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MARCELO MORAES E SILVA ENTRE A ILHA DESERTA E O ...

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Acredito que a leitura de um livro, a apreciação de um filme, a admiração de<br />

uma obra de arte se dão com base naquilo que somos até aquele momento. Com as<br />

novas lentes, visualizo aquilo que sempre esteve em mim, no entanto, foi preciso<br />

pensar no corpo do outro, para eu próprio, me perceber e perceber que o meu corpo<br />

vibrava e que a minha masculinidade não era tão minha como eu achava. Eu era<br />

produto de inúmeros discursos e práticas institucionais.<br />

Temáticas relativas ao corpo como preconceito, sexualidade e principalmente<br />

gênero começaram a serem problematizadas gradativamente em minhas reflexões.<br />

Neste momento Michel Foucault, Gilles Deleuze e Félix Guattari fizerem-se, cada<br />

vez com mais freqüência, presentes em meus pensamentos e estudos.<br />

O deslocamento do GTT Escola para o de Epistemologia, dentro do Colégio<br />

Brasileiro de Ciências do Esporte, possibilitou pensar a Educação Física escolar,<br />

para além das discussões intrínsecas da escola. Passei a pensar o corpo e a escola<br />

dentro de uma denominada “crise da modernidade”. Tal combinação permitiu-me<br />

problematizar um tema de pesquisa que palpitava das vibrações do meu corpo e que<br />

deveria ser enfrentado, pois as relações entre as masculinidades com a Educação<br />

Física e com o mundo dos esportes eram centrais na construção da minha<br />

identidade masculina.<br />

Este novo momento social denominado por diversos (as) autores (as) como<br />

“crise da modernidade” surgiu com um vasto colapso em diversas instâncias típicas<br />

do modelo social denominado modernidade, potencializando um depauperamento<br />

nos Estados-Nações, na Família e em inúmeras outras instituições e construções<br />

sociais típicas desse modelo social. Iniciou-se o declínio de tradicionais instituições,<br />

dentre elas a escola. Maria Rita de Assis César (2004a; 2004b), argumenta que a<br />

escola, uma das filhas mais ilustres da “modernidade” e da “sociedade disciplinar”,<br />

entra em crise num processo de crescente esgotamento e esfacelamento.<br />

Ao prosseguir a autora dialoga com o conceito de “sociedade do controle” de<br />

Gilles Deleuze (1992), ao invés do clássico conceito de “sociedade disciplinar” de<br />

Michel Foucault 19 , pois segundo o próprio Foucault o próximo século (o atual) seria<br />

19 O conceito de sociedade disciplinar coincide com o a definição de modernidade, pois para Michel<br />

Foucault, a disciplina é a marca mais característica desse modelo social. A disciplina opera-se por<br />

meio de exercícios disciplinares aplicados no interior de uma arquitetura preparada especialmente<br />

para estes fins, nos moldes do panopticon. Já o termo de Gilles Deleuze seria uma definição de um

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