dispersas, para assestar-lhes golpes; procurar sempre desnorteá-lo, agindo nos lugares maisdiversos; desinformá-lo para que aja tímida e desordenadamente.6. Em nossas operações militares, visar sempre a obtenção de êxitos continuados, emborapequenos, sempre mais numerosos, a fim de manter nossa superioridade moral eintensificar o crescimento e a consolidação de nossas FF GG.14/9 – O acampamento parece vazio. Comigo estão Jo, Ivo e Ari. Este, ontem abateu umveado. Temos carne e castanhas (cerca de 2 lutas), trazidas pelo Ivo e Ari. Amanhã épreciso atender o ponto do Zezinho. É pouco provável que ele venha.16/9 – Como eu esperava, o Zezinho não apareceu no local combinado. Ivo, que foraencontrá-lo, voltou trazendo pesado carumbé.Desde anteontem o tempo está ameaçador. Caíram rápidas prenunciando o chamadoinverno. Este, no entanto, só chegará efetivamente em 3 meses.Hoje, pela manhã cedo, partiram o Ivo e o Ari para se encontrarem com mensageiros doDA, a fim de trazer milho, sal e talvez farinha. Trarão, também, notícias e a confirmação ouo cancelamento da ida do “bula” do DB (Tuca) para ajudar numa intervenção cirúrgica.A Rádio Tirana, em sua emissão de ontem, leu a carta dos guerrilheiros do Araguaia a umdeputado federal. Deve Ter sido redigida pelo Cid. Trata-se de documento “muitoótimo”(como diz a massa na região). Tanto na forma como no conteúdo político. A missiva,que é assinada pelo Comando das FF GG do Araguaia (parece até que o Cid leu nossodocumento), identifica-se, em todos os seus aspectos, com os documentos que aquielaboramos (<strong>Carta</strong> ao Bispo, <strong>Carta</strong> do Osv, <strong>Carta</strong> do dr. João Carlos). Isto revela que aguerrilha e o P estão politicamente bem afinados. Todos nós assinaríamos, com imensasatisfação, a carta ao deputado federal. O caráter nacional da luta armada no Sul do Pará foiposto em destaque, ao mesmo tempo que se desfraldou uma bandeira política bastanteampla de combate à ditadura e ao imperialismo norte-americano, pela liberdade e por umgoverno profundamente democrático.Hoje, a aviação do inimigo está em grande atividade. Qual o motivo de tal movimentação?Só Deus sabe... (ou melhor, o Estado-Maior das forças repressivas). Os aviões já nãometem medo.18/9 – O dia de ontem foi marcado por intensa atividade aérea. Cortaram os ares aviões detodos os tipos. Hoje, cedo, foi desvendado o “mistério” de tão inusitado movimento deaeronaves. A Rádio Alvorada de Brasília, no seu boletim oficioso irradiado pelaBandeirantes de São Paulo, informou que estão sendo realizadas manobras no Araguaia,entre Xambioá e Araguatins. Isto significa que o inimigo está enviando reforços em grandeescala para combater as FF GG. Talvez as novas tropas se situem na rodovia Marabá-S.Geraldo. Mas esperamos outras informações dos DD. De qualquer maneira, não semodifica o quadro da situação militar. Os soldados da ditadura continuam imobilizados naperiferia da região rebelada ou se diluirão, em patrulhas, pelas estadas e caminhos. Mesmoque se decidam entrar na mata, vagarão às tontas, na selva, atrás de um adversário esquivoque eles não sabem onde está e que podem surpreende-los a qualquer momento.19/9 – O helicóptero e o “paquera-teco” que atua coordenado com o helicóptero ouacompanha as patrulhas, dando-lhes cobertura (daí o nome que lhe foi dado pelos páraquedistasda Guanabara), roncaram, ontem, o dia todo, próximo ao acampamento. Istomostra que o inimigo intensificou suas atividades.A Rádio Tirana irradiou trechos de um artigo do último número de “A Classe Operária” emque se fala das pseudo-manobras entre Xambioá e Araguatins. É a mesma notícia da RádioAlvorada. Só que deve ter saído do Brasil com quase duas semanas de antecedência. Como
