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Grabois - Carta Capital

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ontem, coma espécie de mingau de farinha de coco (tirada da entrecasca) e milho. Eucontinuo curtindo a minha desinteria. Já tomei entero-biofórmio, ultracarbon, antibiótico e,agora, um ambicida (Intetopan), mas anda não estou curado. Intensificou-se minha lavagemde calções. Ivo apanhou violenta malária. Passou o dia de ontem com 39º e 40º de febre.Hoje, já está melhor depois de ingerir vasta dose de quinino. De manhã cedo, saíram Jo eAri à procura de local para acampamento. Além do inimigo, outro grande problema é aágua. Está tudo seco. Espero que eles encontrem um lugar que nos resguarde da ação dosmilicos e nos assegure água boa e em abundância.7/10 – Regressaram ontem, carregados de jabotas, Jo e Ari. Este vinha caminhandoà base do “ideológico”, atacado pela malária. Encontraram um local relativamente bompara acampar. Talvez nos mudemos amanhã, pois tanto o Ivo como o Ari acordaram semfebre.A Rádio Tirana deu, em transmissão do dia 6, notícia alvissareira. No informativohabitual, curto resumo do Comunicado nº 1 das FF GG do Araguaia. Isto significa que ALrealizou com pleno êxito sua missão. Entregou a “<strong>Carta</strong> ao Garcia”. Bravo! Agora façovotos para que tenha pleno êxito no regresso. Hoje, ao meio-dia, partiu o Zezinho ao seuencontro. Será uma viagem difícil porque a área a percorrer está coalhada de inimigos. Mashá de sair-se bem, uma vez que já adquiriu experiência e é prudente, embora algumas vezescometa certas facilidades. Quando os dois chegarem, teremos novidades. “Gaita”, que tantafalta nos faz e, possivelmente, novos combatentes. Boa perspectiva.De manhã caiu violenta chuva. É a Segunda do mês de outubro. A primeira foi nanoite do dia 5. Aproxima-se a estação de águas que nos trará novas dificuldades. Mas, emcompensação, dificultará ainda mais a atividade dos soldados da ditadura. É melhor choverágua sobre nós do que metralha. Não resta dúvida...8/10 – Parou inteiramente a atividade aérea do inimigo. Talvez os soldados tenhamabandonado a zona em que nos situamos. É possível que a aviação e a infantaria dogoverno estejam chateando nossos co do DA e DB que, agora, devem estar atuandorelativamente próximos uns dos outros.Só amanhã nos transferiremos de acampamento.10/10 – Fizemos ontem a mudança de acampamento. Caminhamos cerca de 5 horas.O novo local tem boa água mas é pobre de lenha. Não há pau preto nas redondezas.Durante a caminhada os companheiros caçaram um veado e um mutum “pechincha”.Apanharam também um jabuti. Assim, não falta comida. Durante a noite passou perto doacampamento um avião. Felizmente o fogo estava baixo e cobrimo-lo com um plástico. Jáno acampamento que abandonamos a aviação sobrevoou durante a noite várias vezes.Penso que ela localizou a área através do fogo. Talvez isso explique a picada aberta peloinimigo a algumas centenas de metros de nós. É necessário, de agora em diante, construirem todo o acampamento, um “boizinho”(pequeno barraco), onde se deve cozinhar. Destemodo, a aviação não verá a fogueira. E também a chuva não apagará o fogo.11/10 – Na noite passada Ari caçou, em uma espera, matéria de grande porte.Estamos vivendo período de inflação de carne (inflação saudável). Hoje de manhã, Ivo eAri foram trazer algumas coisas que ficaram no outro acampamento. Jo cuida do veado. Jáo esfolou e retalhou. Ao anoitecer, vai moqueá-lo.Não se nota nenhum sinal de atividade aérea do inimigo. Será que este diminuiu suapressão? Aguardo novas informações.12/10 – Meio ano de vida na selva. Parece incrível que jovens das grandes cidades,na maioria pouco afeitos a trabalhos físicos, tenham sobrevivido com recursos em grande

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