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e Salvador (Bahia).<br />
Um tipo muito comum de migração inter-regional é a<br />
transumância, ou seja, o deslocamento periódico ou<br />
temporário da população motivado por mudanças<br />
climáticas (sazonal) ou econômicas. As pessoas retornam<br />
ao local de origem quando as condições<br />
que motivaram sua saída temporária são resolvidas.<br />
Um exemplo desse tipo de migração ocorre entre os<br />
trabalhadores sem qualificação profissional que residem<br />
entre o Agreste e o Sertão nordestino (os corumbás) e se<br />
deslocam para a Zona da Mata (faixa litorânea) para<br />
realizar o corte da cana. Após a safra, geralmente depois de<br />
alguns meses, retomam aos seus locais de origem.<br />
A migração inter-regional<br />
A migração de pessoas entre as regiões brasileiras foi e<br />
continua sendo a mais típica e a quantitativamente mais<br />
expressiva dentre as transferências populacionais no<br />
interior do nosso país.<br />
Durante meio século de história, a região Nordeste que<br />
nunca recuperou a importância econômica após o declínio<br />
da economia açucareira (nos séculos XVI e XVII),<br />
caracterizou-se como região de expulsão populacional.<br />
Primeiro, para a região Sudeste; depois, para as novas<br />
"fronteiras agrícolas" das regiões Norte e Centro-Oeste. A<br />
região Sudeste, ao contrário, viveu dois momentos<br />
fundamentais para a economia brasileira - a economia<br />
cafeeira e a industrialização - além da descoberta do ouro,<br />
em tempos coloniais. Por esses fatores e por ter abrigado a<br />
capital federal (a cidade do Rio de Janeiro) até o início da<br />
década de 1960, o Sudeste tornou-se o "coração econômico<br />
do país" e, em consequência, a maior região de atração<br />
populacional do Brasil, principalmente até a década de<br />
1980.<br />
Porque sair do campo e ir para as cidades<br />
A saída da população das zonas rurais para as zonas<br />
urbanas - êxodo rural - é o principal movimento<br />
populacional interno brasileiro.<br />
As péssimas condições dos moradores das áreas rurais,<br />
como a alimentação insuficiente, super-exploração da<br />
mão-de-obra, poucas oportunidades de trabalho para os<br />
jovens, secas prolongadas, baixos salários, mecanização de<br />
algumas lavouras e, principalmente, a industrialização que<br />
se acentuou após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945)<br />
constituem as principais causas do intenso êxodo rural<br />
brasileiro.<br />
A vez do Norte e do Centro-Oeste<br />
A partir da década de 1960 ocorreram grandes fluxos<br />
migratórios rumo às regiões Norte e Centro Oeste, que se<br />
refletiram nos expressivos crescimentos populacionais.<br />
Esses significativos crescimentos demográficos tiveram<br />
nas migrações sua causa mais importante. Os principais<br />
contextos históricos que envolveram essas migrações para<br />
as duas regiões anteriormente destacadas foram: a partir da<br />
década de 1970, as migrações internas para o Norte e o<br />
Centro-Oeste foram provocadas pelo Governo Federal. Era<br />
o período militar (1964-1984), quando a ênfase nas grandes<br />
obras ocultava a repressão política interna. Entre essas<br />
grandes obras estavam as construções das rodovias<br />
Transamazônica (região Norte) e Cuiabá-Santarém<br />
(regiões Centro-Oeste e Norte, respectivamente) e um<br />
projeto de colonização que fixaria os novos migrantes em<br />
uma faixa de 10 km ao longo dessas rodovias. Era inclusive<br />
uma maneira de desviar o fluxo migratório do Sudeste, que<br />
já apresentava sinais de saturação.<br />
Posteriormente, projetos agropecuários, de mineração,<br />
tanto do governo brasileiro quanto estrangeiros, e a<br />
possibilidade de enriquecimento através de garimpes,<br />
atraíram milhares de nordestinos e sulistas,<br />
respectivamente, para essas regiões.<br />
Esses intensos fluxos migratórios para essas áreas, que<br />
ficaram conhecidas como novas fronteiras agrícolas, foram<br />
os responsáveis por torná-las as de maior crescimento<br />
populacional no Brasil.<br />
As migrações internas no século XXI<br />
Mais recentemente, a partir das décadas de 1980 e 1990,<br />
novas tendências passaram a contradizer o que antes<br />
parecia imutável, isto é:<br />
- diminuição da migração interna rumo ao Sudeste, como<br />
reflexo do aumento das migrações inter-regionais;<br />
- diminuição da migração interna rumo às duas metrópoles<br />
nacionais: São Paulo e Rio de Janeiro. Verifica-se essa<br />
tendência a partir de uma comparação com outras capitais.<br />
As cidades que apresentaram maior crescimento foram as<br />
que receberam, entre outros fatores, maior fluxo<br />
migratório, como Boa Vista, Curitiba, Porto Velho e outras.<br />
A volta de nordestinos aos seus estados de origem também<br />
foi significativa, e principalmente a busca das capitais da<br />
região, como Fortaleza, Salvador e Recife, começa a mudar<br />
o seu perfil de área de expulsão populacional, embora<br />
paradoxalmente isso não signifique diminuição da pobreza<br />
de sua população.