Os caminhos da reforma - Jornal de Leiria
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| JORNAL DE LEIRIA | ECONOMIA |<br />
2 <strong>de</strong> Fevereiro <strong>de</strong> 2006 | 21<br />
Equipamentos retirados <strong>da</strong> empresa <strong>de</strong> mol<strong>de</strong>s <strong>da</strong> Vieira<br />
Operários <strong>da</strong> Rotalitec<br />
resci<strong>de</strong>m contratos<br />
“O que dói mais é que, durante<br />
anos, trabalhámos noite e dia,<br />
quando nos pediam, para agora<br />
fazerem isto”. O lamento é <strong>de</strong> José<br />
Soares, um dos trabalhadores <strong>da</strong><br />
Rotalitec que ficou sem trabalho<br />
na sequência <strong>de</strong> um alegado negócio<br />
que passaria a empresa para<br />
as mãos <strong>da</strong> Fruitful Investments<br />
Ltd. <strong>Os</strong> novos donos não apareceram,<br />
os antigos estão incontactáveis<br />
e a empresa foi ‘esventra<strong>da</strong>’:<br />
no lugar <strong>da</strong>s máquinas<br />
ficaram enormes buracos.<br />
Com o subsídio <strong>de</strong> Natal e o<br />
salário <strong>de</strong> Janeiro em atraso, os<br />
operários vão agora rescindir os<br />
contratos por justa causa, na tentativa<br />
<strong>de</strong> terem pelo menos acesso<br />
ao subsídio <strong>de</strong> <strong>de</strong>semprego.<br />
Estão também, a par com um<br />
advogado, a equacionar outras<br />
medi<strong>da</strong>s a tomar e esperam uma<br />
posição <strong>da</strong> Inspecção do Trabalho,<br />
que foi ao local sexta-feira<br />
passa<strong>da</strong>. De acordo com os trabalhadores,<br />
os antigos sócios (Fernando<br />
Pedrosa e Nuno Vieira)<br />
<strong>de</strong>ixaram dívi<strong>da</strong>s que ascen<strong>de</strong>m<br />
a 1.8 milhões <strong>de</strong> euros, sobretudo<br />
à Segurança Social e ao Fisco.<br />
RAQUEL DE SOUSA SILVA<br />
Trabalhadores “enganados” até “aju<strong>da</strong>ram a carregar as máquinas”<br />
Segundo os operários, em meados<br />
<strong>de</strong> Dezembro a gerência informou<br />
que iria ven<strong>de</strong>r a empresa,<br />
situa<strong>da</strong> na zona industrial <strong>de</strong> Vieira<br />
<strong>de</strong> <strong>Leiria</strong>, <strong>de</strong>vido a dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
financeiras, e aconselhou os<br />
trabalhadores a tirarem as férias<br />
a que ain<strong>da</strong> tivessem direito. No<br />
início <strong>de</strong> Janeiro, “foi-nos mesmo<br />
apresentado o novo administrador”,<br />
conta Sérgio Morganiça,<br />
na Rotalitec há <strong>de</strong>z anos.<br />
Depois, com o argumento <strong>de</strong><br />
que era preciso alterar o lay-out<br />
<strong>da</strong> uni<strong>da</strong><strong>de</strong> produtiva e colocar<br />
novas máquinas, os responsáveis<br />
pela empresa começaram a tirar<br />
os equipamentos que, segundo<br />
os trabalhadores, <strong>de</strong>sapareceram<br />
passados poucos dias. <strong>Os</strong> operários<br />
dizem estar numa “situação<br />
complica<strong>da</strong>” e sentem-se “revoltados<br />
e enganados”. De acordo<br />
com um <strong>de</strong>les, “foi tudo tão bem<br />
engendrado” que eles “até aju<strong>da</strong>ram<br />
a carregar as máquinas”.<br />
“Nunca houve quebras <strong>de</strong> trabalho<br />
e as encomen<strong>da</strong>s previstas<br />
ron<strong>da</strong>vam um milhão <strong>de</strong> euros”,<br />
diz um operário. “Em Dezembro,<br />
até <strong>de</strong> noite trabalhámos para<br />
entregar todo o trabalho que estava<br />
em curso”, adianta um outro.<br />
A facturação anual ron<strong>da</strong>va os<br />
dois milhões <strong>de</strong> euros.<br />
Fun<strong>da</strong><strong>da</strong> em 1996, a Rotalitec<br />
mudou-se para Vieira <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong><br />
há cerca <strong>de</strong> seis anos, mas as instalações<br />
ain<strong>da</strong> não estarão totalmente<br />
pagas, suspeitam os operários.<br />
Entretanto, no Tribunal <strong>de</strong><br />
<strong>Leiria</strong> entraram dois processos <strong>de</strong><br />
execução contra a empresa e contra<br />
um dos sócios. Por outro lado,<br />
revela um dos operários, “as contas<br />
<strong>da</strong> empresa foram congela<strong>da</strong>s”.<br />
O JORNAL DE LEIRIA apurou<br />
que os antigos proprietários estão<br />
