EntrevistaLiderança em pesquisacientíficaPor Caroline MartinOcurrículo profissio<strong>na</strong>l que soma pouco mais de 40 anos deexperiência nos setores florestal e de celulose e papel em diversasfrentes de atividades prova que não faltaram motivospara que o professor doutor Celso Foelkel, ex-presidente da Associação<strong>Brasil</strong>eira Técnica de Celulose e <strong>Papel</strong> (ABTCP), recebesse o troféuMadeira 2010 <strong>na</strong> categoria Pesquisador. O prêmio Madeira é um dosdestaques do tradicio<strong>na</strong>l evento Madeira, organizado a cada dois anospelo Instituto Besc Humanidades e Economia (http://www.institutobesc.org),com forte apoio das entidades representativas do setor debase florestal brasileiro. Engenheiro agrônomo silvicultor de formação,Foelkel já publicou mais de 500 artigos técnicos científicos, palestras,colu<strong>na</strong>s e opiniões, atuou <strong>na</strong> gestão de pesquisa e desenvolvimento deempresas do setor, foi professor em cinco universidades, desenvolveureconhecidas ações <strong>na</strong> área institucio<strong>na</strong>l em nível mundial e, atualmente,empenha-se muito em outro campo. “Em vez de dar aulas aum grupo restrito de alunos, percebi que poderia levar informação amilhares de pessoas por intermédio da internet.” É com grande entusiasmoque Foelkel fala sobre o projeto Eucalyptus Online Book comoideia pioneira de lançar um livro digital bilíngue, totalmente gratuito,disponível nos websites www.abtcp.com.br e www.eucalyptus.com.br,sobre a fibra que levou o <strong>Brasil</strong> a ocupar destacadas posições no cenáriomundial do setor como produtor de celulose de fibra curta branqueadade eucalipto. Nesta entrevista, o Dr. Foelkel revela detalhes sobre oatual campo de pesquisa brasileiro e aponta os rumos que o setor decelulose e papel tende a trilhar nos próximos anos.Foelkel: “engenheiros daoperação e pesquisa ficamdomi<strong>na</strong>dos pelo uso datecnologia e se afastamdo processo; deixam de iràs fábricas!”banco de imagens abtcp / Sérgio Britto<strong>Revista</strong> O papel – Quais são ospois não existe tanta demanda paraquisadores nos tempos de faculdade,incentivos públicos para se tor<strong>na</strong>r umessas competências no País. Ainda faltamas acabam tendo de seguir caminhospesquisador no <strong>Brasil</strong>?uma participação maior das empresas,inesperados (ou indesejados) para suasCelso Foelkel – As universida-não ape<strong>na</strong>s em manter pesquisadorescarreiras, dando lugar a uma frustraçãodes públicas constituem-se no berçono seu quadro funcio<strong>na</strong>l, mas tambémprofissio<strong>na</strong>l. Essa desistência de perse-do pesquisador brasileiro. A grandeem apoiar pesquisas feitas por institui-guir seus sonhos também é uma formavantagem dessas instituições de en-ções especializadas no assunto.silenciosa de perder nossos talentos <strong>na</strong>O PAPEL - Junho 2010sino está <strong>na</strong> possibilidade de oferecerao cientista condições de atuação emduas frentes: ensino do conhecimentocomo carreira e desenvolvimento dasinovações por meio das pesquisas acadêmicas.O grande dilema é a limitaçãoO <strong>Papel</strong> – Por isso é que os talentosbrasileiros nesse campo acabampor ir buscar fora do <strong>Brasil</strong> a valorizaçãopelos seus projetos desenvolvidos?Foelkel – Sim. Outra situaçãociência e <strong>na</strong> tecnologia <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l.O <strong>Papel</strong> – E as parcerias empresa–universidade<strong>na</strong> pesquisa edesenvolvimento não são uma formade melhorar esse cenário?10pela qual os alunos passam depois deterem se formado e/ou pós-graduado,comum é refletida em casos de profissio<strong>na</strong>isque foram excelentes pes-Foelkel – Na área florestal, diversasempresas participam de programas
cooperativos de ajuda mútua orien-governo incentiva o desenvolvimentovisão de curto prazo deve ser a razãotadas por algumas instituições (Ipef,industrial com investimento público,da desatenção.Sif, Cepef, Fupef e outras). O Projetomas tem de haver maior contrapartidaGenolyptus – Genoma do Eucalipto édas empresas. É difícil entender essaO <strong>Papel</strong> – Como o senhor vê oum bom exemplo. Cerca de dez uni-problemática da baixa demanda. Defuturo da produção <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l de celu-versidades se uniram a outra deze<strong>na</strong> deforma geral, as empresas do setor têmlose e papel?empresas para a realização do estudo,equipes de pesquisa <strong>na</strong> área florestalFoelkel – Vejo o futuro do setorsem contar a participação do governo,e industrial, mas poucas investem emcrescente em relação à reciclagem e aoque no fi<strong>na</strong>l patrocinou grande parteadequados centros ou laboratórios. Tal-reaproveitamento dos eventuais resídu-do projeto. Na busca por fazer flores-vez ainda encarem as pesquisas comoos da produção, após minimização detas de eucaliptos de melhor qualidadegastos, e não como investimentos. Asua geração. Além disso, a indústriae produtividade, o governo e algunsquantidade de recursos disponibilizadanão será mais focada em uma só árearepresentantes do setor acharam quea projetos de desenvolvimento tecno-produtiva (como celulose de mercadoa genética molecular poderia ser umalógico é peque<strong>na</strong>, representando dee <strong>na</strong>da mais), mas sim mais ampla egrande vantagem para a nossa indús-0,3% a 0,5% do faturamento total daintegrada a outros negócios (clusters).tria. Continuam, portanto, investindoempresa. Curiosamente, a maioria dasCom as oportunidades disponíveis emnessa pesquisa.pesquisas é de otimização do processobiocombustíveis, no uso de resíduosatual, e não orientada ao mais longoe em muitos outros campos, surgirãoO <strong>Papel</strong> – Mas os resultados doprazo. Essa é a realidade!arranjos produtivos mais amplos. ParaProjeto Genoma do Eucalipto não serãoque essas interações aconteçam, muitasacessíveis a toda a indústria <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l?O <strong>Papel</strong> – Qual seria o motivo dapesquisas de desenvolvimento tecnoló-Foelkel – É uma pesquisa dedesatenção para a necessidade de segico serão necessárias. O ferramentallongo prazo. Além disso, há a questãoelevarem esses investimentos no setore as oportunidades disponíveis hojede a sociedade aceitar a produção dode celulose e papel?são i<strong>na</strong>creditáveis – para empresas eeucalipto geneticamente modificado.Foelkel – Hoje o <strong>Brasil</strong> é líderpessoas inovadoras (quer sejam pesqui-De qualquer forma, acredito que omundial em produtividade florestal,sadores ou não). Hoje o técnico conse-acesso aos dados será prioritário (masgraças à pesquisa científica nessegue fazer comparações entre sua qua-não exclusivo) àqueles que estão con-campo. Estamos inseridos em umalidade, seus níveis de produção e suatribuindo com a pesquisa. É <strong>na</strong>turalindústria de processo, com alto im-tecnologia com muito mais facilidade.que as empresas invistam em projetospacto da economia de escala. PorEntretanto, todo esse acesso a novasinteressantes ao mercado em que estãoisso, a inovação é fundamental paratecnologias de informação se refleteincluídas. Não enxergo o fato de terema sustentabilidade dos negócios no<strong>na</strong> gradual perda da sensibilidade dosexclusividade em relação a alguns da-nosso setor. Contudo, os focos de pes-técnicos para seu processo produtivo.dos das inovações como negativo, poisquisa são diferentes <strong>na</strong> prática, tantoMuitos engenheiros da operação e dao País precisa que nossas empresaspor parte dos fabricantes quanto dospesquisa ficam domi<strong>na</strong>dos pelo usolíderes se mantenham competitivasfornecedores. Enquanto os produtoresda tecnologia (computadores e web)mundialmente, e as informaçõesfocam suas atenções em pesquisas dea ponto de se afastarem do processoprivilegiadas significam poder nodesenvolvimento operacio<strong>na</strong>l, com oprático. Deixaram de ir às fábricascenário inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l da ciência eintuito de tor<strong>na</strong>r suas fábricas maise às florestas para conversarem comtecnologia, também para o setor decelulose e papel.O <strong>Papel</strong> – Como o senhor vê oavanço da área de ciência e tecnologiano País?Foelkel – As fontes de fi<strong>na</strong>nciamentoexistem há muito tempo. Oprodutivas e eficientes, os fornecedoresdesenvolvem pesquisas paraotimizar seus equipamentos e o usode produtos químicos. A visão é muitofocada no curtíssimo prazo e nos custosoperacio<strong>na</strong>is e não tem a amplitudeque a inovação exige para acontecer,de fato, como parte da história. Essasuas máqui<strong>na</strong>s e árvores. Essa distânciapode acabar custando carodemais, com a perda não somente dasensibilidade, como da própria razão.Espero que isso venha a mudar; casocontrário, poderemos ter surpresasdesagradáveis em nosso caminho paraum futuro mais competitivo.O PAPEL - Abril Junho 2006 201011
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