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Sumário - Núcleo de Estudos da Antiguidade - UERJ

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trágica, sendo com isso dionisíaca, representa<strong>da</strong> pela força <strong>de</strong>strutiva dos<br />

gigantes <strong>de</strong> gelo e <strong>da</strong>s montanhas e, consequentemente, associa<strong>da</strong> ao eterno<br />

retorno, ou seja, nascer, crescer e morrer e novamente nascer, crescer e morrer,<br />

conduzindo os seres humanos numa jorna<strong>da</strong> <strong>de</strong> eterno sofrimento, o Samsara dos<br />

hindus. Diante <strong>de</strong>ssa ver<strong>da</strong><strong>de</strong> nua, o homem só teria à sua frente o horror e o<br />

absurdo do ser, caindo em profun<strong>da</strong> <strong>de</strong>pressão. Vista sob essa ótica, como diz<br />

Roberto Machado em Nietzsche e a ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, “a experiência dionisíaca é uma<br />

‘embriaguez do sofrimento’ que <strong>de</strong>strói o ‘belo sonho’.” (16) Ele complementa<br />

dizendo que a saí<strong>da</strong> para tal conflito é, no entanto, “integrar, e não mais reprimir, o<br />

elemento dionisíaco transformando o próprio sentimento <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgosto causado<br />

pelo horror e pelo absurdo <strong>da</strong> existência em representação capaz <strong>de</strong> tornar a vi<strong>da</strong><br />

possível” (17). Assim como Apolo e Dioniso precisam <strong>de</strong> uma reconciliação, os<br />

<strong>de</strong>uses nórdicos, li<strong>de</strong>rados por Odin e Thor, precisam compreen<strong>de</strong>r a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> se conviver com os <strong>de</strong>strutivos gigantes <strong>de</strong> gelo e <strong>da</strong> montanha, já que eles<br />

fazem parte do plano <strong>de</strong> equilíbrio do universo. É aí que a arte (assim como a<br />

religião e o conhecimento) por outro lado, surge como um milagroso remédio,<br />

capaz <strong>de</strong> nos tornar confiantes diante <strong>de</strong>ste drama wagneriano que é a vi<strong>da</strong>.<br />

Deveríamos, então, como Nietzsche pregou ao longo <strong>de</strong> sua tumultua<strong>da</strong> e<br />

altamente prolífica existência, transformar nossas vi<strong>da</strong>s em ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iras obras <strong>de</strong><br />

arte.<br />

NOTAS:<br />

(1) ELIADE, Mircea. História <strong>da</strong>s crenças e <strong>da</strong>s idéias religiosas — tomo II —<br />

volume I. Tradução <strong>de</strong> Roberto Cortes Lacer<strong>da</strong>. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Jorge Zahar, 1979,<br />

p. 172.<br />

(2) GIORDANI, Mário Curtis. História dos reinos bárbaros — I<strong>da</strong><strong>de</strong> média II.<br />

Petrópolis: Vozes, 1970, p. 23.<br />

(3) I<strong>de</strong>m.<br />

(*) Iggdrasil era um gigantesco freixo que abarcava todo o universo com seus<br />

galhos e raízes, era o sustentáculo do cosmos.<br />

(4) NIEDNER, Heinrich. Mitología nórdica. Traducción <strong>de</strong> Glória Pera<strong>de</strong>jordi.<br />

Barcelona: Edicomunicación, 1997, p. 196-197.<br />

(5) HAUDRY, Jean. Os indo-europeus. Tradução <strong>de</strong> Dina Osman. Porto: Rés<br />

(Colecção Que sais-je?), p. 54.<br />

(6) ELIADE, Mircea. Op. cit. p. 172.<br />

(7) CÉSAR, Júlio. A guerra <strong>da</strong>s Gálias. Tradução <strong>de</strong> Franco <strong>de</strong> Souza. Lisboa:<br />

Editorial Estampa, 1989, p. 141.<br />

(8) DUMÉZIL, Georges. Les dieux <strong>de</strong>s germains: essai sur la formation <strong>de</strong> la<br />

religion scandinave. Paris: Presses Universitaires <strong>de</strong> France, 1959, p. 28.<br />

(9) TÁCITO. Germania. Tradução <strong>de</strong> João Penteado Ehskine Stevenson. São<br />

Paulo: Brasil, p. 29-39.<br />

(10) DUMÉZIL, Georges. Op. Cit. p. 28.<br />

(11) Os Ases são os <strong>de</strong>uses ditos principais do panteão escandinavo. Eles estariam,<br />

<strong>de</strong> acordo com a trifuncionali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Dumézil, associados às duas primeiras<br />

funções: soberania e guerra. Entre eles estão Odhinn, Thôrr, Týr e Heim<strong>da</strong>llr.<br />

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