve<br />
presente na concepção <strong>de</strong> sua linguagem poética. A memória conferia ao poeta<br />
germânico, o escaldo, uma gran<strong>de</strong> importância <strong>de</strong>vido ao seu papel <strong>de</strong><br />
conservador <strong>da</strong> memória. As poesias, que faziam parte <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> espiritual <strong>de</strong>ssas<br />
comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s, eram difundi<strong>da</strong>s através <strong>de</strong> reuniões que tinham caráter festivo e<br />
religioso e possuíam a função <strong>de</strong> preservar o passado às gerações futuras. O<br />
po<strong>de</strong>r <strong>da</strong> palavra proporcionava o nascimento <strong>de</strong> seus mundos, <strong>de</strong> seus <strong>de</strong>uses e<br />
os guiavam em suas vi<strong>da</strong>s. Nas comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s germânicas, a política e a<br />
administração estavam estritamente liga<strong>da</strong>s às práticas religiosas e aos seus<br />
<strong>de</strong>uses. A função dos escaldos era, portanto, glorificar e honrar seus <strong>de</strong>uses,<br />
seus reis, seus guerreiros e os atos que marcavam as suas existências para que<br />
não caíssem no esquecimento.<br />
Diferentemente <strong>de</strong> outras mitologias, os <strong>de</strong>uses germânicos não possuíam<br />
o dom <strong>da</strong> imortali<strong>da</strong><strong>de</strong>. O po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>sses <strong>de</strong>uses, assim como o prestígio, eram<br />
limitados e aumentavam ou diminuíam conforme as épocas e as tribos. Esse<br />
po<strong>de</strong>r limitado estava vinculado às contingências do <strong>de</strong>stino.<br />
Os gran<strong>de</strong>s inimigos dos <strong>de</strong>uses germânicos eram os gigantes e os<br />
<strong>de</strong>mônios.<br />
Os germanos acreditavam que o mundo era habitado por seres <strong>de</strong> natureza<br />
sobre-humana e também maligna: <strong>de</strong>mônios e espíritos. Estes po<strong>de</strong>riam separarse<br />
dos corpos ain<strong>da</strong> com vi<strong>da</strong> e levar uma vi<strong>da</strong> totalmente in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte – fylgja.<br />
Daí surgiu a crença, difundi<strong>da</strong> para outros povos, que os humanos po<strong>de</strong>m<br />
metamorfosear-se em animais. Estes espíritos, que em um primeiro momento<br />
eram tidos como protetores, passaram, posteriormente, a atormentar a vi<strong>da</strong> dos<br />
homens.<br />
Os gigantes representavam a personificação <strong>de</strong> fenômenos naturais como:<br />
tempesta<strong>de</strong>s, neva<strong>da</strong>s, erupções vulcânicas, maremotos, terremotos, entre outros.<br />
Eram também conhecidos como trolls. Alguns gigantes eram consi<strong>de</strong>rados <strong>de</strong>uses.<br />
Eles viviam nas montanhas, no subsolo e nos mares <strong>de</strong> on<strong>de</strong> saíam para<br />
combater os <strong>de</strong>uses germânicos.<br />
O panteão germânico habitava em Asgard, - mora<strong>da</strong> dos Ases ou <strong>de</strong>uses –<br />
enquanto os homens viviam em Midgard. Os <strong>de</strong>uses dividiam-se em Ases (os<br />
gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>uses) e Vanes (<strong>de</strong>uses <strong>da</strong> fecundi<strong>da</strong><strong>de</strong>, pacíficos e benéficos).<br />
Primordialmente, os Ases e os Vanes eram inimigos e viviam travando batalhas.<br />
61