Os caminhos da reforma - Jornal de Leiria

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20 | 2 de Fevereiro de 2006 | ECONOMIA | JORNAL DE LEIRIA | BREVES ■ Oeste Pêra rocha com imagem única “Rocha do Oeste” – Sabor de Portugal é o slogan que, a partir do fimde-semana do Dia dos Namorados, vai acompanhar a nova imagem colectiva da pêra rocha do Oeste, apresentada em caixas, sacos e barquetes num conceito inovador que garante ao consumidor “um produto distinto, mais apelativo e a confiança no reconhecimento da qualidade” certificada pela Codimaco. Com um design moderno e uma estratégia de marketing baseada na informação detalhada ao consumidor (por exemplo os sacos contêm textos sobre a história da pêra, receitas ou informações nutricionais), a nova imagem foi apresentada a semana passada pela Associação Nacional da Pêra Rocha (ANP), num evento que reuniu em Óbidos as oito primeiras empresas aderentes, entre elas cinco do distrito: Cooperfrutas (Alcobaça), Ecofrutas e Melro.com (ambas do Bombarral), Granfer (Óbidos) e Lusofruta (Porto de Mós). Responsáveis por mais de três mil dos 11mil hectares de pomares de pêra rocha existentes em Portugal, as oito empresas são as pioneiras do projecto que a ANP divulgou junto de 16 grandes grupos de distribuição nacional, tendo garantida a adesão de seis grandes superfícies. Empresa de cerâmica do concelho de Alcobaça Porcelania encerra e deixa operários no desemprego ANA FERRAZ PEREIRA Trabalhadores encaram futuro com pessimismo Eram 27 operários, mas só 15 aguentaram até ao último dia da fábrica Porcelania, em Évora de Alcobaça. A unidade do Grupo Fapor fechou as portas na terçafeira. Nos olhos de Elvira Mendonça Santos adivinhava-se a tristeza de abandonar a fábrica 11 anos depois do primeiro dia de trabalho. Não é difícil entender as lágrimas da trabalhadora. Tem dois filhos, sente que a fábrica lhe roubou saúde e tem consciência do que significa ter 44 anos quando se precisa encontrar trabalho. Como os restantes colegas, também Elvira Mendonça sai com quatro meses de salários em atraso, incluindo subsídios de férias e de Natal. “Disseram-nos que até Maio liquidavam tudo”, diz José Soares. Além da vertente económica, a perda do emprego custa pela ligação afectiva. “Acreditei que era possível”, confidencia Elvira Mendonça, lembrando-se quando a notícia do fecho chegou, em Junho de 2005. “Antes do Natal trabalhámos até às quatro da manhã para carregar contentores, a ver se conseguíamos recuperar isto”, recorda. José Soares explica porque é que o esforço foi em vão: transferiram as encomendas para a Fapor. “Levaram-nos o trabalho todo de um cliente que trabalha com a nossa fábrica há muitos anos”. O operário acredita que os clientes vão ficar desiludidos com o produto que a Fapor vai entregar, produzido na unidade da Batalha. “Não tem a mesma qualidade”, defende Serviço disponível em dois locais em Leiria ‘Empresa na hora’ cria seis sociedades A TTO-Tratamentos Térmicos do Oeste foi a primeira sociedade a ser criada no serviço ‘Empresa na hora’. Sexta-feira passada, os sócios (Hugo Ferreira, Carla Ferreira e Luís Barros) deslocaram-se ao Centro de Formalidades de Empresas de Leiria (CFE), um dos locais onde o serviço está disponível desde o final da semana passada, e em pouco mais de uma hora tudo ficou resolvido. A empresa, com sede na Maceira, Leiria, vai actuar na área dos tratamentos térmicos para a indústria de moldes e foi criada com um capital social de cinco mil euros (sociedade por quotas). “Já tínhamos o certificado de admissibilidade do nome e queríamos tratar do processo com a maior rapidez possível, pelo que nos deslocámos até aqui”, explicou na ocasião Hugo Ferreira. Até terça-feira, foram criadas, além da TTO, mais cinco sociedades na ‘Empresa na hora’ do