Sumário - Núcleo de Estudos da Antiguidade - UERJ
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As fontes mais antigas sobre os germanos são A guerra <strong>da</strong>s Gálias, <strong>de</strong> Júlio<br />
César, e Germania, <strong>de</strong> Tácito. Nestas duas obras muito pouco se fala sobre a<br />
religião germânica. Na primeira, César diz que:<br />
“Os costumes dos Germanos são muito diferentes. Com efeito não têm<br />
drui<strong>da</strong>s que presi<strong>da</strong>m ao culto dos <strong>de</strong>uses nem qualquer gosto pelos<br />
sacrifícios. Não põem na lista dos <strong>de</strong>uses senão aqueles que vêem e dos<br />
quais sentem manifestamente os benefícios, o Sol, Vulcano, a Lua; nem<br />
sequer ouviram falar dos outros.” (7)<br />
Dumézil, em Les dieux <strong>de</strong>s germains, diz o seguinte sobre isso:<br />
“Se o termo ‘Sol’ é bem ina<strong>de</strong>quado para <strong>de</strong>signar um <strong>de</strong>us soberano do tipo<br />
<strong>de</strong> Odin, em compensação Vulcano, <strong>de</strong>us do martelo, po<strong>de</strong> ser uma tradução,<br />
imprópria certamente <strong>de</strong> forma funcional, mas sensivelmente explicável, do<br />
correspon<strong>de</strong>nte continental <strong>de</strong> Thor.” (8)<br />
Dumézil compara o <strong>de</strong>us latino Vulcano a Thor, pois o primeiro, assimilado<br />
ao <strong>de</strong>us grego Hefesto, está <strong>de</strong> alguma forma associado aos raios, já que os<br />
fabricava para Zeus.<br />
Mais tar<strong>de</strong>, Tácito, em sua Germania comentaria a religião dos germanos:<br />
“Entre eles existira a memória <strong>de</strong> Hércules, celebrado, como o primeiro dos<br />
heróis, ao marcharem para as pugnas. [...] Dos <strong>de</strong>uses o que mais veneram é<br />
Mercúrio, que em certos dias acham lícito imolar-lhe vítimas humanas.<br />
Hércules e Marte aplacam com animais permitidos. (9)<br />
Dumézil diz a esse respeito que: “o <strong>de</strong>us mais honrado, que se chama<br />
Mercúrio, é seguramente equivalente a Odin; <strong>de</strong>pois vem Hércules e Marte, ou<br />
seja, dois <strong>de</strong>uses guerreiros que são seguramente o Thor e o Týr escandinavos.”<br />
(10)<br />
Dentre esses três (Odin, Thor e Týr), os dois primeiros são os <strong>de</strong>uses Ases<br />
(11) mais notáveis. Odin é o <strong>de</strong>us mágico, o mestre <strong>da</strong>s runas (12), lí<strong>de</strong>r do<br />
panteão e patrono dos heróis vivos e mortos. Tácito o relacionou a Mercúrio, pois<br />
tal como esse <strong>de</strong>us, Odin está ligado à comunicação, já que é o inventor mítico<br />
<strong>da</strong>s runas, a escrita nórdica. Por outro lado, é também um <strong>de</strong>us dito psicopompo<br />
(Mercúrio conduz as almas dos mortos no Ha<strong>de</strong>s para serem julga<strong>da</strong>s), pois está<br />
diretamente ligado à escolha dos heróis que tombam no campo <strong>de</strong> batalha para<br />
engor<strong>da</strong>r seu exército no Valhalla. De acordo com o mito, meta<strong>de</strong> dos heróis<br />
mortos nos combates vai para o seu palácio, a outra meta<strong>de</strong> vai para o <strong>de</strong> Freya,<br />
<strong>de</strong>usa do amor e lí<strong>de</strong>r <strong>da</strong>s Valkírias.<br />
Quanto a Thor, este “é o <strong>de</strong>us do martelo, o inimigo dos gigantes, cujo furor o<br />
faz, às vezes, parecer com eles. Seu nome o <strong>de</strong>signa como o ‘<strong>de</strong>us que troa’, e se<br />
ele aju<strong>da</strong> o camponês em seu trabalho <strong>da</strong> terra é, mesmo segundo o folclore<br />
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