fora do País, incontactáveis. “A<br />
sensação que temos é que foram<br />
para Moçambique”, diz o trabalhador<br />
Daniel Casaleiro. ■<br />
Raquel <strong>de</strong> Sousa Silva<br />
Empresa cerâmica <strong>de</strong> Cal<strong>da</strong>s <strong>da</strong> Rainha<br />
Secla reduz horários por falta <strong>de</strong> encomen<strong>da</strong>s<br />
O momento actual no sector<br />
<strong>da</strong> cerâmica é <strong>de</strong> “extrema dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>”<br />
e a Secla, <strong>de</strong> Cal<strong>da</strong>s <strong>da</strong><br />
Rainha, não escapa à crise. A<br />
redução <strong>da</strong>s encomen<strong>da</strong>s obrigou<br />
os responsáveis <strong>da</strong> empresa<br />
a equacionar várias medi<strong>da</strong>s para<br />
enfrentar a situação, uma <strong>da</strong>s<br />
quais passará pela redução do<br />
horário <strong>de</strong> trabalho, eventualmente<br />
com uma diminuição dos<br />
turnos trabalhados, explica Galvão<br />
Lucas.<br />
O parque industrial <strong>da</strong> Guia,<br />
Pombal, espera, há sete anos, pela<br />
conclusão do licenciamento. O processo<br />
<strong>de</strong> autorização <strong>da</strong> uni<strong>da</strong><strong>de</strong> e<br />
o plano <strong>de</strong> pormenor <strong>da</strong> área têm<br />
saltitado <strong>de</strong> instituição em instituição,<br />
fazendo com que eventuais<br />
interessados em ali instalar-se <strong>de</strong>sistam<br />
dos seus intentos.<br />
Porém, a autarquia assegura que,<br />
em finais <strong>de</strong> Março, as infra-estruturas<br />
básicas <strong>de</strong>vem estar concluí<strong>da</strong>s<br />
e, caso o licenciamento seja<br />
terminado <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> dois meses,<br />
como espera, as primeiras empresas<br />
po<strong>de</strong>rão começar a instalar-se<br />
em Abril.<br />
“Se a situação estivesse resolvi<strong>da</strong>,<br />
o espaço já estaria 100 por<br />
cento ocupado”, acredita o presi<strong>de</strong>nte<br />
<strong>da</strong> Junta <strong>de</strong> Freguesia. Manuel<br />
António Rodrigues dos Santos<br />
adianta que está constantemente<br />
a ser contactado por pessoas interessa<strong>da</strong>s<br />
em <strong>de</strong>slocalizar para ali<br />
os seus negócios.<br />
O autarca explica que uma <strong>da</strong>s<br />
razões que está a <strong>de</strong>morar o processo<br />
é a aprovação do Plano <strong>de</strong><br />
Urbanização <strong>da</strong> Guia, que teve início<br />
em 1998. “É tempo <strong>de</strong> mais<br />
para aprovar o que quer que seja.<br />
Não há empresário que resista a<br />
tanto tempo <strong>de</strong> espera”, <strong>de</strong>sabafa<br />
o presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> Junta.<br />
O atraso no licenciamento foi<br />
alvo <strong>de</strong> várias cartas entregues à<br />
Assembleia <strong>da</strong> República, Ministério<br />
do Ambiente, Comissão <strong>de</strong><br />
O administrador garante que<br />
os mercados atravessam uma<br />
“recessão muito gran<strong>de</strong>” e que as<br />
empresas “têm que se a<strong>da</strong>ptar”.<br />
Por isso, na Secla, há dois anos<br />
que foram inicia<strong>da</strong>s medi<strong>da</strong>s para<br />
reestruturar a empresa, por forma<br />
a ajustá-la às condições do<br />
mercado. “É preciso tornar a empresa<br />
viável, a<strong>da</strong>ptando a produção<br />
à capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> absorção do mercado”.<br />
Face à crise, o empresário<br />
revela que é preciso “alterar completamente<br />
a estratégia” <strong>da</strong> empresa,<br />
visto que “não é pelo baixo<br />
custo que po<strong>de</strong>remos competir”.<br />
Por isso, embora tenha visto diminuir<br />
as encomen<strong>da</strong>s entre 25 a 30<br />
por cento nos últimos anos, foi<br />
procurando nichos <strong>de</strong> mercado<br />
para produtos com maior valor<br />
acrescentado.<br />
Fun<strong>da</strong><strong>da</strong> em 1947, a Secla<br />
assume-se como “um dos maiores<br />
produtores mundiais <strong>de</strong> louça<br />
utilitária e <strong>de</strong>corativa em faiança”.<br />
De acordo com informações<br />
disponíveis no seu site, tem capaci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