CFE. O serviço está igualmente disponível na primeira Conservatória do Registo Predial e Comercial de Leiria, onde até anteontem apenas foi criada uma empresa. “Mas recebemos vários pedidos de informação”, explica a conservadora Ana Sousa. Esta responsável aproveita para esclarecer que, apesar dos constrangimentos causados José Soares. “É a terceira empresa onde trabalho que fecha”, enfatiza Maria da Luz, que não consegue conter o choro quando diz que das outras vezes conseguiu arranjar emprego. “Mas agora... com esta idade....” Em casa as dificuldades vão aumentando, com o marido doente e desempregado. Albino Neves, sócio-gerente da Fapor, explica que a produção da Porcelania foi deslocada para a Batalha por dificuldades de escoamento do produto. “Foi dada aos trabalhadores a oportunidade de irem para aquela unidade”, afiança. Mas só três operários concordaram. “Não fomos porque não nos deram garantias de pagamento”, justifica Maria da Luz. A Porcelania foi adquirida enquanto Fapodel pelo grupo Fapor há cerca de seis anos e começou por ter 100 trabalhadores. ■ Ana Ferraz Pereira pelas obras para a instalação do serviço ‘Empresa na hora’, todo o sistema daquela conservatória voltou a estar operacional pelas 11:30 horas do passado dia 23. Ana Sousa esclarece ainda que, ao contrário do que foi referidopor João Raimundo por lapso na edição passada, efectuar escrituras não é da competência das Conservatórias, mas sim dos Cartórios Notariais. ■ Leiria Nobel quer abrir livraria | F r e n t e a F r e n t e | Leiria está na mira da Nobel, rede brasileira que pretende abrir nos próximos anos um total de 70 livrarias. Santarém e São João da Madeira deverão acolher espaços já a partir de meados deste ano, revelou à Lusa Carlos Duarte, responsável em Portugal, onde a marca já tem cinco lojas. Fundada em 1943 em São Paulo, a Nobel tem diversos formatos de loja: expresso (mais pequena e compacta, género quiosque), tradicional (superfície de média dimensão que inclui livraria e papelaria) e ‘megastore’ (200 ou mais metros quadrados de área). ■ Fiquei agradavelmente surpreendida. Todos falam na necessidade de desburocratizar, mas daí à existência de medidas concretas às vezes ia uma grande distância. É bom que as decisões tenham sido tomadas e agora compete a todos nós zelarmos para que as medidas sejam efectivamente cumpridas. A desburocratização é o único caminho para levar os investidores a avançarem na criação de empresas. As medidas anunciadas são muito bem vindas. Ana Maria Pacheco, presidente da Associação Industrial da Região Oeste José Sócrates anunciou a semana passada um pacote de dez medidas contra a burocracia, algumas das quais já a funcionar, como a ‘Empresa na hora’ e o documento único automóvel. Quais as suas expectativas em relação ao que foi anunciado? As medidas são extremamente positivas. São um bom passo, ou pelo menos um primeiro passo, para a desburocratização. Vêm mexer com interesses instalados e demonstram coragem política. É um começo. Os empresários são quase sempre pessimistas porque muitas vezes anunciam-se coisas que não avançam, mas espero que as medidas anunciadas passem realmente do papel para a prática. Mário Abreu, empresário, Ourém
| JORNAL DE LEIRIA | ECONOMIA | 2 de Fevereiro de 2006 | 21 Equipamentos retirados da empresa de moldes da Vieira Operários da Rotalitec rescidem contratos “O que dói mais é que, durante anos, trabalhámos noite e dia, quando nos pediam, para agora fazerem isto”. O lamento é de José Soares, um dos trabalhadores da Rotalitec que ficou sem trabalho na sequência de um alegado negócio que passaria a empresa para as mãos da Fruitful Investments Ltd. Os novos donos não apareceram, os antigos estão incontactáveis e a empresa foi ‘esventrada’: no lugar das máquinas ficaram