O PAPEL - Junho 201028reiros. Sutileza: a unidade mínimado exército espartano não era umsoldado; era uma dupla de soldados.Ataque e defesa. Equipe.Da virtude vem o espírito, queera desig<strong>na</strong>do como “a região daverdade e belezas eter<strong>na</strong>s”. Foinessa atmosfera que os gregos nosdeixaram o seu legado, tão acimadas nossas atuais percepções do quedeve ser a vida em sociedade.Desse legado nos chegam acervosque nos surpreendem: a visão do“legislador–educador”, questão impensávelno momento atual de nossasociedade; a visão “educação–honra”,deixada nos textos de Homero,Platão e Aristóteles; a visão “trabalho–honra”,deixada nos textos deHesíodo; a de “medici<strong>na</strong>–honra”deixada por Hipócrates, e a bravuraguerreira expressa nos termos de“astúcia–prudência”.Desse passado nos vem a expressãotalòs (“estar com os deuses”). Eraa preocupação dos mestres que seusalunos convivessem com os deuses.De talòs nos vieram as expressõestalento e vocação, <strong>na</strong> relação “trabalho–honra”e também “homem–virtude–grupo–sociedade–equipe”.Tudo isso é passado.Construção do conhecimentoNo âmbito da visão moder<strong>na</strong>, emespecial no <strong>Brasil</strong>, veio a dissolução e adestruição das fundações da sociedadevirtuosa. Veio, então, a debilidade,a falta de segurança e até a impossibilidadede qualquer ação educativa(Werner Jaeger).De um momento histórico em que ocentro das preocupações da sociedadeera a educação, vivemos a nossa realidadedo dia a dia, <strong>na</strong> qual educação nãoé prioridade. Pior do que isso: a buscada construção do homem virtuosopela educação nem é entendida comoalgo necessário e bom para qualquersociedade, qualquer empresa, qualquerequipe. Tampouco se entende tambémque, <strong>na</strong> construção do homem virtuoso,a educação representa todo o sentidodo esforço humano. Deveria ser esse onosso grande legado.Sociedades focadas no sucesso econômiconão se consolidam <strong>na</strong> ausênciados fundamentos da educação comofoco estratégico. Sociedades focadas<strong>na</strong> educação, <strong>na</strong> gestão do conhecimentocriam os fundamentos estratégicosque lhes permitem aspirar ao sucessoeconômico. O <strong>Brasil</strong> não aprendeuainda essa lição.Registro histórico interessante:constava que o sucesso econômico dospaíses anglo-saxônicos se deveria aofato de que a questão do lucro era algobem-vindo pelas igrejas reformistas, oque não acontece com as igrejas ligadasao catolicismo.Registros mais recentes nos indicamque uma das bases do sucesso econômicoesteve no fato de que a induçãoda leitura da Bíblia levou os crentesreformistas ao poder do conhecimentoe sua dissemi<strong>na</strong>ção. Aprender a ler coma Bíblia gerou o sucesso econômico, nãosomente a visão de que lucro é bom.Educação gerou sucesso econômico.Raramente conhecimento geraresultados. Conhecimento estruturadoe sistematizado pode gerar resultados.Como paliativo à falta do conhecimento,falta de recursos humanos válidos quepossam atender às necessidades dasempresas, aceleramos trei<strong>na</strong>mentos deordem técnica como questão necessáriapara a busca do sucesso econômico.Trei<strong>na</strong>mentos de ordem técnica nãosão suficientes para estruturar e sistematizarconhecimento. Precisamosde mais – mais humanidade, no seusentido virtuoso.A expressão talòs nos leva a algunsquestio<strong>na</strong>mentos. Esses técnicos estarãocom os deuses ou serão ape<strong>na</strong>sarremedos dos homens virtuosos, osquais tanta falta fazem à nossa sociedade?Haverá realmente sucessoeconômico? Os homens que comprarãoos nossos produtos serão virtuososou ape<strong>na</strong>s pequenos zumbis? Comoa construção do homem virtuoso sepropagará dentro de nossa sociedade?Em vez de criarmos tecidos sociaisconvergentes que estruturamsociedades e sucesso econômico,estamos criando colchas de retalhosque não são convergentes e não estruturamsociedades. Voltando aoprimeiro parágrafo, concluímos quenão estamos construindo as basespara o futuro que queremos.Mundo do futuroEm cima de tudo isso, questõesimportantes estão acontecendo. Nuncao desconhecido chegou tão depressa àsportas das nossas sociedades, escolas eempresas. Recordando Nassim Taleb,que escreveu o magnífico texto “Alógica do cisne negro”, estamos emum momento histórico em que o quenão sabemos é mais importante do queaquilo que se sabe.A velocidade dos fatos e a complexidadecom que chegam de formainesperada até nós leva-nos a novostermos <strong>na</strong> administração das empresas,das sociedades, dos países.Estamos habituados a fazer gestão porrelatórios, centros de custos e outrosrecursos mais.Por outro lado, a evolução dos cenáriose mercados ocorrem, atualmente,a partir de toda uma complexidadede fatores e condicio<strong>na</strong>ntes políticos,econômicos, mercadológicos, técnicos,humanos e assim por diante. Essa complexidadese apresenta perante nossasequipes como entidades que passamosa desig<strong>na</strong>r como “fenômenos”.Decorre que estamos vivendo o ciclo