nossos camaradas souberam? Será que os jornais burgueses a publicaram antes oufuncionou o serviço de informações do P? De qualquer maneira ficamos sabendo que aPolícia Militar de Goiás também vai entrar na dança. Devemos recebê-la condignamente,isto é à bala.20/9 – A Rádio Tirana em sua transmissão de ontem, deu a conhecer editorial da “Classe”sobre os combatentes do Araguaia. A matéria é um grande incentivo aos que lutam na selvaamazônica. Destacou a coragem e o desprendimento de nossos guerrilheiros, mostrou queseu exemplo pode ser seguido em outros lugares e pôs em relevo as possíbilidades devitória da luta armada iniciada no Sul do Pará. Agradecemos de todo o coração a ajuda e oestímulo que o P nos proporciona.Hoje, cedo, Jo partiu para apanhar o Zezinho. Espero que tenha êxito. Estou ávido denotícias. Que bom seria se o nosso mensageiro chegasse com boas novas!21/9 – Pelo calendário, começa a primavera. Em toda a parte comemora-se o dia da árvoree ouve-se o “slogan”: plante uma árvore. Como tudo isso aqui soa em falso. Nada vejo quepossa lembrar a tão louvada estação florida do ano. Nesta imensidão onde se emaranham asvariadas plantas e milhões de troncos, grossos, médios e finos, que se sucedem na florestainfinita, o que significa plantar uma árvore? Porém, mais do que nunca, amo o mundovegetal. Ele nos resguarda da fúria homicida dos soldados da ditadura, dá a necessáriacobertura às FF GG para sobreviver e enfrentar um inimigo cruel e bem armado. A selva setransforma em inexpugnável base para atacar e golpear duramente as hordas de mercenáriosa serviço da tirania. Na data de hoje peço homenagem a dois gigantes amazônicos: acastanheira e o pau preto (maxirimbé).A primeira fornece ao combatente a famosa castanha do Pará, alimento riquíssimo quesustenta nos momentos difíceis. É a imagem viva da guerrilha. Altaneira e firmementeassentada no solo, ereta e inflexível, o mais alto espécime da flora da região. Rainha damata, destaca-se no oceano verde.Já o pau preto é uma figura modesta e que, diuturnamente, nos presta ajuda anônima. Seuaspecto não é agradável. Escuro, às vezes retorcido, quase sempre cheio de cavernas e departes já mortas, recoberto de nódulos, é por demais sinistro. Assemelha-se às árvores deuma floresta de duendes, mal assombrada., algo parecido com a vegetação própria de umcastelo de filme de terror, habitado por um Drácula qualquer. Mas sua utilidade é imensa.Não existe melhor lenha. Insuperável é o seu fogo. Todas as noites, em qualqueracampamento, arde o maxirimbé, crepita a fogueira e labaredas dançamfantasmagoricamente. Está sendo preparada a comida. Animados e esperançosos mostramseos guerrilheiros. É certo que o pau preto só serve mesmo para o fogo. No entanto, comocontribui para o nosso bem estar!Enfim, eu e meus companheiros nos adaptamos cada vez mais à mata e nos acostumamos aviver neste mundo exuberante, agressivo e acolhedor. No início da primavera externo aminha ternura pela árvore, por este vasto anfiteatro da Amazônia, onde se trava históricaluta entre o obscurantismo e o progresso.Ontem Jo atendeu o ponto do Zezinho. Não o encontrou. Parece Ter ido ao lugar errado. Jápensava em voltar no dia seguinte ao local certo, quando ao escurecer apareceram Ivo e Ari,acompanhados de Zezinho em pessoa. Tinham-no encontrado, acidentalmente, na área doDA, onde fora buscar farinha. Neste labirinto, também os homens se encontram. Nossomensageiro, desta vez, cumpriu integralmente sua missão. A pessoa encontrada, no entanto,não tinha ligação com o P e estava em dificuldades financeiras. Mas prestou auxílio eprontificou-se a ajudar sempre. AL, que viajou com ele, prosseguiu em sua rota e, com
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hoje, cedo, voltou com um tatu. À
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Espero a vinda do Joaq para discuti