enormes buracos. Com o subsídio de Natal e o salário de Janeiro em atraso, os operários vão agora rescindir os contratos por justa causa, na tentativa de terem pelo menos acesso ao subsídio de desemprego. Estão também, a par com um advogado, a equacionar outras medidas a tomar e esperam uma posição da Inspecção do Trabalho, que foi ao local sexta-feira passada. De acordo com os trabalhadores, os antigos sócios (Fernando Pedrosa e Nuno Vieira) deixaram dívidas que ascendem a 1.8 milhões de euros, sobretudo à Segurança Social e ao Fisco. RAQUEL DE SOUSA SILVA Trabalhadores “enganados” até “ajudaram a carregar as máquinas” Segundo os operários, em meados de Dezembro a gerência informou que iria vender a empresa, situada na zona industrial de Vieira de Leiria, devido a dificuldades financeiras, e aconselhou os trabalhadores a tirarem as férias a que ainda tivessem direito. No início de Janeiro, “foi-nos mesmo apresentado o novo administrador”, conta Sérgio Morganiça, na Rotalitec há dez anos. Depois, com o argumento de que era preciso alterar o lay-out da unidade produtiva e colocar novas máquinas, os responsáveis pela empresa começaram a tirar os equipamentos que, segundo os trabalhadores, desapareceram passados poucos dias. Os operários dizem estar numa “situação complicada” e sentem-se “revoltados e enganados”. De acordo com um deles, “foi tudo tão bem engendrado” que eles “até ajudaram a carregar as máquinas”. “Nunca houve quebras de trabalho e as encomendas previstas rondavam um milhão de euros”, diz um operário. “Em Dezembro, até de noite trabalhámos para entregar todo o trabalho que estava em curso”, adianta um outro. A facturação anual rondava os dois milhões de euros. Fundada em 1996, a Rotalitec mudou-se para Vieira de Leiria há cerca de seis anos, mas as instalações ainda não estarão totalmente pagas, suspeitam os operários. Entretanto, no Tribunal de Leiria entraram dois processos de execução contra a empresa e contra um dos sócios. Por outro lado, revela um dos operários, “as contas da empresa foram congeladas”. O JORNAL DE LEIRIA apurou que os antigos proprietários estão fora do País, incontactáveis. “A sensação que temos é que foram para Moçambique”, diz o trabalhador Daniel Casaleiro. ■ Raquel de Sousa Silva Empresa cerâmica de Caldas da Rainha Secla reduz horários por falta de encomendas O momento actual no sector da cerâmica é de “extrema dificuldade” e a Secla, de Caldas da Rainha, não escapa à crise. A redução das encomendas obrigou os responsáveis da empresa a equacionar várias medidas para enfrentar a situação, uma das quais passará pela redução do horário de trabalho, eventualmente com uma diminuição dos turnos trabalhados, explica Galvão Lucas. O parque industrial da Guia, Pombal, espera, há sete anos, pela conclusão do licenciamento. O processo de autorização da unidade e o plano de pormenor da área têm saltitado de instituição em instituição, fazendo com que eventuais interessados em ali instalar-se desistam dos seus intentos. Porém, a autarquia assegura que, em finais de Março, as infra-estruturas básicas devem estar concluídas e, caso o licenciamento seja terminado dentro de dois meses, como espera, as primeiras empresas poderão começar a instalar-se em Abril. “Se a situação estivesse resolvida, o espaço já estaria 100 por cento ocupado”, acredita o presidente da Junta de Freguesia. Manuel António Rodrigues dos Santos adianta que está constantemente a ser contactado por pessoas interessadas em deslocalizar para ali os seus negócios. O autarca explica que uma das razões que está a demorar o processo é a aprovação do Plano de Urbanização da Guia, que teve início em 1998. “É tempo de mais para aprovar o que quer que seja. Não há empresário que resista a tanto tempo de espera”, desabafa o presidente