15.02.2015 Views

Aqui - História da Medicina

Aqui - História da Medicina

Aqui - História da Medicina

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

28<br />

do marquês de Pombal (acima indica<strong>da</strong>s e abolindo a<br />

distinção entre cristãos velhos e cristãos novos, a<br />

prova <strong>da</strong> “limpeza de sangue”, etc.) iriam promover a<br />

reforma de mentali<strong>da</strong>des e constituíram profundo golpe<br />

num dos institutos mais sinistros <strong>da</strong> nossa História:<br />

a Inquisição.<br />

XVI - A Exumação dos restos mortais do último<br />

Bispo de Castelo Branco<br />

Assento 44 (S2-50, fl 187v) - Aos 6 de Abril de 1831,<br />

faleceu <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> presente com todos os sacramentos<br />

e testamento o Exmo. e Rmº. Senhor D. Joaquim<br />

José de Miran<strong>da</strong> Coutinho, que foi Bispo desta diocese.<br />

Teve oficio e missa de presente e foi sepultado<br />

no dia 7 no cemitério, de que fiz este termo que assinei/<br />

O vigº Manuel Domingues Crespo.<br />

Comentário<br />

Apresentado na mitra de<br />

Castelo Branco em<br />

3.5.1819, D. Joaquim José<br />

de Miran<strong>da</strong> Coutinho tomou<br />

posse <strong>da</strong> Diocese a<br />

25.4.1820. No ano seguinte<br />

era eleito provedor <strong>da</strong><br />

Misericórdia e designado<br />

deputado às Constituintes<br />

pela ci<strong>da</strong>de de Castelo<br />

Branco. (49)<br />

<strong>Aqui</strong> faleceu a 6.4.1831<br />

(Assento 44) e foi sepultado<br />

no centro <strong>da</strong> capela do<br />

cemitério velho, em campa<br />

com as suas armas. Este<br />

cemitério, situado no flanco<br />

N.NE <strong>da</strong> Sé Catedral, havia sido edificado em 1815,<br />

quando ain<strong>da</strong> se mantinha o antiquíssimo costume<br />

do enterramento nos adros e dentro dos templos.<br />

O estabelecimento do cemitério velho resultara,<br />

particularmente, do seguinte caso.<br />

Na noite de 19.3.1804, desabou grande parte <strong>da</strong><br />

abóba<strong>da</strong> <strong>da</strong> igreja de S. Miguel (ou <strong>da</strong> Sé), arrastando<br />

na que<strong>da</strong> o coro <strong>da</strong> mesma, pelo que o templo foi<br />

encerrado ao culto e to<strong>da</strong>s as activi<strong>da</strong>des paroquiais<br />

passaram a ser executa<strong>da</strong>s na igreja de Santa Isabel.<br />

Ora, os trabalhos de restauro logo iniciados<br />

obrigaram à acumulação no adro de grande quanti<strong>da</strong>de<br />

de materiais e, assim, muitos defuntos <strong>da</strong> freguesia<br />

tiveram de ser sepultados noutros locais...<br />

Por tal motivo, os procuradores do povo de Castelo<br />

Branco solicitaram a S. A.R., o Príncipe Regente (futuro<br />

rei D. João VI) a indispensável autorização para<br />

se gastarem os sobejos <strong>da</strong>s sisas <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de e seu<br />

termo na construção de um cemitério destinado à<br />

freguesia <strong>da</strong> Sé, cujas obras já tinham sido<br />

arremata<strong>da</strong>s por 6000 cruzados ao oficial de pedreiro<br />

Manuel <strong>da</strong> Silva. Alegaram também que este projecto<br />

havia sido tomado de acordo com o clero e autori<strong>da</strong>des<br />

e que obra tão útil e necessária à saúde pública não<br />

se poderia realizar apenas à custa <strong>da</strong>s esmolas dos<br />

fiéis.<br />

O Príncipe acede de bom grado e, por provisão de<br />

8.5.1805, concede para o efeito durante 5 anos não<br />

só os sobejos <strong>da</strong>s sisas mas ain<strong>da</strong> o rendimento <strong>da</strong>s<br />

