opressão e a exploração. O Pará, bem como todo o Brasil, deve ser uma terra livre, semgrileiros e tubarões, onde os pobres possam cuidar de suas terras sem nenhuma perseguiçãoe com a ajuda de um governo verdadeiramente do povo. Somos inimigos irreconciliáveis daditadura. Nossa política é ampla. É preciso se orientar pelo programa do MLP e falarlinguagem acessível à massa. Na propaganda revolucionária armada é indispensável teriniciativa e espírito criador. As massas, se falarmos em linguagem a elas compreensível,virão para o nosso lado. A ditadura com sua política infame só pode ser odiada pelo povo.O importante é esclarece-lo.Dia 3/5 reúne-se a CM e troca idéias sobre os seguintes assuntos: a) localização efuncionamento do Comando; b) ligações com o P; c) a tática a seguir pelas forçasguerrilheiras; d) a propaganda revolucionária a ser desenvolvida na região. Algumasmedidas práticas são tomadas.O DB, antes de levantar acampamento deixou-nos alguns mantimentos que nos dãopara viver alguns dias.7/5 – No dia 5/5 mudamos de acampamento. O local oferece relativa segurança eum pouco mais de conforto. No dia seguinte, Pe vai ao encontro com o Jo e com o Ju.Ninguém aparece. De regresso, traz um jabuti, o que melhora o nosso jantar. O Pe revela-seexcelente mateiro, dominando bem o terreno. Mostra capacidade militar e tudo indica queserá um bom chefe. O Joaq traz uma lata de farinha que estava no último acampamento.Defrontou-se com um bando de caititus. Mas estava sem espingarda, pois a carga era pesademais. Assim, ficamos sem reserva de carne. O Joaq começa a dominar o terreno. Éhomem calmo, tranqüilo e trabalhador. Muito promete como dirigente militar.Estamos com poucas notícias dos DD. Pensamos que breve as teremos. O que nospreocupa, no entanto, é a falta de repercussão da nossa luta. Há quase um mês que fomosatacados e nada se fala a respeito, nem no país e nem no exterior. A Rádio da Albâniacomenta a situação das massas no Ceará, onde lavra a seca, faz comentários de toda ordemsobre o Brasil, mas não diz uma palavra sobre o nosso Pará e a mata em que nosencontramos. Será que o P ainda não sabe de nada? Isto nos faz pensar sobre a sorte do Cid.Aconteceu alguma coisa com ele? Não acreditamos que tenha sido preso. É suficientementevivo e esperto para deixar que o apanhassem. Precisamos dar repercussão à nossa luta. Issoé vital para nós. A extensão do nosso movimento, o número de co que envolve, a bandeiraque levantamos, o tamanho da região conflagrada, bem como a selva, junto àTransamazônica, necessariamente chamarão a atenção sobre nós. É indispensável romper abarreira da censura ditatorial. A propaganda de nossa zona guerrilheira atrairá milhares dejovens para a luta e aumentará o prestígio do P que tem, agora, grandes possibilidades decrescer. Temos urgentemente de nos ligar com o P. É o que faremos na primeiraoportunidade.12/5 – Faz, precisamente, um mês que a luta começou. Embora poucas sejam asnotícias, tudo faz prever que a GP tende a se desenvolver. Ainda não temos elementossuficientes para fazer um balanço. Este será realizado logo que tenhamos novos dados.No dia 9, Pe saiu para tomar contato com o DA e, de volta, trará notícias quefornecerão meios para melhor avaliarmos a situação. Aguardamos, pois, seu regresso.Também não há noivas informações do DB. O Osv não tem aparecido no ponto, mas dentrode poucos dias entrará em ligação conosco. Joaq desde o dia 6 tem ido ao encontro de Jo edos 3 elementos do DB que estão com ele. Mas todos eles têm faltado. Será que seperderam? Julgamos que, hoje, chegarão, uma vez que ontem ouvimos um tiro de 20 pertodo nosso acampamento. Tudo indica que sejam Jo e os demais co. Não pode ser massa
