MARCELO MORAES E SILVA ENTRE A ILHA DESERTA E O ...
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CAPÍTULO 1 - <strong>ENTRE</strong> A <strong>ILHA</strong> <strong>DESERTA</strong> E O ARQUIPÉLAGO:<br />
ESTABELECENDO AS LINHAS DE NAVEGAÇÃO<br />
1.1 - A ilha deserta:<br />
Já não é a ilha que se separou do continente, é o homem que, estando<br />
sobre a ilha, encontra-se separado do mundo. Já não é a ilha que se cria do<br />
fundo da terra através das águas, é o homem que recria o mundo a partir da<br />
ilha e sobre as águas. Então por sua conta, o homem retoma um e outro<br />
dos movimentos da ilha e o assume sobre uma ilha que, justamente, não<br />
tem esse movimento: pode-se derivar em direção a uma ilha todavia<br />
original, e criar numa ilha tão-somente derivada. Pensando bem, encontrarse-á<br />
aí uma nova razão pela qual toda ilha é e permanecerá teoricamente<br />
deserta. (DELEUZE, 2006, p.18).<br />
As discussões sobre a temática de gênero, a partir da década de 70, ganharam<br />
destaque no meio acadêmico sobre o amparo de diversas áreas do conhecimento.<br />
Tal movimento privilegiou inicialmente os estudos sobre as mulheres, muito pela<br />
influência política dos movimentos feministas que desde a década anterior, já<br />
reivindicavam mais atenção para este grupo social. Mais tarde adentraram neste<br />
campo do conhecimento, os estudos sobre a sexualidade e especialmente o debate<br />
advindo dos movimentos gay e lésbico. Contudo, a discussão sobre as<br />
masculinidades sempre apareceram e aparecem até hoje, salvo algumas exceções,<br />
na periferia e/ou a reboque desse debate, como algo “menor” frente aos grupos<br />
sociais mais afetados pela dita “dominação masculina”, o que deixou um espaço não<br />
preenchido, uma lacuna, uma carência nas produções e pesquisas acadêmicas<br />
sobre a temática em suas especificidades. Eis então, neste momento, a ilha<br />
deserta: o estudo sobre as masculinidades.<br />
Através deste primeiro mapeamento, na tentativa de contribuir para o<br />
arrefecimento da lacuna visualizada nos estudos de gênero, problematizo a respeito<br />
da percepção dos (as) professores (as), de um Sistema Municipal de Ensino, sobre a<br />
produção de masculinidades em suas aulas de Educação Física. Minha problemática<br />
ampara-se numa ampla produção feminista e de estudos de gênero, buscando uma<br />
perspectiva relacional entre homens e mulheres e tendo como aporte teórico o<br />
referencial pós-estruturalista principalmente o pensamento da fase genealógica de<br />
Michel Foucault, agregadas a algumas contribuições de Gilles Deleuze e Felix<br />
Guattari.