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REDD no Brasil: um enfoque amazônico - Observatório do REDD

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<strong>REDD</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>:<br />

<strong>um</strong> <strong>enfoque</strong> amazônico<br />

PARTE II<br />

<strong>REDD</strong>: Oportunidade para <strong>um</strong>a <strong>no</strong>va eco<strong>no</strong>mia florestal<br />

Embora <strong>um</strong>a fiscalização ostensiva e <strong>um</strong>a legislação forte sejam pedras fundamentais de qualquer<br />

política que busque extinguir o desmatamento na Amazônia brasileira, elas parecem não ser suficientes<br />

para tanto, pois sempre faltará <strong>um</strong> mecanismo que traga valoração econômica para a<br />

floresta mantida em pé ou que favoreça a intensificação da produção agropecuária, ainda hoje<br />

extensiva. Na Amazônia, ainda se ganha mais derruban<strong>do</strong> a mata <strong>do</strong> que a preservan<strong>do</strong>. Alterar<br />

esta lógica econômica, que se sustenta na continuidade <strong>do</strong> desmatamento, é, portanto, fundamental<br />

se a intenção for o desenvolvimento de <strong>um</strong>a eco<strong>no</strong>mia rural e regional de baixa emissão<br />

de GEE. Para isto, será preciso encontrar <strong>um</strong> mecanismo econômico que premie a decisão de não<br />

desmatar e/ou preservar florestas. Sem isto, as áreas florestadas não terão nenh<strong>um</strong> atrativo econômico<br />

frente a outros usos da terra.<br />

A dinâmica da eco<strong>no</strong>mia global relacionada à agroindústria e mesmo à produção de peque<strong>no</strong>s<br />

agricultores indica que a floresta só ficará em pé quan<strong>do</strong> o custo de sua derrubada ou os ganhos<br />

com sua conservação se tornarem maiores <strong>do</strong> que o ganho potencial com a sua conversão para<br />

outros usos. Sem a quebra desta relação, conservar grandes áreas com florestas tropicais será<br />

<strong>um</strong>a tarefa difícil. Neste senti<strong>do</strong>, o mecanismo econômico mais poderoso para financiar políticas<br />

que visem à conservação de grandes extensões de florestas tropicais talvez esteja calca<strong>do</strong> em<br />

“commodities” não visíveis, mas reais, tais como os serviços ambientais 21 presta<strong>do</strong>s pela floresta<br />

em pé. Nos tempos atuais de aquecimento global, o serviço ambiental mais valioso é aquele que<br />

resulta de ações de redução de emissões GEE por desmatamento e por meio da conservação de<br />

estoques florestais de carbo<strong>no</strong>.<br />

Apesar de haver inúmeras ações de valoração de produtos da floresta e <strong>do</strong> conhecimento tradicional<br />

que beneficiam as populações amazônicas, geran<strong>do</strong> <strong>um</strong>a eco<strong>no</strong>mia local que exige a preservação<br />

da floresta, o seu alcance é limita<strong>do</strong> geograficamente. Para possibilitar a geração de valor econômico<br />

para a floresta em grande escala, deve ser instituí<strong>do</strong> <strong>um</strong> mecanismo econômico robusto e<br />

calca<strong>do</strong> na compensação pela preservação de largas porções de florestas, sejam elas habitadas ou<br />

não por populações h<strong>um</strong>anas e só assim se garantirá significativa contribuição para a mitigação da<br />

21 Serviços ambientais são aqueles presta<strong>do</strong>s pelos ecossistemas, <strong>no</strong> caso aqui, o florestal amazônico, tais como a manutenção <strong>do</strong><br />

regime climático, da qualidade de água e solos, da conservação da biodiversidade, entre vários outros.<br />

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