estabelecer uma justa relação entre o fator topografia do terreno e a importância dasmassas. As selvas nos abrigam das investidas do inimigo e as massas camponesas nosajudaram a sobreviver e a crescer. Tivéssemos começado a luta em região sem mata, comterreno desfavorável, já teríamos sido liquidados, mesmo contando com a simpatia dasmassas. Agora, para nós fica patente a diferença radical entre a nossa teoria de GP e aconcepção “foquista”. O fato de o inimigo ter tomado a iniciativa quando ainda nãotínhamos ultimado nossos preparativos, determinou que sofrêssemos um golpe com aprisão de alguns co quando em missão em cidades ou estradas. Mas resguardamos o grossode nossas forças, o que constitui um êxito. A nossa inexperiência militar impediu que, noinício, golpeássemos o inimigo, tanto no DA como no DB. Mas os fatos indicam que odesenvolvimento da luta nos é favorável e será, no futuro, ainda mais favorável. É certo quea cortina de silêncio que a ditadura baixou sobre nossa luta nos é desfavorável. Temos queromper essa cortina, pois se as massas tomam conhecimento da guerrilha, sua repercussãoserá imensa em todo o país. Nossa tática deve consistir em: 1) realizar intensa propagandarevolucionária armada; 2) garantir o auto-abastecimento; 3) levar a cabo ações armadascontra o inimigo, de maior ou menor envergadura. Este tipo de ação ou a ocupação depequena cidade ou lugarejo será sempre um meio de propaganda e uma forma de crescer(conseguir armas, equipamentos, recrutar elementos da massa, etc). Precisamos aproveitar orecuo temporário do inimigo para enviar nossos propagandistas armados a todos os recantosda região, a todas as casas de camponeses.Depois de discutir a situação, fazendo um balanço da atividade de quase um mês emeio. Tomamos as seguintes decisões:desenvolver o sistema de depósitos de abastecimento e criar, apoiado nas massas, uma redede fornecedores;organizar o serviço de informações apoiado nas massas;organizar a propaganda revolucionária armada. Fazer planos concretos: constituir equipes;determinar áreas e os nomes dos moradores a serem visitados, tendo sempre em conta adefesa contra o inimigo;]sempre que possível realizar recrutamento de novos co entre a massa e procurar organizaros camponeses;preparar, à base de informações, ações contra o inimigo (emboscada, assalto, fustigamento).Programar a ocupação de alguns vilarejos ou pequenas cidadesrestabelecer o contato com o DC com a participação de uma equipe do DB (o Ju comoresponsável);estabelecer, com a maior urgência, a ligação com o P;continuar na pesquisa do terreno e prosseguir na elaboração dos “croquis”. Fazer planosconcretos de DD;imprimir o manifesto do MLP;aumentar a guarda e estabelecer normas para o acampamento da CM;emitir um comunicado.Ontem a Rádio Tirana deu excelente notícia sobre a nossa luta. Nota-se que ela foi redigidapor quem está por dentro da situação e conhece nossa preparação. Deve ser o Cid, queimpedido de aqui chegar está nos ajudando de fora.Foi desvendado o mistério do tiro do dia 11, desfechado próximo ao nosso acampamento.Jo acabou se lembrando de que quando se encontrava com o DB, fora ele, perdido na mata,quem dera um tiro de 20 num coxia (um macaco de carne muito boa).
30/5 – No dia 28/5 Ju e Ivo partiram para tomar contato com o acampamento daretaguarda do DA. O Ju foi examinar o Paulo que, segundo informou o Pe, caiu da rede edizia estar com as pernas paralisadas. Aquele co tem dado trabalho ao D. Pouco ou quasenada colabora no trabalho de abastecimento e tem assumido atitudes nada condizentes comas de um revolucionário. Os “bulas” do D acham que a paralisação das pernas é simulação,embora possa não ser consciente. O Ju foi ver do que se trata a fim de evitar qualquerinjustiça. Em exame anterior, ele constatou no Paulo um desvio acentuado de coluna,embora não determinasse nenhuma limitação física. A queda da rede pode ter agravo seuestado e ocasionado uma paralisia temporária ou definitiva. Vejamos o que o Ju vai dizer.Ele estará aqui de volta até o dia 3/6. Seja qual for a situação do Paulo, ele constitui umsério problema para o D.Ontem sobre o nosso acampamento sobrevoou um “teco”. Como antes chovera, elepassou bastante baixo. Parecia estar em viagem normal e não em pesquisa de terreno oulocalização de guerrilheiros. A atividade aérea do inimigo continua permanente.Não temos tido dificuldade de “bóia”. Quase todos os dias conseguimos dois ou trêsjabutis. Alguns são jabutis, outros carumbés. A jabota, quando ovada, merece um poema.Quase todas as noites faz-se substanciosa sopa com os ovos, a madre e o fígado, a qual seacrescenta um palmito de babaçu, castanha de sapucaia e inhame que se consegue nascapoeiras. Leva também um pouco de farinha. É um prato suculento. O Ju não se cansa deentoar loas à jabota ovada. Salve a jabota! Merece um monumento. E certamente o terá.Amanhã o Pe vai sair para pegar o Osv. Logo teremos novas notícias do DB.Falaremos com o C do DB sobre as diretrizes tomadas pela CM. O Jo elabora o plano doDG e pensa também em procurar alguns elementos da massa para assegurar oabastecimento. Breve mudaremos de acampamento para uma área nova.Rádio Tirana continua a insistir na nossa luta, mas se observa que carece de notícias.Estava preocupado com alguns problemas internos do D, mas sem maior importância.Discutimos com ele as diretrizes da CM, com as quais concordou plenamente. Irá tomarprovidências para entrega ao Ju parte do G do Cast a fim de incursionar na área do DC como objetivo de restabelecer a ligação com aquele D. Informa o Osv que na beira do Araguaia,No trecho da Cachoeira, desceram cerca de 90 soldados do Exército, comandados por ummajor. Destes, metade ocupou os portos e a outra metade entrou pelos caminho até CoutoDantas. A massa foi retirada do local e enviada para a beira do rio. Esta providência depoisfoi relaxada, segundo outras informações. Dias depois a tropa retirou-se e não sabemos seregressou ou se foi substituída. Os soldados só avançam pelos caminhos da mata com acobertura de pequenos aviões e helicópteros. Estes costumam, em tais ocasiões, metralhar amata que margeia as estradas (caminhos). No dia 4, Osv voltou ao seu D acompanhado doPe, tendo em vista planificar a atividade do D em nova área, que seja mais povoada.O Ju que, acompanhado do Ivo fora ao DA para examinar a situação de saúde doPaulo, regressou a 2. Desviou-se do rumo e foi bater na porteira do Mano. Por isso atrasousee não foi nem ao ponto. Perder-se na mata é fato normal. Pena é que não trouxeinformações do DA.Mudamos novamente de acampamento. É um local que apresenta um certo confortoe menos exposto que o anterior. A vida nos acampamentos vem se tornando rotina. Naúltima semana intensificou-se novamente a atividade da aviação do inimigo. Quase todo odia helicóptero e pequeno avião pesquisam ponto por ponto da mata. Qual a finalidadedessa atividade? Inquietação? Mapeamento? Cobertura de tropa? Localização deguerrilheiros? Quem sabe?
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hoje, cedo, voltou com um tatu. À
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evólveres. Enfrentamos atualmente
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