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Sumário - Núcleo de Estudos da Antiguidade - UERJ

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todos os casos - <strong>de</strong> confrontá-las com <strong>da</strong>dos in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes; basear-se-á,<br />

portanto, na intertextuali<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Como já foi dito, nosso corpus central <strong>de</strong> fontes será o conjunto conhecido<br />

como Ed<strong>da</strong> poética, <strong>da</strong>tável em sua parte principal, como a temos, <strong>de</strong><br />

aproxima<strong>da</strong>mente 1270 (Co<strong>de</strong>x regius n o 2365 <strong>da</strong> Biblioteca Real <strong>da</strong> Dinamarca),<br />

resultante <strong>da</strong> cópia <strong>de</strong> manuscrito não muito anterior; apresenta, porém, marcas<br />

evi<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> vários estratos <strong>de</strong> formas mais antigas <strong>da</strong>s tradições veicula<strong>da</strong>s.<br />

Como to<strong>da</strong>s as fontes escritas que nos transmitem a velha mitologia escandinava,<br />

os poemas <strong>da</strong> Ed<strong>da</strong> em nenhum caso po<strong>de</strong>m ser anteriores - nas formas<br />

disponíveis ou aparenta<strong>da</strong>s a elas -, por razões lingüísticas, a aproxima<strong>da</strong>mente<br />

700 ou mesmo 800, por estarem redigidos na mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> oci<strong>de</strong>ntal do idioma<br />

escandinavo. Uma experiência foi tenta<strong>da</strong>: substituir, nos textos poéticos <strong>da</strong> Ed<strong>da</strong>,<br />

a forma oci<strong>de</strong>ntal posterior, em que estão escritos, pelo nórdico mais antigo;<br />

verificou-se que, ao fazê-lo, <strong>de</strong>struía-se a estrutura métrica <strong>da</strong>s estrofes<br />

(HOLLANDER, 1994: XVIII). Para o tema que <strong>de</strong>senvolvemos, os poemas mais<br />

importantes são os quatro primeiros <strong>de</strong>ntre os incluídos no Co<strong>de</strong>x regius (Völuspá,<br />

Hávamál, Vafthrúthnismál e Grímnismál). O texto <strong>de</strong>nominado por Snorri Völuspá<br />

(“Profecia <strong>da</strong> vi<strong>de</strong>nte”) - para nosso objetivo neste artigo, o mais relevante <strong>de</strong><br />

todos - parece emanar <strong>de</strong> um autor pagão que viveu no “final <strong>da</strong> Era Víking”<br />

(HOLLANDER, 1994: 1) - portanto, no período em que o cristianismo ia sendo<br />

oficialmente adotado em diversas regiões do mundo escandinavo, com a<br />

significativa exceção, por bastante tempo, do que é hoje a Suécia. É assunto <strong>de</strong><br />

controvérsia estabelecer se a Völuspá manifesta influências cristãs e clássicas, e<br />

em que medi<strong>da</strong> isto acontece; veremos que agora se acredita ter-se exagerado<br />

muito, no passado, o influxo cristão e se consi<strong>de</strong>ra ser sua incidência<br />

acompanha<strong>da</strong> <strong>de</strong> uma reinterpretação nórdica dos elementos importados. O<br />

poema toma a forma <strong>de</strong> uma exposição extremamente con<strong>de</strong>nsa<strong>da</strong> <strong>da</strong>s origens,<br />

<strong>de</strong>senvolvimento, extinção e regeneração do universo atual, tal como aparecia<br />

configurado na cosmogonia e cosmografia escandinavas, po<strong>de</strong>rosa em sua<br />

lacônica economia <strong>de</strong> meios, atribuí<strong>da</strong> a uma vi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> linhagem dos gigantes<br />

que vivia <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início <strong>da</strong>s coisas e foi convoca<strong>da</strong> por Óthinn para comunicar aos<br />

<strong>de</strong>uses e aos homens os seus conhecimentos do passado e do futuro. O Hávamál,<br />

texto teoricamente enunciado por Óthinn, mescla características míticas (em<br />

especial em seu episódio final, correspon<strong>de</strong>nte às estrofes 138 a 165) e gnômicas.<br />

O Vafthrúthnismál, claramente didático, toma a forma <strong>de</strong> um diálogo entre Óthinn<br />

e o sábio gigante Vafthrúthnir, tendo sido fonte <strong>da</strong>s mais importantes para a Ed<strong>da</strong><br />

em prosa <strong>de</strong> Snorri Sturluson. Por fim, no Grímnismál é Óthinn quem toma a<br />

palavra, sob o nome <strong>de</strong> Grímnir (mascarado, embuçado), pronunciando um<br />

discurso didático, mitológico, em especial cosmográfico, dirigido ao menino Agnar,<br />

filho do rei Geirroethr (HARRIS, 1985; NORDAL, 1970-1971). (2) Apesar <strong>da</strong><br />

centrali<strong>da</strong><strong>de</strong> maior <strong>de</strong>stes quatro poemas édicos, outros serão também utilizados,<br />

como se verá, além <strong>de</strong> alguns poemas escáldicos. Secun<strong>da</strong>riamente, consi<strong>de</strong>rarse-ão<br />

a Gesta Danorum <strong>de</strong> Saxo Grammaticus e algumas <strong>da</strong>s “sagas lendárias”.<br />

A mitologia escandinava pré-cristã <strong>de</strong>senvolveu-se no contexto <strong>da</strong> orali<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

A escrita rúnica não era usa<strong>da</strong> para uma re<strong>da</strong>ção <strong>de</strong>talha<strong>da</strong> <strong>de</strong> mitos. Acredita-se<br />

que a primeira fixação por escrito <strong>da</strong> Völuspá, principal poema cosmológico<br />

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