da Junta. O atraso no licenciamento foi alvo de várias cartas entregues à Assembleia da República, Ministério do Ambiente, Comissão de O administrador garante que os mercados atravessam uma “recessão muito grande” e que as empresas “têm que se adaptar”. Por isso, na Secla, há dois anos que foram iniciadas medidas para reestruturar a empresa, por forma a ajustá-la às condições do mercado. “É preciso tornar a empresa viável, adaptando a produção à capacidade de absorção do mercado”. Face à crise, o empresário revela que é preciso “alterar completamente a estratégia” da empresa, visto que “não é pelo baixo custo que poderemos competir”. Por isso, embora tenha visto diminuir as encomendas entre 25 a 30 por cento nos últimos anos, foi procurando nichos de mercado para produtos com maior valor acrescentado. Fundada em 1947, a Secla assume-se como “um dos maiores produtores mundiais de louça utilitária e decorativa em faiança”. De acordo com informações disponíveis no seu site, tem capacidade para produzir mais de 16 milhões de peças por ano, incluindo grandes séries pintadas à mão. Conta com 415 trabalhadores, mas Galvão Lucas reconhece que “terá que haver lugar a reduções” no quadro de pessoal. Garante, contudo, que as situações serão analisadas caso a caso e que tudo será feito “de forma pacífica”.■ RSS Licenciamento de parque industrial em Pombal arrasta-se há sete anos Guia começa a receber empresas em Abril Coordenação da Região Centro e Associação dos Municípios da Alta Estremadura, com o objecto de pressionar o desbloqueio da situação. “Quero ver se alguém de bom senso inverte esta situação”, afirma o presidente da Câmara. Narciso Mota explica que já foram investidos milhares de euros na aquisição e preparação do terreno e, devido aos atrasos e retrocessos constantes, o retorno tem sido nulo.■ JSD BREVES ■ Óbidos Bom Sucesso com interesse nacional O empreendimento turístico Bom Sucesso, no concelho de Óbidos, foi reconhecido como Projecto de Potencial Interesse Nacional (PIN) pela Agência Portuguesa para o Investimento. A inovação e internacionalização do empreendimento foram factores que contribuíram para esta classificação. “Os critérios da qualificação definem a especial valia do projecto nos planos económico, social, tecnológico e de sustentabilidade ambiental”, esclarecem os promotores. O empreendimento, promovido pela Acordo SGPS, prevê um investimento inicial na ordem dos 250 milhões de euros e conta com a assinatura de 14 arquitectos portugueses de renome. Leiria Sistema4 trabalha Manuel Cargaleiro A Sistema4, agência de publicidade de Leiria, ganhou o concurso para trabalhar a imagem do Museu Manuel Cargaleiro- Pólo de Castelo, o primeiro de uma série de núcleos museológicos criados a partir da Fundação Manuel Cargaleiro, em colaboração directa com as autarquias do País. O logotipo criado pela Sistema4 foi desenvolvido a partir de um grafismo utilizado pelo pintor numa determinada fase da sua carreira e com o qual se identifica, que assenta em formas simples e sóbrias, “facilmente adaptáveis aos futuros pólos do museu”. Nesta fase inicial, foi apenas criada a identidade corporativa base, anúncios, outdoors e algum material promocional. Caldas da Rainha Finanças recuperam 13 milhões As Finanças de Caldas da Rainha cobraram o ano passado 13 milhões de euros em execuções, valor que deixou “surpreendido” o chefe da repartição. “A malha aperta cada vez mais aos que estão em falta”, disse o responsável à ‘Gazeta das Caldas’. O profissional adiantou que em 2005 foi possível obter mais receita do que no ano precedente, quer por via ‘normal’ quer através de execuções fiscais, e adiantou que o Fisco está cada vez mais empenhado em combater a fuga e a evasão. ■
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