pastagens dos olivais baldios, sitos nos limites <strong>da</strong><br />

ci<strong>da</strong>de, ficando a Câmara Municipal encarrega<strong>da</strong> de<br />

velar pelo an<strong>da</strong>-mento e inspecção dos respectivos<br />

trabalhos. (50)<br />

Suponho que estes demoraram bastante ou, então,<br />

o povo não se mostrou receptivo à utilização do seu<br />

1º cemitério público, pois, embora J. A. Porfirio <strong>da</strong><br />

Silva (51) nos diga que fora edificado em 1815, só a<br />

partir <strong>da</strong> 2ª metade de 1819 aparece referido nos<br />

registos paroquiais de Santa Maria do Castelo e de<br />

S. Miguel <strong>da</strong> Sé. Ao mesmo tempo, o recurso ao adro<br />

e interior dos templos continua a verificar-se, mas<br />

acaba por desaparecer definitivamente nos finais de<br />

1823...<br />

Portanto, quando saiu o Decreto de 21.9.1835,<br />

proibindo o enterramento nas igrejas e <strong>da</strong>ndo origem<br />

à revolta popular <strong>da</strong> Maria <strong>da</strong> Fonte, já a urbe<br />

albicastrense seguia pacificamente e por sua<br />

determinação tal preceito, utilizando o cemitério velho.<br />

Em 1853, o autor acima citado aponta-lhe dois grandes<br />

inconvenientes:<br />

- estar no centro <strong>da</strong> povoação, transmitindo-lhe com<br />

faci-li<strong>da</strong>de, quando batido pelos ventos de leste, os<br />

miasmas e exalações pútri<strong>da</strong>s, “com grave prejuízo<br />

<strong>da</strong> saúde pública”;<br />

- ser de reduzi<strong>da</strong>s dimensões, não <strong>da</strong>ndo vazão à<br />

clientela. O mesmo autor sugere também que o local<br />

mais apropriado para a instalação do novo cemitério<br />

seria a Quinta <strong>da</strong>s Pedras, próximo à capela de Nossa<br />

Senhora <strong>da</strong> Pie<strong>da</strong>de, mas não seguem o seu parecer.<br />

Com efeito ele foi construido em 1860 e para lá <strong>da</strong><br />

Fonte Nova, onde ain<strong>da</strong> se acha na actuali<strong>da</strong>de.<br />

No ano de 1875 e em virtude <strong>da</strong> transferência para o<br />

novo cemitério <strong>da</strong> capela existente no antigo,<br />

pretendeu-se efectuar igualmente a exumação dos<br />

restos mortais que ali jaziam e pertencentes ao 3º<br />

bispo de Castelo Branco, D. Joaquim José de Miran<strong>da</strong><br />

Coutinho. Tudo isto consta <strong>da</strong> Acta <strong>da</strong> respectiva<br />

cerimónia, lavra<strong>da</strong> então pelo escrivão <strong>da</strong> Câmara Francisco<br />

Domingues Guedes e a qual passamos a<br />

transcrever.<br />

- “A 16.6.1875, no antigo cemitério situado ao lado<br />

do edificio <strong>da</strong> Sé Catedral, João dos Santos Caio<br />

vereador e servindo de presidente, António Nunes <strong>da</strong><br />

Silva Fevereiro administrador do concelho e o Dr. Daniel<br />

Tavares <strong>da</strong> Cunha delegado de saúde do distrito<br />

(convi-<strong>da</strong>dos pelo Presidente <strong>da</strong> Câmara Municipal,<br />

em virtude <strong>da</strong> portaria de 7.1.1875) e os R dos . P es .<br />

Joaquim <strong>da</strong> Silva Pelejão coadjutor <strong>da</strong> freguesia <strong>da</strong><br />

Sé e Augusto Carlos <strong>da</strong> Silva Ribeiro tesoureiro <strong>da</strong><br />

mesma (por determinação do Vigário Geral a quem,

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!