porque não estamos em época de “marisco”. O inimigo não sairá por aí a dar tiros, nemvimos nenhum sinal de sua presença. Estamos à espera do Ju e do Ivo que foram encontrarsecom elemento do DC. Se tudo correu bem, logo estarão aqui.15/5 – A paciência é uma virtude essencial na guerrilha. Isto estamos aprendendo naprática da vida diária. No dia 12 não apareceu ninguém. Nem no dia 13. Ficamos, eu e Joaqque nem piloto em dia sem teto e sem contar com instrumentos de vôo (por coincidênciapor cima de nós voa insistentemente um helicóptero – que chato!). Como poderiamdesaparecer ao mesmo tempo 6 co em duas missões diferentes? Estávamos muitopreocupados. No dia 14 a coisa se esclareceu. Encontramos por acaso o Ju e o Zé Bali(Ivo). Esperaram gente do DC até o dia 10. Não apareceu viva alma. A 11 regressaram. Nocaminho o Ju foi atacado por violenta malária e obrigado a permanecer deitado a 12 e 13.Só a 14 pôde reencetar a marcha. Seu último acampamento estava situado bem perto donosso. Trouxe carne moqueada de caititu que tinham obtido no curso da viagem. Ju e Ivoderam notícias do Jo e dos outros. Tinham partido a 6. Estavam, portanto, atrasados de 7dias. Com certeza Zezinho, que era o guia, não acertara o lugar do encontro. Joaq e Ivoforam ao ponto de Jo e eu e Ju ficamos aguardando no lugar, onde acidentalmenteencontramos os dois. Às 14 horas Joaq e Zé Bali (Ivo) regressam sem nenhuma notícia doJo. Nessa hora, também ocasionalmente, surge do Flav, chefe do G do DB. Estava perdido eprocurava o caminho para voltar ao seu acampamento. Indicamo-lhe o caminho. Por seuturno, ele nos informou que já cortaram 90 latas de castanha e que os seu co têm caçadobastante. Está de barriga cheia. Mostra maior disposição e vigor físico. Diz-nos tambémque o Ju encontra-se com ele. Chegou a 9 com os outros 3 combatentes. Confirma-se,assim, a previsão de que o camponesinho não encontrara o ponto. O tiro que ouvimos a 11fora dado por Jo, que matara um “gorgo”. Flav informa igualmente que fizera junto comoutro co uma pesquisa entre a massa. Esta o recebeu muito bem. Aceitou com satisfação asidéias expostas no programa do MLP. O elemento de massa comunicou-lhe que desceramde um helicóptero em Santa Cruz 25 soldados. Estes eram todos “curaus” e nunca tinhamvisto mata. Vieram a pé e não tiveram disposição de atravessar o “Gamegia”, que naqueledia estava cheio. Só na manhã seguinte se atreveram a faze-lo. Limitavam-se a queimar ascasas do PA e voltaram fagueiros. Estavam acompanhados do delegado do vilarejo. A massatambém dá uma notícia bem triste para nós: fora visto amarrado a um jipe um jovem dechapéu de couro quebrado, que estava armado de 38 e duas caixas de bala, faca e facão. Sópode ser o Ger do DB que a 17 do mês passado saíra para avisar o DC sobre o ataque doExército ao DA. Acrescenta que foram presos em S. Geraldo um preto e velho de bigode.Só podem ser Zé Fco e o Vict, que saíram para pegar os co novos. É uma grande perda parao DC. Zé Fco passou quase 37 anos à espera da LA, depois de participar, como marinheiro,da insurreição de 35. Quando a GP se inicia, é preso acidentalmente. Isso já é azar demais.É preciso que os co lutem também por ele. A prisão de Vict é um grande desfalque ao D aque pertence.Até a chega do Ju ficamos 4 dias nos alimentando à base só de farinha e de algumascastanhas de Sapucaia. Não é por falta de caça. Mas a falta de sorte é grande. No dia queouvimos o tiro, meia hora depois deste ter sido disparado, um veado passou tranqüilamentea 10 metros do nosso acampamento. Joaq não atirou para não denunciar o lugar ondeestamos. Na noite do mesmo dia nos “visitaram” um tatu enorme, que fugiu lepidamenteaos golpes de facão do Joaq, e uma anta, que ao nos perceber fugiu, guinchando, como umtanque.
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Espero a vinda do Joaq para discuti