REDD no Brasil: um enfoque amazônico - Observatório do REDD
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Centro de Gestão e Estu<strong>do</strong>s Estratégicos<br />
Ciência, Tec<strong>no</strong>logia e I<strong>no</strong>vação<br />
Sexto fundamento: os benefícios de <strong>REDD</strong> devem ser reparti<strong>do</strong>s de<br />
forma justa, equitativa e criteriosa.<br />
Talvez <strong>um</strong> <strong>do</strong>s temas mais difíceis de serem aborda<strong>do</strong>s na construção de <strong>um</strong>a estratégia ou regime<br />
nacional de <strong>REDD</strong> seja aquele relaciona<strong>do</strong> à repartição <strong>do</strong>s benefícios (sen<strong>do</strong> estes de origem pública<br />
ou privada ou como crédito de carbo<strong>no</strong> ou não) oriun<strong>do</strong>s da implementação de tal regime. Primeiro,<br />
porque, o montante real de benefícios (financeiros) ainda não está defini<strong>do</strong>. Em Copenhague definiu-<br />
-se que os países desenvolvi<strong>do</strong>s investirão, <strong>no</strong> mínimo, US$ 4 bilhões em <strong>REDD</strong> até 2012 (Tabela 4) e<br />
possivelmente outros US$ 100 bilhões até 2020, consideran<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s os setores relaciona<strong>do</strong>s à mitigação<br />
das mudanças climáticas (UNFCCC, 2009). Até agora, o <strong>Brasil</strong> conseguiu levantar, <strong>no</strong> âmbito <strong>do</strong><br />
Fun<strong>do</strong> Amazônia, algo em tor<strong>no</strong> de US$ 110 milhões em <strong>do</strong>ações <strong>do</strong> Gover<strong>no</strong> da Noruega, com <strong>um</strong>a<br />
promessa de receber cerca de US$ 1 bilhão n<strong>um</strong> perío<strong>do</strong> de dez a<strong>no</strong>s. Segun<strong>do</strong>, embora se tenha <strong>um</strong>a<br />
perspectiva de a<strong>um</strong>ento de recursos para <strong>REDD</strong> <strong>no</strong> mun<strong>do</strong>, pouco se tem fala<strong>do</strong> <strong>no</strong> mo<strong>do</strong> como os<br />
benefícios gera<strong>do</strong>s serão distribuí<strong>do</strong>s e quais setores da sociedade deveriam ser contempla<strong>do</strong>s.<br />
Para que qualquer estratégia para <strong>REDD</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> tenha alg<strong>um</strong>a chance de sucesso, os critérios de repartição<br />
equitativa <strong>do</strong>s benefícios financeiros gera<strong>do</strong>s devem ser discuti<strong>do</strong>s de maneira aberta e participativa.<br />
Ainda, a determinação de quem devem ser os beneficia<strong>do</strong>s por estes recursos precisará<br />
ser feita antes que <strong>um</strong>a estrutura operacional para <strong>um</strong> regime de <strong>REDD</strong> seja instituída. Por exemplo,<br />
será necessário discutir o papel para conservação florestal e redução <strong>do</strong> desmatamento das populações<br />
que vivem das e nas florestas, como povos indígenas e comunidades tradicionais, bem como<br />
o papel das propriedades privadas e de outras categorias fundiárias (áreas protegidas, por exemplo).<br />
Sétimo fundamento: qualquer regime de <strong>REDD</strong> deve respeitar os<br />
direitos <strong>do</strong>s povos da floresta<br />
Um <strong>do</strong>s principais temores referentes ao <strong>REDD</strong> é o de que ao compensar os atores que detém florestas,<br />
o mecanismo possa estimular a especulação e a grilagem de terras na Amazônia, em detrimento<br />
de populações tradicionais e povos indígenas cujos direitos aos seus territórios não tenham<br />
ainda si<strong>do</strong> reconheci<strong>do</strong>s pelo Esta<strong>do</strong>. Em parte, essa preocupação procede principalmente <strong>no</strong>s países<br />
com florestas tropicais onde esses direitos não estejam assegura<strong>do</strong>s. Este, contu<strong>do</strong>, não é exatamente<br />
o caso <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>. Embora ainda existam inúmeras áreas sem homologação ou destinação,<br />
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