Os caminhos da reforma - Jornal de Leiria

More documents

Recommendations

Info

2 | 2 de Fevereiro de 2006 | SOCIEDADE | JORNAL DE LEIRIA | EDITORIAL | C a r t o o n | Reformados activos Devido à ameaça de falência da Segurança Social, a reforma chega agora mais tarde. Muita gente se levantou indignada contra o prolongamento da vida activa, alguns com razão. A reforma tantas vezes desejada quando o cansaço ou os problemas aparecem no trabalho acaba por ser a causa de muitas das dificuldades no Outono da vida. Aos primeiros meses de euforia em que se faz aquilo que durante anos se desejou, como viajar, dormir até mais tarde, almoçar sem o tempo contado ou dormir uma sesta a meio da tarde, seguem-se, para muitos, anos de vida vazia, sem desafios, sem emoções, sem responsabilidades. Passa a ser uma vida sem objectivos e sem alma. Sem baixos que valorizem os altos. Começa a darse importância a coisas pequenas, a valorizar problemas mínimos, a ter tempo de mais e temas de menos para pensar. Muitas vezes surgem depressões ou nota-se um aceleramento no envelhecimento. Está provado que a actividade intelectual e física são fundamentais para a manutenção da vitalidade do corpo e da mente. Quem se deixa cair neste tipo de vida torna-se muitas vezes num problema para as pessoas mais próximas e para a sociedade em geral. As doenças aparecem mais facilmente aumentando a necessidade de cuidados de saúde e de acompanhamento. Há, no entanto, quem encare essa fase da vida de uma forma mais positiva, recusando- -se a deixar simplesmente que os dias passem. Voluntariado em associações, retorno aos bancos das escolas para aprender o que não foi possível noutras fases da vida, nova actividade profissional, ou mesmo o adiar da reforma, continuando a exercer a actividade de sempre, são formas de continuar com uma vida activa e preenchida, por vezes mais saudável do que a que se tinha antes. Numa altura em que tanto se fala do peso das reformas para as contas do Estado e da diminuição de trabalhadores activos por reformado, quem se encontra nessa situação pode dar um contributo importante para a sociedade, rejeitando o sofá ou os bancos dos jardins. O mais beneficiado será, no entanto, o próprio indivíduo, que dessa forma dará vida aos anos, vivendo de forma mais entusiasmante o tempo que poderá ainda viver.■ Tome-se uma folha avulsa. Não importa a origem ou qualidade do papel. Tão pouco o estado. Para o efeito a que se destina, qualquer uma serve. Exige-se, apenas, que nela esteja transcrita uma história. De vida. Ou de sobrevivência. Tanto faz. Indispensável, apenas, que tenha ainda um pouco de espaço em branco. Não muito. O bastante para escrever algumas apreciações mais. Talvez mesmo uns esquissos, um ou outro rabisco involuntário de mão desatenta. É fundamental que se não perca a noção de que o todo é diferente da soma das partes, pelo que os acréscimos distraídos de última hora não deverão nunca ser tomados como leviandade de quem se serve da folha por uma última vez. Antes se deve atentar pormenorizadamente a eles, que o espaço em branco lhes estava reservado, que os desenhos e palavras a tinta apostos surgiram porque a folha ali estava disponível para a função, que irromperam porque o antes existia e o depois é sua consequência indelével. Assim se cumpre o desígnio de uma folha de papel. De branco nascida para que nela se escreva a memória das coisas. E porque cada folha é única cuida-se para que nela se reproduza apenas o essencial. O que mais tarde terá mérito e cabimento para ser recordado. E o escrito de outrora mais o anotado do presente | I m p r e s s õ e s | Amarrotado de papel João Lázaro* S U M Á R I O Sociedade A construção de uma sede, com um espaço destinado a Actividades de Tempos Livres, é um dos projectos que a Associação Social, Recreativa e Cultural Cigana de Leiria (Ciglei) pretende concretizar nos próximos anos. Tirar crianças ciganas das feiras é um dos objectivos. página 7 A mais antiga sucata de Leiria, situada na Rua Paulo VI, será deslocada para uma das zonas industriais do concelho de Leiria. Fonte da Câmara Municipal confirma que as negociações com o proprietário decorrem há vários meses e que já lhe foi apresentado um local definitivo para a mudança, estando o executivo à espera de um acordo para avançar. página 7 O serviço de Pediatria do Hospital de Leiria está dotado, desde terça-feira, de um sistema de protecção electrónico de crianças e posicionamento local, denominado Baby Match, que ajudará a prevenir eventuais raptos. página 11 Política Américo Coelho deverá abandonar as funções de vereador do PS da Câmara de Leiria por alegadamente ter entrado em