assunto. Seja qual for a explicação para o ocorrido, trata-se de irresponsabilidadeinexplicável e inadmissível.Zeca informou que o Osv e os 4 co visitaram 7 famílias. Todos os elementos de massa osreceberam muito bem. Prestaram informações, deram-lhes alimentos e quase todos seprontificaram a fornecer-lhes abastecimento. Alguns recusaram dinheiro em pagamento. E,o que é muito importante, mostraram de um modo geral boa compreensão política eapoiaram nossa luta. Diversos deles se anteciparam em dar argumentos quando se expunhaas reivindicações e idéias do Manifesto do MLP.De regresso, eu e o Joaq perdemos o rumo e fomos obrigados a dormir na mata, sem rede esem nenhuma comida. Depois de andar muitas horas na selva chegamos ontem aoacampamento cerca do meio-dia. Estávamos extenuados e famintos. Mas só havia palmitocozido. Assim mesmo, foi um manjar do céu. À tarde, Ivo e Ari caçaram um jacu e ummacaco prego. Trouxeram também respeitável palmito. No jantar e hoje no “quebra” tirei abarriga da miséria.Ivo no dia 7 atendeu o ponto do Ju. Este não apareceu. Esgotou-se o prazo de sua chegada.Estou propenso a acreditar na notícia do elemento de massa sobre o destino de nossa bulachefe.No entanto, continuarei a enviar gente à sua referência, enquanto nada se conforme.Hoje, seguiram Ivo e Ari para cobrir o ponto do DA. E agora mesmo acabaram de chegar oPe e o Zezinho. Não trouxeram nenhuma novidade sobre o pessoal do DB. O depósito ondeiam buscar a farinha desabou e por isso voltaram com as mãos abanando. É necessáriomandar gente para salvar o que está estocado e reconstruir o depósito. Do contrário, nossoabastecimento sofrerá sério golpe.11/8 – Pe e Zezinho foram hoje ao encontro do Zeca e dos 2 outros co, para reconstruírem,juntos, o depósito avariado. Amanhã estarão de volta... e com farinha.A Rádio Tirana no dia 10, no espaço semanal “Na Frente de Luta de Libertação”, irradioumagnífico comentário sobre a ação guerrilheira no Sul do Pará. Foi a melhor matéria que játransmitiu sobre a nossa resistência armada. Encheu as medidas. A maneira como o assuntofoi abordado, animou e estimulou a todos que estavam em torno do rádio. Encarou osacontecimentos de maneira justa, clara e plena de perspectiva. Os albaneses confiam nosseus camaradas do Brasil e abrigam a esperança de que a luta no Araguaia e Tocantinsvingue, se amplie e se aprofunde. E assim será.Ontem, eu e o Jo fomos à referência do Ju. Mais uma vez ele não apareceu.14/8 – Dia 11 ao anoitecer chegaram ao acampamento Pe e Zezinho com duas latas defarinha, 7 rapaduras e um carumbé. Estavam bem cansados.Dia 12 reunimos a CM. Esta decidiu que o Osv deve retornar imediatamente à área antigapara reagrupar o D que está disperso por culpa sua. Também resolveu que, se houvercondições, a AL deve sair com o Zezinho para conseguir contato com o P. Este último coregressará da metade do caminho. Trata-se de missão muito perigosa. Faço “preces” paraque tenham sucesso. E têm grandes possibilidades de alcança-lo. No mesmo dia Jo caçouum imenso guariba, que devia ser o chefe de um bando empenhado em fazer estrepolias emtorno do nosso acampamento, cagando e mijando sem parar. Quase um chimpanzé(perdoem-me o exagero). Tivemos carne a fartar no “quebra” e no almoço do dia 13. Nestedia, Pe e Zezinho rumaram para o ponto com o DA e eu e o Joaq fomos ao encontro doZeca. Passamos o dia conversando e discutindo com ele, Manoel e Lia. Zeca ficará na áreaà procura dos co do D e os outros dois irão levar a ordem para que o Osv regresse semtardar. Eu e o Joaq retornamos hoje, sem qualquer contratempo, ao nosso “lar”. Zeca retirouas latas do depósito e espera contato com seus co para construir um novo.
