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Aqui - História da Medicina

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14<br />

praticou em Castelo Branco por falecimento <strong>da</strong> rainha<br />

D. Maria I, verificado a 20.3.1816 no Palácio <strong>da</strong><br />

Boavista do Rio de Janeiro.<br />

«No dia 18 de Julho de 1816, <strong>da</strong>ta em que recebeu<br />

a participação com a infausta notícia <strong>da</strong> morte <strong>da</strong><br />

Rainha Nossa Senhora D. Maria I de saudosa<br />

memória, logo o Senado <strong>da</strong> Câmara de Castelo Branco<br />

determinou por Acordão do mesmo dia o seguinte:<br />

- Se publicasse imediatamente nesta ci<strong>da</strong>de e<br />

lugares do termo que todos os seus moradores<br />

tomassem luto por tempo de um ano, sendo rigoroso<br />

durante os primeiros seis meses e depois aliviado,<br />

em conformi<strong>da</strong>de com as ordens de Sua Magestade,<br />

El-Rei Nosso Senhor;<br />

- Fossem avisa<strong>da</strong>s to<strong>da</strong>s as pessoas <strong>da</strong><br />

Governança, Nobreza e Justiças desta ci<strong>da</strong>de e juizes<br />

e procuradores dos lugares do seu termo, para nos<br />

dias 25 e 26 <strong>da</strong>quele mês aparecerem vesti<strong>da</strong>s de<br />

luto, usando capas compri<strong>da</strong>s e chapéus desabados<br />

com fumo caído, a fim de assistirem às cerimónias<br />

civil e religiosa, que se haviam de praticar por tão<br />

doloroso acontecimento.<br />

Na forma sobredita e pelas seis horas <strong>da</strong> tarde do<br />

dia 25 de Julho, juntaram-se todos diante <strong>da</strong> casa de<br />

residência do Dr. José Mourão, juiz de fora desta<br />

ci<strong>da</strong>de, por não estarem capazes os Paços do<br />

Concelho e partiram <strong>da</strong>li em procissão.<br />

Primeiramente, saiu o 2° vereador João <strong>da</strong> Fonseca<br />

Coutinho e Castro de Refóios, montado num cavalo<br />

coberto de baeta preta e levando ao ombro o<br />

estan<strong>da</strong>rte <strong>da</strong> Câmara, de luto e a arrastar pelo chão;<br />

a seus lados e a pé, iam o alcaide <strong>da</strong> Câmara e o<br />

meirinho do Geral, também de luto e com capas<br />

compri<strong>da</strong>s; e logo atrás o porteiro, igualmente vestido<br />

e levando nas mãos a vara branca do juiz de fora e as<br />

pretas dos dois vereadores.<br />

Ao cavaleiro seguiam-se duas bem ordena<strong>da</strong>s alas,<br />

forma<strong>da</strong>s pelos juízes e procuradores do termo, oficiais<br />

<strong>da</strong> justiça (dos Juizos do Geral, Provedoria e<br />

Correição), mesteres, alferes e capitães de ordenanças<br />

<strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de e termo (convocados pelo seu capitão-mor,<br />

Joaquim José Goulão), oficiais dos Regimentos de<br />

Milícias desta ci<strong>da</strong>de e de I<strong>da</strong>nha-a-Nova que então<br />

