O Homem que Calculava Malba Tahan
aventuras de um singular calculista persa é um romance infanto-juvenil do fictício escritor Malba Tahan (heterônimo do professor brasileiro Julio César de Mello e Souza), que narra as aventuras e proezas matemáticas do calculista persa Beremiz Samir1 na Bagdá do século XIII. Foi publicado pela primeira vez em 19382 e já chegou a sua 80ª edição. A narrativa, dentro da paisagem do mundo islâmico medieval, trata das peripécias matemáticas do protagonista, que resolve e explica, de modo extraordinário, diversos problemas, quebra-cabeças e curiosidades da matemática. Inclui, ainda, lendas e histórias pitorescas, como, por exemplo, a lenda da origem do jogo de xadrez e a história da filósofa e matemática Hipátia de Alexandria. Sem ser um livro didático, tem, contudo, uma forte tonalidade moralista. Por isso, o livro é indicado como um livro paradidático em vários países, tendo sido citado na Revista Book Report e em várias publicações do gênero.
aventuras de um singular calculista persa é um romance infanto-juvenil do fictício escritor Malba Tahan (heterônimo do professor brasileiro Julio César de Mello e Souza), que narra as aventuras e proezas matemáticas do calculista persa Beremiz Samir1 na Bagdá do século XIII. Foi publicado pela primeira vez em 19382 e já chegou a sua 80ª edição.
A narrativa, dentro da paisagem do mundo islâmico medieval, trata das peripécias matemáticas do protagonista, que resolve e explica, de modo extraordinário, diversos problemas, quebra-cabeças e curiosidades da matemática. Inclui, ainda, lendas e histórias pitorescas, como, por exemplo, a lenda da origem do jogo de xadrez e a história da filósofa e matemática Hipátia de Alexandria. Sem ser um livro didático, tem, contudo, uma forte tonalidade moralista. Por isso, o livro é indicado como um livro paradidático em vários países, tendo sido citado na Revista Book Report e em várias publicações do gênero.
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De acordo com a 1.ª hipótese (refletiu Aradim) o meu disco era branco.<br />
Resta, apenas, analisar a segunda hipótese:<br />
Vamos supor <strong>que</strong> Camozã tenha visto um disco preto e outro branco.<br />
Com <strong>que</strong>m estaria o disco preto?<br />
Se o disco preto estivesse comigo, raciocinou Aradim, o segundo pretendente teria acertado.<br />
Com efeito.<br />
O segundo noivo da princesa teria feito o seguinte raciocínio:<br />
— Vejo no terceiro competidor um disco preto; se o meu também fosse preto, o primeiro candidato<br />
(Camozã), ao ver dois discos pretos não teria errado. Logo, se ele errou (poderia concluir o segundo<br />
candidato) o meu disco é branco.<br />
Mas, <strong>que</strong> ocorreu?<br />
O segundo pretendente também errou. Ficou na dúvida. E ficou na dúvida por ter visto em mim<br />
(refletiu Aradim) não um disco preto, mas um disco branco.<br />
Conclusão de Aradim:<br />
De acordo com a 2.ª hipótese o meu disco também é branco.<br />
— Foi esse — concluiu Beremiz — o raciocínio feito por Aradim para resolver, com segurança, o<br />
problema dos cinco discos, e declarar ao dervixe:<br />
— O meu disco é branco!<br />
O sábio cordovês, tomando, logo a seguir, da palavra, declarou ao califa, num ímpeto de irreprimível<br />
admiração, <strong>que</strong> a solução dada por Beremiz ao problema dos cinco discos havia sido completa e<br />
brilhantíssima.<br />
O raciocínio, formulado com clareza e simplicidade, apresentava-se impecável para o geômetra mais<br />
exigente.<br />
Assegurou, ainda, o cordovês, <strong>que</strong> as pessoas ali presentes no rico divã do rei, haviam, em sua<br />
totalidade, compreendido o problema dos cinco discos, e <strong>que</strong> seriam capazes de repeti-lo, mais tarde,<br />
para qual<strong>que</strong>r caravaneiro do deserto.<br />
Um xe<strong>que</strong> iemenita, <strong>que</strong> se achava na minha frente, sentado numa almofada vermelha, tipo<br />
moreno, mal-encarado, cheio de joias, murmurou a um amigo, oficial da corte, <strong>que</strong> se achava ao seu<br />
lado:<br />
— Está ouvindo, capitão Sayeg? Afirma esse pândego, lá de Córdova, <strong>que</strong> todos nós aqui<br />
entendemos essa história de disco preto e disco branco. Duvido muito. Eu, por mim, confesso: não<br />
entendi nada!<br />
E acrescentou:<br />
— Só mesmo um dervixe cretino teria essa ideia aloucada de pregar discos pretos e brancos nas<br />
costas dos três noivos. Não acha? Não seria mais prático promover uma corrida de camelos no deserto?<br />
O vencedor seria o escolhido e estaria tudo acabado. Não acha?<br />
O capitão Sayeg não respondeu. Parecia não dar a menor atenção ao iemenita de poucas luzes <strong>que</strong><br />
achava acertado resolver o problema sentimental com corridas de camelos no deserto.<br />
O califa, com ar afável e distinto, declarou Beremiz vencedor da sexta e penúltima prova do<br />
concurso.