de vida em que a gestão da nossa vida,das nossas empresas, da nossa sociedadese dá por processos permanentes deanálises e diagnósticos de fenômenos.Se o que temos pela frente é odesconhecimento, que chega cada vezmais depressa; se os fatores que nosenvolvem têm a complexidade quenos leva a chamá-los de fenômenos,como será a futura gestão de nossasempresas?Agenda da colu<strong>na</strong> “Administração”• Capacitação e formação do Homem• A importância de saber trabalhar com pouco capital e conseguiros mesmos resultados• Inovação como meio de vida e agente de sustentação dacompetitividade• Benjamin Treggoe – As 14 driving forces• Construção da capacidade para a açãoCADERNO ABPOGestão Estratégica – o ser livrepensanteGestão por fenômenos, gestão emum mundo cada vez mais veloz, inovaçõesa todo instante, partindo de todasas direções. Está claro que o atual padrãocom que fazemos a administraçãode nossas empresas é ainda necessário,mas definitivamente insuficiente.Novos modelos de análise einterpretação do que acontece <strong>na</strong>sempresas e em seus cenários, osfundamentos da gestão pelos grandesnúmeros, são questões altamenteestratégicas. Porém, isso tem umobjetivo muito simples: permitiraos gestores gastar menos tempo eenergia para sustentar o operacio<strong>na</strong>lde suas empresas e dispor de maistempo para percorrer os cenários, vero mundo olho no olho e equilibrar acondução dos fundamentos operacio<strong>na</strong>iscom a vigília do pensamentoe orientação estratégica – orientaçãoestratégica essa para plantar o quevamos colher depois.Neste universo tão instigante,precisamos formar colaboradorescom novos padrões de como olhar einvestigar os fenômenos. Ao longode nossa vida, desde o momento em• Construção da condição competitiva e as três classes deplanejamento• Competitividade e gestão estruturante – a sincronia dos quatromotores de ação da empresa• O jogo estratégico• Dedução de organogramas e estruturas organizacio<strong>na</strong>isque <strong>na</strong>scemos até o momento em quesomos economicamente produtivos,passamos por uma enorme série decondicio<strong>na</strong>ntes.Governos, igrejas, escolas, clubes,universidades são entidades que ensi<strong>na</strong>m,mas também que direcio<strong>na</strong>mnosso jeito de pensar. Dessa situaçãovem a frase famosa do menino apontandoo rei: “Por que o rei está nu?”.Por que somente as crianças fazem asperguntas perfeitas?Retor<strong>na</strong>ndo à paideia, <strong>na</strong> nossaevolução, em vez de crescer o homemvirtuoso, que vive com o espírito –desig<strong>na</strong>do como a região da verdade,liberdade e belezas eter<strong>na</strong>s –, cresce ohomem carregado de filtros, de obediências,que vive o horizonte pequeno,onde a luz brilha tão pouco.Vive a obediência, vive a subordi<strong>na</strong>ção,não consegue fazer valer o seupotencial humano. Como o desconhecidochega cada vez mais depressa,esse homem fica cada vez menor.Precisamos reverter essa questão. Emtal contexto, é preciso imprimir maisvelocidade factual. Perdemos a formaçãodo homem virtuoso, livre.Conhecimento sozinho não geraresultados. Não adianta construirconhecimento sem a certeza de queproduzirá resultados. Nossos filtrosmentais nos levam a análises pobres,abaixo dos nossos potenciais. Comoresolver tudo isso?Mais tempo para o pensar, pelasimplificação da gestão, a busca objetivada equipe virtuosa. Pelo diálogo,pela permanente vigília estratégica,integração permanente de todos <strong>na</strong>sfilosofias das entidades com as quaisconvivemos. Conhecimento paraproduzir resultados.Esta colu<strong>na</strong> mensal é resultado do acordo de cooperação voluntária firmado entre a ABTCP e o Grupo de Excelênciaem Estratégia e Planejamento (GEEP) do Centro do Conhecimento do Conselho Regio<strong>na</strong>l de Administração de SãoPaulo (CRA-SP), coorde<strong>na</strong>do pelo Adm. Profº. Walter Lerner (lernerwl@terra.com.br).Conselho editorial da colu<strong>na</strong>: Adm. Walter Lerner e Engº Luiz BersouO PAPEL - Abril Junho 2006 201029
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