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Sumário - Núcleo de Estudos da Antiguidade - UERJ

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<strong>de</strong>ssa vez picou a nuca do anão, que num tremendo esforço conteve a dor e a<br />

coceira até a volta <strong>de</strong> seu irmão. Eitri então tirou <strong>da</strong> forja um magnífico anel <strong>de</strong><br />

ouro, capaz <strong>de</strong> gotejar a ca<strong>da</strong> nove dias oito anéis iguais a ele. Mais uma vez o<br />

talentoso gnomo se recurvou sobre a forja para realizar mais um trabalho e mais<br />

uma vez <strong>de</strong>ixou o fole aos cui<strong>da</strong>dos <strong>de</strong> Brokk, saindo em segui<strong>da</strong>. Loki, agora<br />

extremamente preocupado e temeroso por sua cabeça, ain<strong>da</strong> na forma <strong>de</strong> mosca,<br />

picou furiosamente uma <strong>de</strong> suas pálpebras. Dessa vez a dor era intensa e o<br />

sangue corria entrando em seus olhos. Brokk tirou uma <strong>da</strong>s mãos do fole para<br />

afugentar o incômodo inseto e o fogo baixou um pouco. Eitri voltou na mesma<br />

hora e retirou do fogo um magnífico martelo, que em função <strong>da</strong> inabili<strong>da</strong><strong>de</strong> do<br />

irmão, saíra com o cabo um pouco curto. No entanto era um martelo mágico, pois<br />

quando lançado voltava à mão <strong>de</strong> quem o havia atirado logo após ter atingido o<br />

alvo.<br />

De posse dos três novos presentes, Loki e os dois anões rumaram para<br />

Asgard on<strong>de</strong> os <strong>de</strong>uses <strong>de</strong>cidiriam quais eram os melhores: os dos filhos <strong>de</strong> Ívaldi<br />

ou os <strong>de</strong> Eitri. Ao chegarem, Odin, Thor e Freyr convocaram uma assembléia para<br />

o julgamento a qual presidiram. Depois <strong>de</strong> uma rigorosa inspeção, os <strong>de</strong>uses<br />

<strong>de</strong>cidiram pelos presentes <strong>de</strong> Eitri, pois ficaram muito impressionados com o<br />

martelo, já que este po<strong>de</strong>ria ser uma inestimável arma na luta contra os gigantes<br />

<strong>de</strong> gelo e <strong>da</strong> montanha. Loki percebendo que havia perdido a aposta fugiu<br />

rapi<strong>da</strong>mente graças aos seu sapatos mágicos capazes <strong>de</strong> transportá-lo a<br />

distâncias muito gran<strong>de</strong>s em segundos. Brokk então pediu a Thor que fosse pegálo,<br />

pois estava inconformado com a fuga do espertalhão. Ele queria a sua cabeça<br />

<strong>de</strong> qualquer maneira. Afinal, aposta era aposta. Montando no javali mágico, o <strong>de</strong>us<br />

do trovão foi no encalço <strong>de</strong> Loki e conseguiu trazê-lo <strong>de</strong> volta. Este ao se ver<br />

diante do anão, argumentou que havia apostado a cabeça, somente a cabeça, e<br />

que Brokk <strong>de</strong>veria cortá-la, mas sem tirar nenhum pe<strong>da</strong>ço do pescoço. Como não<br />

era possível cortar a cabeça sem tirar nenhum pe<strong>da</strong>ço do pescoço, Brokk acabou<br />

<strong>de</strong>sistindo, mas não sem punir o astuto Loki, costurando-lhe a boca. Foi assim que<br />

os <strong>de</strong>uses receberam presentes mágicos dos gnomos, cujos po<strong>de</strong>res os aju<strong>da</strong>riam<br />

na interminável batalha contra seus inimigos: a Sif coube a peruca <strong>de</strong> ouro; Freyr<br />

ficou com o javali (Gullinbursti) e o barco (Skíðblaðnir) e Odin com o anel<br />

(Draupnir) e a lança (Gungner). Thor, o mais forte e <strong>de</strong>stemido dos <strong>de</strong>uses,<br />

também cultuado como uma divin<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> guerra, tomou posse <strong>de</strong> Mjölnir, o<br />

martelo encantado.<br />

Da mesma forma, os <strong>de</strong>uses gregos Zeus, Posídon e Ha<strong>de</strong>s, receberam<br />

armas mágicas dos Cíclopes (que também eram exímios ferreiros),<br />

respectivamente o raio, o tri<strong>de</strong>nte e o capacete <strong>da</strong> invisibili<strong>da</strong><strong>de</strong>. Tais presentes<br />

foram <strong>de</strong> suma importância na luta contra os gigantescos Titãs, proporcionando<br />

aos três irmãos não só a vitória sobre a violência <strong>da</strong>s intempéries, mas a<br />

imprescindível e crucial organização do cosmo. Na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, tais mitos <strong>de</strong>screvem<br />

a visceral necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> que os seres humanos têm <strong>de</strong> criar mecanismos <strong>de</strong><br />

sobrevivência diante <strong>da</strong> crueza <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>. Nietzsche, com sua teoria do apolíneodionisíaco,<br />

diria que os <strong>de</strong>uses (assim como o saber e a arte) com suas po<strong>de</strong>rosas<br />

armas são apolíneos, belos, plásticos, criados para minimizar o sofrimento,<br />

escon<strong>de</strong>ndo com o véu <strong>de</strong> Maia a reali<strong>da</strong><strong>de</strong>. Esta seria avassaladora, terrível e<br />

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