Nos últimos 15 dias os carrapatos tornaram-se um verdadeiro flagelo. Bandidos.Habitualmente, catamos de 10 a 20 desses bichinhos por dia. Além de incomodaremterrivelmente (como ardem), provocam corubas. Suja especialidade é morder nos lugaresmais indiscretos: nas axilas, entre os dedos dos pés e das mãos, no púbis e arredores ...Enfim, acabaremos nos acostumando com eles.18/8 – Acabo de reler a história do PC (b) da URSS e encontrei novos ensinamentos paranossa guerrilha. /da mesma forma que os comunistas russos no passado, podemos,iluminados pelo marxismo-leninismo, realizar a revolução e construir a sociedadesocialista. O importante é perseverar na luta e não se desviar da grande teoria de Marx,Engels, Lenin e Stalin.Belo e tranqüilo é o dia de hoje.. Por entre as grandes árvores e cipós vislumbro um céuazul, em nenhuma nuvem. Agradável e suave vento movimento as folhas em sonorofarfalhar. Tarde típica de agosto no Sul do Pará. Tudo convida à meditação. Preocupa-me ocurso e o destino da resistência armada. Estou cada vez mais convencido da justeza denossa causa e da linha política e militar do Partido. Mais de 4 meses de vida na selvafortalecem essa convicção. Agora, porém, meu pensamento está voltado para os jovens,rapazes e moças que compartilham comigo desta imensa aventura, da gloriosa saga departicipar, nas primeiras linhas, da grande batalha do povo brasileiro contra a tirania, pelaliberdade e a emancipação nacional. Que juventude generosa, abnegada e valente! Os maisaltos valores humanos aqui se revelam. Nosso povo e o nosso Partido podem orgulhar-sedos moços que na floresta amazônica combatem os soldados da ditadura. Deixaram nascidades suas famílias, seus estudos e seus empregos para enfrentar uma vida dura e dedificuldades sem conta. Mas não se queixam, nem se abatem. Encaram alegremente a novasituação e não temem a morte. Somente a revolução pode engendrar homens e mulheres desemelhante fibra. Há poucos dias, conversava com uma combatente de 24 anos, professorasecundária de Geografia na Guanabara. Casara-se recentemente (seu companheiro tambémse encontra entre nós) e percebia mais de 1.500 cruzeiros mensais. Tinha uma situaçãoacomodada. Nunca saíra da grande cidade. Mas adaptou-se rapidamente à nova vida. Agoraé uma guerrilheira. Quando falei com ela, sua alimentação consistia unicamente de milhoseco que era cozido durante a noite toda. Estava plena de entusiasmo e confiante na vitóriados revolucionários. Em seguida à nossa conversa, acompanhada de outro combatente, parauma viagem de 5 dias através da mata, contando unicamente com o auxílio de bússola. Seufarnel era 3 litros de farinha e meia rapadura. Cumprida sua missão, terá que regressar logo,fazendo o mesmo percurso. Nada a amedronta, nada de lamúria. E que dizer de um homemcomo o nosso bula-chefe? Poderá alguém supera-lo no espírito de renúncia, na coragem eno sentido humano? Iguala-lo sim, suplanta-lo nunca. Sempre disposto a ajudar oscompanheiros e a realizar as tarefas mais difíceis e perigosas. Assim são os combatentesdas Forças Guerrilheiras do Araguaia. Se existe uma ou outra exceção é para confirmar aregra. Penso que um movimento que põe em evidência pessoas com tais qualidades tem quealcançar êxito. Iguais a elas existem no seio do povo milhares e milhares. E o Partidosaberá despertá-las para engrossar e fortalecer a luta armada que se iniciou no Brasil.20/8 – Mal acabava de escrever as linhas acima, quando ainda fazia devaneios sobre a lutana selva do Araguaia, tive uma grande surpresa. Joaq regressava do encontro com o Zeca eestava acompanhado. E que o acompanhava! Nada mais nada menos que o Ju. Apoderou-sede mim grande alegria e emoção. O bula-chefe regressava são e salvo. Chegara à nossa áreano dia 12 e atendeu o ponto de 15 no dia 14, pois seu calendário estava “adiantado”.Através do grupo do DB, que o acompanhou, tomou contato com Zeca e por intermédio
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hoje, cedo, voltou com um tatu. À
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Espero a vinda do Joaq para discuti