rota de colisão com o colega de bancada, Raul Castro. "Já falei com o PS. A desilusão é total. Não resolveram nada, se fundem em coisa única na expectativa de existir mais além. Que mesmo a mais humilde e banal folha de papel se pode transfigurar, pelo fim de vida, em dobragem feita avião lançado ao acaso ou mesmo em barquito de navegar sarjetas. Por vezes a vida (ou a impossibilidade de a termos vivido conforme o desejado) leva-nos a crer na quimera de podermos reescrever a nossa história, tantas vezes quantas as necessárias para que saia perfeita. Contudo, no esforço de a querermos redigir irrepreensivelmente acabamos, por vezes, por gastar o tempo todo da própria vida numa tarefa sem fim. E deixamos a vida passar por nós. E servimo-nos das folhas uma após outra, como se, pelo que nelas escrevemos, fosse possível encontrar a razão que buscamos por dentro. Há folhas que se abandonam por falta de préstimo. Outras porque sabemos das demais que por aí abundam. Há folhas, também, que amarrotamos de modo precipitado. Sem o cuidado de reparar que nelas escrevemos partes importantes de uma história de vida. Sem atendermos ao valor da própria folha. Amarrotado de papel que lançamos ao lixo. Irreparável. Que uma folha amarrotada mantém gravado o que nela foi escrito, mas jamais voltará a ter o toque macio de uma superfície. ■ * Psicólogo Clínico chutaram para canto", confessa o eleito socialista ao JORNAL DE LEIRIA. página 13 Economia Eram 27 operários, mas só 15 aguentaram até ao último dia da fábrica Porcelania, em Évora de Alcobaça. A unidade do Grupo Fapor fechou as portas na terça-feira. Nos olhos de Elvira Mendonça Santos adivinhava-se a tristeza de abandonar a fábrica 11 anos depois do primeiro dia de trabalho. página 20 Desporto O defesa central Hugo Costa e o extremo esquerdo Hadson foram os últimos reforços do União de Leiria para esta temporada. O médio-defensivo Néné foi emprestado ao Desportivo das Aves até ao final da época. página 24 Viver Wagner disse: "O maior dos génios [Deus] louvou Mozart acima de todos os maestros, de todos os tempos e de todas as artes". Charles Gounod confessou: "Perante Mozart, toda a minha ambição se transforma em pesadelo". Arthur Miller considerava-o: "A felicidade antes de ter sido conhecida" e Einstein referiu-se a ele como "O maior de todos os compositores". Wolfgang Amadeus Mozart nasceu há 250 anos... páginas 2 e 3
Forum j o r n a l d e l e i r i a 2 de Fevereiro de 2006 | 3 Facto da semana Câmara lança concurso internacional para shopping em Leiria A Câmara Municipal de Leiria lançou, contra todas as expectativas, um concurso internacional para a construção do centro comercial regional na zona entre o mercado municipal e o estádio. Esta decisão, defendida por Herculano Cachinho no "Estudo de avaliação dos Impactos dos centros comerciais na cidade de Leiria", na qual o Liz Shopping era indicado como a melhor das três soluções, é justificada com a necessidade de instalar o empreendimento num local que não penalize o comércio do centro. Como comenta a deliberação da autarquia? RICARDO GRAÇA Depoimentos Pedro Faria presidente da Nerlei Aquilo que interessa em termos de desenvolvimento do distrito é que haja um centro comercial de dimensão razoável em Leiria como indicam os estudos feitos. Ficar mais à esquerda ou mais à direita não é importante do ponto de vista do desenvolvimento económico da região. Já o mesmo não se pode dizer em relação às consequências da sua localização, que podem ser funestas para os comerciantes do centro da cidade e da zona histórica. Sendo assim, a Câmara tomou uma boa decisão, porque quanto mais estiver no centro da cidade menos prejudica o comércio e até pode haver sinergias entre uma coisa e outra. A escolha daquele local tem todo o nosso apoio. António Soares empresário Segundo Herculano Cachinho, o local ideal seria o Jardim Luís de Camões. Nós defendemos a Rodoviária devido à sua centralidade, pois criaria alguma sinergia à volta do próprio centro. Também não sabemos se o centro comercial será de média dimensão ou se será um megacentro, tipo Almada ou Coimbra. Se for de média dimensão, tipo Aveiro ou Viseu, poderá ser um bom complemento ao comércio tradicional. Mas se a dimensão for excessiva funcionará como aspirador ao próprio centro, o que é negativo, mesmo naquele local. Defendemos um projecto de média dimensão e equilibrado, se possível na Rodoviária, ao nível de um "Dolce Vita" de Coimbra ou das Antas. Vejo com bons olhos essa aproximação ao centro da cidade, ou então o mais longe possível. Concordo perfeitamente. Quanto mais perto estiver do centro da cidade mais vai reforçar a centralidade que a