1.2 Planejamento e Manejo do Uso PúblicoConceito sobre os méto<strong>dos</strong> <strong>de</strong> avaliação <strong>de</strong> impactosAs primeiras ações <strong>de</strong> controle <strong>dos</strong> impactos<strong>da</strong> visitação foram foca<strong>da</strong>s no conceito <strong>de</strong>capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> carga, originalmente aplicado <strong>em</strong>disciplinas <strong>de</strong> manejo <strong>de</strong> pastagens. Este conceito, parao caso do manejo <strong>da</strong> visitação, t<strong>em</strong> como pr<strong>em</strong>issasbásicas verificar o número <strong>de</strong> visitantes que uma áreapo<strong>de</strong> tolerar, s<strong>em</strong> que ocorram impactos inaceitáveisaos recursos naturais e à experiência do visitante.A falta <strong>de</strong> aporte científico induziu os gestores <strong>da</strong>sáreas naturais protegi<strong>da</strong>s à interpretação <strong>de</strong> que osimpactos inaceitáveis ocorreriam somente <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>excedido o número <strong>de</strong> usuários que a área po<strong>de</strong>riasuportar (Krumpe, 1999).Era esperado que um número máximo <strong>de</strong> usuáriospu<strong>de</strong>sse ser especificado, para que a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>sativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s recreacionais fosse manti<strong>da</strong> (Hammit &Cole, 1998). No entanto, o levantamento realizadopor Stankey et al. (1985) revelou que <strong>de</strong> 1970 a1990, foram publica<strong>dos</strong> mais <strong>de</strong> 2.000 estu<strong>dos</strong>tratando <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> carga recreativa, e que18
a característica mais marcante apresenta<strong>da</strong> foi a <strong>da</strong>falta <strong>de</strong> procedimentos eficientes na aplicação doconceito <strong>em</strong> campo.Para McCool, apud Takahashi (2004), o paradigma<strong>da</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> carga fracassou principalmenteporque se preocupava <strong>de</strong>masia<strong>da</strong>mente coma questão “Quantos visitantes eram <strong>de</strong>mais?”,enquanto várias pesquisas mostravam que muitos<strong>dos</strong> probl<strong>em</strong>as do uso recreativo <strong>de</strong>corriam mais docomportamento ina<strong>de</strong>quado <strong>dos</strong> visitantes do quedo elevado número <strong>de</strong> pessoas.Os efeitos <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s recreativas, que inclu<strong>em</strong>impactos sobre a vegetação, o solo, a fauna, a água ea quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> visitação, são afeta<strong>dos</strong> pela frequência,distribuição, tipo <strong>de</strong> uso e comportamento <strong>da</strong>spessoas, pela estação do ano, condições ambientaise ações <strong>de</strong> manejo implanta<strong>da</strong>s (Krumpe, 1999;Manning & Lime, 1999; Hammitt & Cole, 1998).Instituições que administram os parques nos EUA,procuraram maneiras <strong>de</strong> incorporar conceitosbasea<strong>dos</strong> na capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> carga recreativa nosprocessos <strong>de</strong> planejamento. Assim, o primeiroinstrumento <strong>de</strong> planejamento proposto paramelhorar o manejo <strong>da</strong>s áreas protegi<strong>da</strong>s foi o Limitsof Acceptable Change - LAC (Stankey et al. 1985).Outros instrumentos <strong>de</strong> planejamento forampropostos posteriormente, Visitor Impact Manag<strong>em</strong>ent- VIM (Graefe et al. 1990; Kusset al. 1990) e VisitorExperience and Resource Protection - VERP proposto <strong>em</strong>1993 (National Park Service, 1997).Os processos <strong>de</strong>stes méto<strong>dos</strong> são conceitualmentesimilares e foram <strong>de</strong>senvolvi<strong>dos</strong> especificamentepara li<strong>da</strong>r com a questão <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> suporte<strong>em</strong> áreas silvestres e <strong>em</strong> parques nacionais (Cole &McCool, 1997). A principal ênfase apresenta<strong>da</strong> nestesméto<strong>dos</strong> está no conceito <strong>de</strong> que as <strong>de</strong>cisões <strong>de</strong>manejo estão basea<strong>da</strong>s nas condições do recurso,e não nos níveis <strong>de</strong> visitação e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>infraestrutura.Para que as ações <strong>de</strong> manejo sugeri<strong>da</strong>s nas etapasfinais <strong>dos</strong> méto<strong>dos</strong> cita<strong>dos</strong> possam ser avalia<strong>da</strong>s,é necessária a implantação <strong>de</strong> um programa <strong>de</strong>monitoramento, on<strong>de</strong> se utilizam indicadores <strong>de</strong>impacto e padrões <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> que caracterizamos objetivos <strong>de</strong> manejo e o zoneamento <strong>da</strong> UC.A base <strong>de</strong> todo o processo está na realização domonitoramento contínuo <strong>da</strong>s condições biofísicas esociais <strong>da</strong> área natural.Para selecionar estratégias <strong>de</strong> manejo eficientes, quereduzam ou control<strong>em</strong> os impactos, os gestores <strong>da</strong>sáreas protegi<strong>da</strong>s necessitam <strong>de</strong> informações objetivase atualiza<strong>da</strong>s <strong>da</strong> intensi<strong>da</strong><strong>de</strong>, extensão e do padrão <strong>de</strong>distribuição <strong>da</strong>s diferentes formas <strong>de</strong> impacto (Leung& Marion, 1999).Os méto<strong>dos</strong> <strong>de</strong> planejamento <strong>da</strong> visitação atualmenteutiliza<strong>dos</strong> caracterizam-se por ser<strong>em</strong> dinâmicos. Suaênfase está na condição futura <strong>de</strong>seja<strong>da</strong>, <strong>de</strong>signa<strong>da</strong>através <strong>da</strong> utilização <strong>de</strong> indicadores que <strong>de</strong>screv<strong>em</strong>as condições atuais, fazendo com que os padrões<strong>de</strong>sejáveis para a intensi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>dos</strong> impactos nosrecursos naturais ou na experiência do visitante, sejamalcança<strong>dos</strong> através <strong>de</strong> ações administrativas.A Tabela 1, na próxima página, apresenta um resumocomparativo <strong>da</strong>s etapas ou passos <strong>dos</strong> três principaisinstrumentos <strong>de</strong> planejamento <strong>da</strong> visitação (LAC, VIM,VERP). Em alguns casos, o processo <strong>de</strong> planejamentoé <strong>de</strong>senvolvido através <strong>de</strong> uma combinação entr<strong>em</strong>éto<strong>dos</strong> diferentes, com a finali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> a<strong>de</strong>quar ociclo do manejo à reali<strong>da</strong><strong>de</strong> a ser monitora<strong>da</strong>, b<strong>em</strong>como aproveitar o que há <strong>de</strong> melhor <strong>em</strong> ca<strong>da</strong> sist<strong>em</strong>a.19