Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
9<br />
Julho de 1569,<br />
faleceu António<br />
Vaz de<br />
Andrade. Fez<br />
testamento e<br />
jaz enterrado<br />
na igreja.<br />
Comentário<br />
No Assento<br />
4, aparece como<br />
padrinho<br />
do baptizado<br />
um João Roiz de Castelbranco (6) , nome do famoso<br />
poeta albicastrense de “Cancioneiro Geral” de Garcia<br />
de Resende. Contudo, não se trata do próprio mas de<br />
um sobrinho e homónimo...<br />
O nosso Poeta havia falecido pouco antes de 1532,<br />
ficando os seus restos mortais<br />
depositados na capela - mor <strong>da</strong> igreja<br />
de Santa Maria. No Assento 5, figura<br />
efectivamente sua filha, D. Beatriz Vaz<br />
de Castelo Branco, casa<strong>da</strong> com<br />
António Vaz de Andrade cavaleiro-<br />
-fi<strong>da</strong>lgo <strong>da</strong> Casa Real, o qual faleceu<br />
a 16.7.1569 (Assento 6), sendo<br />
sepultado na sua capela do Espírito<br />
Santo, depois extinta (7) ... Quanto a<br />
Beatriz Vaz, refere o Dr. Miguel Achioli<br />
<strong>da</strong> Fonseca que “ está enterra<strong>da</strong> com<br />
seu pai e tios na capela maior de<br />
Santa Maria do Castelo”. Ora, neste<br />
local só encontramos, actualmente,<br />
duas sepulturas com campas<br />
armoria<strong>da</strong>s pertencentes à família de<br />
D. Catarina Vaz Carrasco de Sequeira, mulher do<br />
poeta João Ròdrigues (8) . Daqui, suponho que este foi<br />
depositado numa delas...<br />
Manuel Rodrigues Lapa, ao tratar <strong>da</strong>s composições<br />
do «Cancioneiro Geral» dedica<strong>da</strong>s ao Amor triste, <strong>da</strong><br />
despedi<strong>da</strong>, acentua:- “ A mais formosa composição<br />
sobre o tema é a conheci<strong>da</strong> Cantiga sua, partindo-se<br />
de João Roiz de Castelo Branco. O que impressiona<br />
nesta poesia, ademais do seu ritmo singular, é a ideia<br />
formosamente expressa do que o amor, naquela hora<br />
derradeira, todo conflui para os olhos que se cravam<br />
apaixona<strong>da</strong>mente tristes no objecto amado”. (9)<br />
Em louvor do nosso Poeta, aqui evocamos a sua<br />
celebra<strong>da</strong> composição. (10)<br />
Senhora, partem tão tristes<br />
Meus olhos por vós, meu bem,<br />
Que nunca tão tristes vistes<br />
Outros nenhuns por ninguém.<br />
Tão tristes, tão saudosos,<br />
Tão doentes <strong>da</strong> parti<strong>da</strong>,<br />
Tão cansados, tão chorosos,<br />
Da morte mais desejosos<br />
Cem mil vezes que <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>.<br />
Partem tão tristes os tristes,<br />
Tão fora d’esperar bem,<br />
Que nunca tão tristes vistes<br />
Outros nenhuns por ninguém.<br />
III - O mais antigo Monumento seculcral na igreja<br />
de Santa Maria de Castelo<br />
Assento 7 (Ibid.,fl. 189v) - Aos 9 dias do mês de<br />
Julho de 1564, faleceu Maria de Siqueira. Fez testamento<br />
e jaz enterra<strong>da</strong> no moimento dentro <strong>da</strong> igreja.<br />
Assento 8 (Ibid., fl.400v) - Aos 25 dias de Abril de<br />
1597, faleceu Baltazar de Siqueira e jaz sepultado no<br />
moimento levantado que está dentro desta igreja de<br />
Santa Maria. Fez testamento e sua mulher, Beatriz<br />
Pais, é testamenteira.<br />
Assento 9 (S1- 2M, fl.238) - Frei<br />
António Estaço, capitão de cavalos e<br />
cavaleiro <strong>da</strong> nossa Ordem, faleceu em<br />
o mesmo dia que sua mãe (a<br />
17.11.1663) e está enterrado em o<br />
túmulo dos leões.<br />
Comentário<br />
O mais antigo monumento sepulcral,<br />
de que há notícia na igreja de Santa<br />
Maria do Castelo, aparece designado<br />
nestes registos por “ o moimento” ou<br />
“moimento levantado” e, ain<strong>da</strong>, pelo<br />
“túmulo dos leões”, visto assentar<br />
sobre 3 de pedra.<br />
Consistia num caixão de pedra, com<br />
15 palmos de comprimento por 6 de<br />
alto, suportado pelos 3 leões e situava-<br />
-se no meio do corpo <strong>da</strong> igreja, à parte direita, junto<br />
ao púlpito e abaixo <strong>da</strong> porta travessa.<br />
Pertencia à família do ilustre albicastrense D.<br />
Fernando Rodrigues de Sequeira (1338-1433),<br />
cavaleiro de Aljubarrota, Mestre <strong>da</strong> Ordem de Avis,<br />
Regente e Defensor do Reino enquanto D. João I<br />
esteve fora dele à conquista de Ceuta (1415). Ali se<br />
haviam depositado os restos mortais de sua mãe D.<br />
Maria Afonso e <strong>da</strong> avó desta, chama<strong>da</strong> D. Estevaínha;<br />
e, durante vários séculos, seria a última jazi<strong>da</strong> dos<br />
descendentes do Mestre por via de sua filha D. Brites<br />
Fernandes<br />
de Sequeira,<br />
entre os<br />
quais D. Maria<br />
e Baltazar<br />
de Siqueira,<br />
referidos<br />
nos<br />
Assentos 7<br />
e 8.<br />
A partir de<br />
finais do sé-