cidade tem. As lojas continuarão a competir umas com as outras, vai haver nova concorrência e mais clientela aumentando as oportunidades de negócio, criando-se sinergias com esta complementaridade. Quanto ao local não estou a ver mais nenhum com aquela dimensão. Vamos ter uma infra-estrutura transformada, a médio prazo, num verdadeiro centro comercial regional. Já temos um na periferia. Porquê localizar dois na periferia? Quem quer ganhar o projecto, naturalmente vai ter em consideração algumas características arquitectónicas do ponto de vista da qualidade paisagística. Não tenho dúvidas que vai ser do agrado da maioria dos consumidores da cidade de Leiria e da região Pontos de vista Estou satisfeito porque a Câmara de Leiria pôs de parte os projectos inicialmente previstos. Quanto ao local projectado, não concordo, embora as contrapartidas sejam boas. Há constrangimentos ao nível do trânsito, não vai beneficiar o comércio da parte velha da cidade, antes pelo contrário. Defendo o desenvolvimento harmónico do comércio dentro da cidade e que as periferias se possam desenvolver de forma equilibrada. Na minha opinião seria mais no centro da cidade, se possível junto da Rodoviária. E daqui a mais uns tempos, após a reabilitação da parte velha da cidade, então poder-se-ia pensar num grande centro comercial na periferia, e forma a criar-se outra centralidade. António Fernandes comerciante em Leiria A ideia do centro comercial é positiva. A centralidade é uma questão menos prejudicial para o centro da cidade. A nova proposta, entre o estádio municipal e o rio, faz cair de vez a questão do estádio. Continuamos, contudo, à espera de ver ali uma zona desportiva. As questões fulcrais, agora, serão as acessibilidades e as contrapartidas para a zona urbanizada envolvente e para o centro histórico. Acácio de Sousa presidente da Adlei Herculano Cachinho Coordenador do estudo sobre o impacte dos centros comerciais em Leiria Essa deliberação corresponde a alguns enunciados de Herculano Cachinho no seu estudo. Ao tomar esta posição, a autarquia está a acautelar uma visão estratégica para o desenvolvimento da cidade. José Vitorino Guerra Associação de Defesa do Centro Histórico, Leiria Quanto mais perto ficar do centro da cidade melhor é. A nossa opinião foi sempre ou bem dentro ou bem fora. O meio termo seria mais complexo. Mas quem somos nós para dar opiniões? Os políticos é que sabem. Esta solução pareceu-me o mal menor. Lamento que nunca tivéssemos sido chamados a dar sugestões sobre a localização do centro comercial e que as decisões tivessem demorado tanto tempo a serem tomadas. Não concordo. Nesse local não há espaço para instalar um centro comercial. Depois de se ter feito tantas asneiras no estádio não tem que se compensar uma coisa com a outra. Penso que a parte Norte da cidade, à beira da EN1, seria a melhor localização para um centro comercial, já que o promotor do projecto, o senhor Artur Meneses, apresentava contrapartidas para o centro histórico da cidade. Isso seria benéfico. Agora, entre o estádio e o mercado, nunca. Não tem sentido. É uma coisa descabida. António Rodrigues comerciante em Leiria Carlos Caiado presidente da Acilis Todo e qualquer investimento feito em Leiria é benéfico para a cidade. Poderá trazer emprego e mais desenvolvimento. Sou a favor. Até porque todas cidades de média dimensão têm uma infra-estrutura do género, menos nós. No entanto, a construção do centro comercial não pode colocar em causa o funcionamento da zona histórica e as respectivas envolventes. Aproveitar a zona entre o estádio e o mercado pode ser uma solução interessante. Porque se for bem feito, até poderá constituir uma ponte para o centro histórico. Tem é que ser bem feito e perto do centro da cidade. Verónica Romão comerciante em Leiria
Page 1: O S E M A N Á R I O D A R E G I Ã
Page 5 and 6: | JORNAL DE LEIRIA | SOCIEDADE | 2
Page 11 and 12: | JORNAL DE LEIRIA | SOCIEDADE | SE
Page 13 and 14: | JORNAL DE LEIRIA | SOCIEDADE | PO
Page 15 and 16: | JORNAL DE LEIRIA | SOCIEDADE | EN
Page 17 and 18: | JORNAL DE LEIRIA | OPINIÃO | 2 d
Page 19 and 20: ■Economia■ 2 de Fevereiro de 20
Page 21 and 22: | JORNAL DE LEIRIA | ECONOMIA | 2 d
Page 23 and 24: | JORNAL DE LEIRIA | ECONOMIA | AUT
Page 25 and 26: | JORNAL DE LEIRIA | DESPORTO | 2 d
Page 27 and 28: | JORNAL DE LEIRIA | DESPORTO | 2 d
Page 29 and 30: | JORNAL DE LEIRIA | EMPREGO | 2 de
Page 31 and 32: ■ Saúde ■ | JORNAL DE LEIRIA |
Page 33 and 34: ■ Classificados ■ 2 de Fevereir
Page 35 and 36: | JORNAL DE LEIRIA | UTILIDADES | 2

Os caminhos da reforma - Jornal de Leiria

Create successful ePaper yourself

Delete template?

Save as template?