Os caminhos da reforma - Jornal de Leiria

26 | 2 de Fevereiro de 2006 | DESPORTO | JORNAL DE LEIRIA |
BREVES
■
Natação
Piedense
vence
em Leiria
O União Piedense, da I divisão
nacional, foi o grande vencedor
da “Taça cidade de Leiria”
em natação, com 112 pontos,
que se disputou no fim-de-semana,
na piscina municipal de Leiria.
O Académico de Leiria ficou
na segunda posição, a 14 pontos
do primeiro classificado. Com
a participação de cerca de 700
atletas, entre 45 clubes, o Bairro
dos Anjos alcançou o sexto
lugar, com 36 pontos. O Clube
de Natação de Alcobaça ficou
na décima posição, com 19 pontos,
o Desportivo Náutico da
Marinha Grande em 12º, com
11, e o Clube Naval da Nazaré,
em 17, com um ponto.
| Entrevista |
Bruno Jorge, guarda-redes do Estoril
“Na II Liga prometem-se
ordenados impossíveis de pagar”
José Mourinho foi quem o chamou aos séniores da União de Leiria quando tinha 18 anos. Hoje, como
terceiro guarda-redes do Estoril Praia é mais um profissional de futebol a sofrer as consequências da crise
financeira por que passam muitos clubes. Natural de Leiria, no seu clube só há 13 jogadores, o que o
obrigou a actuar como ponta de lança. Experiência que não quer voltar a repetir.
Ciclismo
Nevão
condiciona
bênção
RICARDO GRAÇA
O forte nevão que se abateu
sobre a região centro no domingo
condicionou a presença de
ciclistas e o programa previsto
para a IV bênção nacional
que se realizou em Fátima.
Milhares de ciclistas que se
dirigiam para o Santuário ficaram
retidos nas estradas, impossibilitando
a sua presença na
missa e bênção presidida pelo
bispo de Leiria-Fátima, D.Serafim
Ferreira e Silva. Mesmo
assim, cerca de dois mil amantes
da bicicleta compareceram.
A concentração prevista junto
às rotundas Norte e Sul,
pelas 11:15 horas, e a partida
para o parque número dois,
onde a Reitoria do Santuário
tinha construído um mega palco
para a realização do evento,
foi também condicionada.
Como não havia condições no
parque para a realização da
missa e da bênção, já que não
parava de nevar, a Reitoria do
Santuário autorizou as celebrações
na Capelinha das Aparições.
A V bênção está prevista
para 28 de Janeiro de
2007. ■
Faz parte de um pequeno grupo
de guarda-redes que já actuou
como ponta de lança e marcou
um golo. Gostava de repetir a
experiência?
Todos os guarda-redes têm a
curiosidade de experimentar, mas
é algo que não quero voltar a repetir.
Isso significaria que a equipa já
estaria reforçada e não seria preciso
andar ali a desenrascar. Preferia
voltar à minha posição. É lá
que me sinto bem. Quando era escolinha,
cheguei a jogar na posição
de central, mas é na baliza que me
sinto bem.
Depois de 13 rescisões o Estoril
continua com ordenados em
atraso?
Já estão a liquidar os ordenados.
Não podemos considerar que
ainda existam ordenados em atraso,
como noutras equipas. Está um
mês por pagar. Não é por aí que as
coisas vão mal. Pior é ainda não
terem chegado a acordo com uma
equipa técnica, nem com jogadores
novos. A LagosSport foi quem
resolveu o nosso problema. Agora
estão à espera que José Veiga lhes
passe as acções, para assumirem o
comando do clube. É uma pena.
No princípio da época éramos candidatos
ao título. Agora já vamos
com mais de dez pontos de atraso.
Alguma vez pensou rescindir
contrato?
Na altura em que o clube anunciou
falência, todos os jogadores o
fizeram. E eu não fugi à regra. Acabei
por voltar atrás porque falaram-nos
da possibilidade de as coisas
mudarem. Aqueles que tinham
clube arrancaram. Nenhum deles
ficou desempregado. Também tinha
para onde ir, mas decidi arriscar.
O que se poderia fazer em
Portugal para acabar de vez com
ordenados em atraso em clubes
profissionais?
Não entrar em loucuras. Cada
vez oiço mais os meus colegas
dizerem que mais vale pouco e
certo, do que muito e nunca o
receber. Pagam-se salários demasiado
elevados para a dimensão
e capacidade dos clubes. Não sei
se é o caso do Estoril. Na II Liga
prometem-se ordenados impossíveis
de pagar. A vinda de espectadores
ao estádio poderia trazer
mais dinheiro, mas o estado da
nossa economia não permite a
compra de bilhetes. Ir ao futebol
é um luxo. Não sei como, mas
acredito que as coisas possam
mudar.
Foi José Mourinho que o chamou
ao plantel sénior da União
de Leiria. Que recordações tem
desse momento e daquele que é
considerado, actualmente, o
melhor treinador do mundo?
Ele precisava de quatro guarda-redes
para um treino. Era júnior
de primeiro ano e chamou-me.
O treino correu-me bastante bem
e voltou a chamar-me mais vezes.
No ano seguinte, acabei por assinar
um contrato profissional. Dele
tenho tudo de bom a dizer. Dentro
do campo é uma pessoa bastante
exigente e cá fora é bastante
amigo dos jogadores e sabe
como cativá-los. Não ia treinar
todos os dias, mas aquilo que
conheço dele chega para o considerar
um fora de série. A arrogância
que transparece cá para
fora não condiz com o que se
passa no balneário. Mourinho
paga com amizade o nosso esforço
dentro do campo.
Gostaria de voltar à União de
Leiria?
Gostava e não diria que não.
O União é um grande clube e, este
ano, tem tudo para alcançar os
objectivos a que se propõe. Depois
da entrada de Jorge Jesus, tem
feito uma época excelente. Lutar
pela Europa é mais difícil. São
muitas as equipas com qualidade
no nosso campeonato.
Se fosse seleccionador que
guarda-redes escolhia para defender
as redes da equipa nacional?
Vítor Baía! Não sei se é por
birra que Scolari não o convoca
ou se gosta mais do Ricardo
a título pessoal. É muito
estranho que não exista uma
explicação do seleccionador
para a não convocação de Baía.
Mas estar no lugar dele não
deve ser fácil. Cada um tem as
suas opções e há que as aceitar.
Neste ponto, o guardião do
Porto tem-se portado muito
bem. Não comenta nem vai para
os jornais pôr em causa a decisão
do técnico.
Como comenta a fraca assitência
aos jogos da União de
Leiria?
Quando fizeram o estádio pensei
que as pessoas iriam aderir
cada vez mais ao futebol. Enganei-me.
Não percebo. É triste, ainda
por cima sabendo que este ano
o Leiria está a fazer uma boa época
e os bilhetes até são acessíveis.
Deve ser muito triste para
um jogador verificar que em casa
estão quase sempre mais adeptos
da equipa adversária. ■
Ricardo Rosenheim Rodrigues