para produzir mais <strong>de</strong> 16<br />
milhões <strong>de</strong> peças por ano, incluindo<br />
gran<strong>de</strong>s séries pinta<strong>da</strong>s à mão.<br />
Conta com 415 trabalhadores,<br />
mas Galvão Lucas reconhece que<br />
“terá que haver lugar a reduções”<br />
no quadro <strong>de</strong> pessoal. Garante,<br />
contudo, que as situações serão<br />
analisa<strong>da</strong>s caso a caso e que tudo<br />
será feito “<strong>de</strong> forma pacífica”.■<br />
RSS<br />
Licenciamento <strong>de</strong> parque industrial em Pombal arrasta-se há sete anos<br />
Guia começa a receber empresas em Abril<br />
Coor<strong>de</strong>nação <strong>da</strong> Região Centro e<br />
Associação dos Municípios <strong>da</strong> Alta<br />
Estremadura, com o objecto <strong>de</strong><br />
pressionar o <strong>de</strong>sbloqueio <strong>da</strong> situação.<br />
“Quero ver se alguém <strong>de</strong> bom<br />
senso inverte esta situação”, afirma<br />
o presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> Câmara. Narciso<br />
Mota explica que já foram<br />
investidos milhares <strong>de</strong> euros na<br />
aquisição e preparação do terreno<br />
e, <strong>de</strong>vido aos atrasos e retrocessos<br />
constantes, o retorno tem sido nulo.■<br />
JSD<br />
BREVES<br />
■<br />
Óbidos<br />
Bom Sucesso<br />
com interesse<br />
nacional<br />
O empreendimento turístico Bom<br />
Sucesso, no concelho <strong>de</strong> Óbidos,<br />
foi reconhecido como Projecto<br />
<strong>de</strong> Potencial Interesse Nacional<br />
(PIN) pela Agência Portuguesa<br />
para o Investimento. A inovação<br />
e internacionalização do empreendimento<br />
foram factores que contribuíram<br />
para esta classificação.<br />
“<strong>Os</strong> critérios <strong>da</strong> qualificação <strong>de</strong>finem<br />
a especial valia do projecto<br />
nos planos económico, social,<br />
tecnológico e <strong>de</strong> sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
ambiental”, esclarecem os promotores.<br />
O empreendimento, promovido<br />
pela Acordo SGPS, prevê<br />
um investimento inicial na or<strong>de</strong>m<br />
dos 250 milhões <strong>de</strong> euros e conta<br />
com a assinatura <strong>de</strong> 14 arquitectos<br />
portugueses <strong>de</strong> renome.<br />
<strong>Leiria</strong><br />
Sistema4<br />
trabalha<br />
Manuel<br />
Cargaleiro<br />
A Sistema4, agência <strong>de</strong> publici<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> <strong>Leiria</strong>, ganhou o concurso<br />
para trabalhar a imagem<br />
do Museu Manuel Cargaleiro-<br />
Pólo <strong>de</strong> Castelo, o primeiro <strong>de</strong><br />
uma série <strong>de</strong> núcleos museológicos<br />
criados a partir <strong>da</strong> Fun<strong>da</strong>ção<br />
Manuel Cargaleiro, em colaboração<br />
directa com as autarquias<br />
do País. O logotipo criado pela<br />
Sistema4 foi <strong>de</strong>senvolvido a partir<br />
<strong>de</strong> um grafismo utilizado pelo<br />
pintor numa <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> fase<br />
<strong>da</strong> sua carreira e com o qual se<br />
i<strong>de</strong>ntifica, que assenta em formas<br />
simples e sóbrias, “facilmente<br />
a<strong>da</strong>ptáveis aos futuros pólos do<br />
museu”. Nesta fase inicial, foi apenas<br />
cria<strong>da</strong> a i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> corporativa<br />
base, anúncios, outdoors e<br />
algum material promocional.<br />
Cal<strong>da</strong>s <strong>da</strong> Rainha<br />
Finanças<br />
recuperam<br />
13 milhões<br />
As Finanças <strong>de</strong> Cal<strong>da</strong>s <strong>da</strong> Rainha<br />
cobraram o ano passado 13<br />
milhões <strong>de</strong> euros em execuções,<br />
valor que <strong>de</strong>ixou “surpreendido”<br />
o chefe <strong>da</strong> repartição. “A malha<br />
aperta ca<strong>da</strong> vez mais aos que<br />
estão em falta”, disse o responsável<br />
à ‘Gazeta <strong>da</strong>s Cal<strong>da</strong>s’. O<br />
profissional adiantou que em<br />
2005 foi possível obter mais receita<br />
do que no ano prece<strong>de</strong>nte,<br />
quer por via ‘normal’ quer através<br />
<strong>de</strong> execuções fiscais, e adiantou<br />
que o Fisco está ca<strong>da</strong> vez<br />
mais empenhado em combater<br />
a fuga e a evasão. ■