estavam ali estacionados, o coman<strong>da</strong>nte Coronel<br />

António de Azevedo Coutinho e oficiali<strong>da</strong>de do<br />

Regimento <strong>da</strong> Cavalaria n° 11, almotacés, pessoas<br />

<strong>da</strong> governança e nobreza (entre as quais o Barão de<br />

Castelo Novo), o provedor e corregedor <strong>da</strong> comarca...<br />

Fechando a procissão, o dito juiz de fora e os<br />

vereadores Francisco António Peres do Loureiro e<br />

Fernando <strong>da</strong> Costa Cardoso Pacheco e Ornelas<br />

(levando ca<strong>da</strong> um na mão o seu escudo preto com as<br />

armas reais) e eu, escrivão <strong>da</strong> Câmara, com vara preta<br />

derriba<strong>da</strong>.<br />

Finalmente, atrás <strong>da</strong> Câmara, grande multidão de<br />

povo desta ci<strong>da</strong>de e terras vizinhas, que aqui<br />

concorreu. Nesta ordem se dirigiu este fúnebre cortejo<br />

à Praça, no meio <strong>da</strong><br />

qual estava uma<br />

mesa coberta com<br />

um pano preto. A ela<br />

subiu o juiz de fora,<br />

Dr. José Mourão, para<br />

numa digna e curta<br />

oração enaltecer a<br />

sabedoria, acerto e<br />

suavi<strong>da</strong>de com que a<br />

Rainha Nossa Senhora<br />

D. Maria I<br />

governara os seus<br />

reinos; e, depois de<br />

lamentar a per<strong>da</strong> de<br />

soberana tão virtuosa,<br />

quebrou o primeiro escudo que levava, exclamando:<br />

- Chorai Nobres! Chorai Povo! Que é Morta a<br />

Senhora Rainha D. Maria I !... Por último, exortou<br />

os circunstantes a dirigirem ao Todo Poderoso seus<br />

votos pelas felici<strong>da</strong>des de El-Rei Nosso Senhor e,<br />

descendo <strong>da</strong> mesa, recebeu a sua vara branca, que<br />

levou inclina<strong>da</strong>.<br />

Depois, continuando a marchar pela Rua de Santa<br />

Maria até ao Espírito Santo, Largo <strong>da</strong> Devesa e Rua<br />

<strong>da</strong> Ferradura, no Largo dela próximo à Porta <strong>da</strong> Rua<br />

do Relógio, subiu à mesa coberta de preto o vereador<br />

mais velho Francisco António Peres do Loureiro que,<br />

acabando de expor num breve discurso quanto era<br />

merecedora do tributo de nossas lágrimas a memória<br />

<strong>da</strong> Rainha Nossa Senhora D. Maria I, quebrou o 2°<br />

escudo dizendo as mesmas palavras: - Chorai<br />

Nobres! Chorai Povo Que é Morta a Rainha D.<br />

Maria I !... E, descendo <strong>da</strong> mesa, recebeu a<br />

competente vara preta, que levou também inclina<strong>da</strong>.<br />

Prosseguindo o cortejo pela Rua de S. Sebastião<br />

até à Corredoura, junto à Porta <strong>da</strong> Vila subiu para a<br />

dita mesa o vereador mais novo Fernando <strong>da</strong> Costa<br />

Cardoso Pacheco que, em uma bem ordena<strong>da</strong> oração,<br />

expôs, quanto a Nação era devedora ao benéfico<br />

governo <strong>da</strong> soberana faleci<strong>da</strong> e quanto os seus<br />

vassalos deviam sentir este fatal acontecimento; e,<br />

quebrando o 3° escudo que levava, repetiu as<br />

sobreditas palavras: - Chorai Nobres ! Chorai Povo<br />

! Que é Morta a Senhora Rainha D. Maria I!... E<br />

desceu <strong>da</strong> mesa, pegando na competente vara, que<br />

levou inclina<strong>da</strong>.<br />

Finalmente, caminharam todos na mesma ordem<br />

pela Rua dos Ferreiros até à casa do dito juiz de fora,<br />

fin<strong>da</strong>ndo assim esta triste cerimónia.<br />

No dia 26, pelas 9 horas <strong>da</strong> manhã, se ajuntou e<br />

saiu o mesmo cortejo <strong>da</strong> casa do juiz de fora, que era<br />

precedido pela Câmara e em direcção à catedral.<br />

O vereador João <strong>da</strong> Fonseca Coutinho, a pé, levava<br />

o estan<strong>da</strong>rte arrastado pela rua e o presidente,<br />

vereadores e eu, escrivão <strong>da</strong> Câmara, as suas varas<br />

inclina<strong>da</strong>s. Todos se encaminharam para a igreja <strong>da</strong>

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