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MARCELO MORAES E SILVA ENTRE A ILHA DESERTA E O ...

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linguagem acadêmica formal, sendo um veículo de desagregação dela própria.<br />

Assim, desejo realizar um texto que possa efetuar uma desterritorialização da<br />

linguagem acadêmica maior, que ainda se encontra num território físico e inserido<br />

em certa tradição cultural e que no caso do campo educacional, conforme lembra<br />

Tomaz Tadeu da Silva (1999), ainda está muito amparada nas metanarrativas.<br />

Quero deixar registrado que a opção por realizar uma “escrita menor” não é<br />

uma exigência minha. Trata-se de algo que palpita da própria temática de pesquisa,<br />

pois os estudos sobre as masculinidades, bem como os estudos sobre a educação,<br />

“necessitam” ser explorados e interrogados de outras maneiras.<br />

Um exemplo de uma “escrita menor” pode ser encontrado na obra de Michel<br />

Foucault. Gilles Deleuze (2005), argumenta sobre a subversão realizada por este<br />

pensador sobre a produção filosófica do seu período. Sendo sua obra algo<br />

profundamente novo no campo filosófico, constituindo-se como um desafio a<br />

episteme vigente naquele momento histórico 10 . Curioso pensar que muitos (as)<br />

teóricos (as) afirmavam que Michel Foucault era um “grande farsante”, visto que ele<br />

não se apoiava em nenhum texto “consagrado” da filosofia e mal citava os grandes<br />

pensadores. Ou seja, não se enquadrava no sentido tradicional da epistemologia de<br />

sua época, colocando-se no campo de uma “produção menor” dentro da filosofia do<br />

século XX 11 .<br />

O próprio ato de existência dessa “produção menor” pode ser um importante<br />

ato político revolucionário, um espaço de resistência, um desafio à ordem<br />

estabelecida, ou melhor, dizendo, esta pode tornar-se uma produção, um<br />

pensamento “nômade” no emaranhado de jogos de linguagem envolto em diversas<br />

relações de poder. (DELEUZE; GUATTARI, 1977; DELEUZE, 2005; 2006; GALLO,<br />

2005).<br />

10 De acordo com Alfredo Veiga Neto (2004), Michel Foucault utiliza a palavra episteme para designar<br />

o conjunto de regras que governam a produção discursiva de determinada época, ou seja, trata-se de<br />

um conjunto de condições, de princípios, de enunciados e regras que regem a distribuição e que<br />

funcionam como condições de possibilidades para que algo possa ser pensado em um determinado<br />

período.<br />

11 Não estou afirmando que o pensamento foucaultiano continua “menor” no campo da teoria social.<br />

O que pretendo salientar que sua filosofia, no momento de sua produção, era uma teoria nova e<br />

desafiadora dentro do cenário epistemológico.

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