ou em outras formas de organização. Não há outro caminho para o povo senão combatervalentemente os opressores. Cada lavrador, cada posseiro, cada trabalhador de fazenda oucastanhal, cada injustiçado, cada patriota, deve ajudar, de todos os meios, os que enfrentamsem temor as tropas do governo de traição nacional.O povo unido e armado derrotará os inimigos.Abaixo a grilagem!Viva a liberdade!Morra a ditadura militar!Por um Brasil livre e independente!Em algum lugar da Amazônia, 25 de maio de 1972O Movimento de Libertação do Povo (MLP)O comando das Forças Guerrilheiras do Araguaia.9/6 – Ontem partiam Joaq, Jo e Zezinho e amanhã segue o Ju para realizar suamissão junto ao DC. Iremos, juntamente com o Ivo, ao encontro do Pe, que nos daránotícias do DB.Há alguns dias a Rádio Tirana não se refere à nossa luta. Deve ser por falta deinformações. A censura da ditadura e o cerco do inimigo em nossa região impedem, emgrande medida, que as notícias cheguem ao P, ao povo e aos nossos amigos do exterior.Mas isso é temporário. Com nossa atividade, acabaremos rompendo a pesada cortina dosilêncio que os generais estenderam sobre nós. A reação, que tanto estardalhaço faz aqualquer ação dos “foquistas”, não dá um pio sobre os guerrilheiros do Araguaia. É o pavorque o exemplo destes guerrilheiros e a revolta se generalize pelo país inteiro.Falando sobre propaganda, não sabemos porque a Rádio Pequim ainda nada dissesobre as guerrilhas de nossa região. Certamente, melhor informada dará cobertura à novafrente de luta criada no Brasil. Também a Rádio Havana cala. Mas, esse silêncio é diferente.Tem outras causas. Fidel nunca nos deu e nem dará colher de chá. Continua em posiçãorevisionista, na qual se atola cada vez mais. O noticiário cubano sobre sua “transcendental”visita aos chamados países socialistas causa enjôo. Castro não se cansa de fazer rasgadoselogios a consagrados oportunistas como Zhivkov da Bulgária, Kadar, da Hungria e Gierek,da Polônia. Na capital húngara superou-se no palavreado inconseqüente, derramou emgrande estilo sua verborragia. Recebeu dos revisionistas magiares a miniatura de um tanquee outros presentes. Atacado de calculada amnésia, esqueceu-se das indignadas palavras deGuevara, em seu diário na Bolívia, sobre os dirigentes da Hungria, ao comentar nota de umjornal oficial daquele país que chamava Che e seus companheiros de aventureiros epespegava-lhes outros epítetos. Guevara causticou severamente os oportunistas deBudapeste e Fidel agora os enaltece. Por estranha ironia, o chefe do governo cubano visitoucom grande pompa uma escola com o nome do conhecido combatente antiimperialistamorto em terras bolivianas. Entre os revisionistas, a falta de coerência, e também devergonha, é geral. É lamentável que uma revolução tão importante como a revoluçãocubana tenha sido truncada e mesmo traída. A próxima visita de Fidel a Moscou – onde osdirigentes social-imperialistas soviéticos recepcionaram festivamente o arqui-criminosoNixon e com ele concertaram inúmeros acordos – deixará, mais uma vez, bem claro, que orevolucionário castrista não passa das palavras, dos discursos grandiloqüentes e vazios. Oauto-intitulado chefe da revolução continental, em cada país visitado, arranca a máscara,revela-se um demagogo vulgar e se desmoraliza em escala sempre maior. E isto é bom parao movimento revolucionário da América Latina .
13/6 – Ontem completou dois meses do início da luta. Mas continuamos sem novasnotícias. Infelizmente não encontramos o Pe, pois o Ivo, que era o guia, perdeu o rumo.Depois de vagar três dias na mata, regressamos, a duras penas, ao acampamento. Comcerteza o Pe deve estar bastante preocupado. Agora nada podemos fazer senão aguardar opróximo contato.A Rádio Tirana continua sem informações a nosso respeito. No dia 12, irradiouartigo publicado no “Bandeira Vermelha”, órgão do PC da Polônia (M-L), sobre o 50ºaniversário e 10º da reorganização do PC do Brasil. Muito bom o seu conteúdo. Lembramonosdo simpático e combativo secretário do partido marxista-leninista polonês queconhecemos na Albânia. O artigo afirma que o exemplo dos comunistas brasileiros estimulaa luta dos trabalhadores poloneses contra a ditadura revisionista. É uma lição deinternacionalismo proletário e nos ajuda em nosso esforço para libertar o Brasil dosgenerais e do imperialismo norte-americano.Aqui, no acampamento, como em toda a mata, temos como inimigos três figurasbastante incômodas: o carrapato, o pium e a mosca varejeira. Com a chega da estação secaos carrapatos proliferam de maneira quase infinita. São de vários tipos, mas há os queinfernizam com maior freqüência a vida de todos. Quando não é o mucuim (ou micuim) é ocarrapato de fogo. A este não existe quem possa resistir. Toda pessoa que ele ataca éobrigado a caçá-lo imediatamente. Tira a camisa, a calça, o calção e tudo o mais. Quanto aomucuim, de tamanho diminuto, representa inimigo invisível que se localiza nos lugaresmais indiscretos. É necessário agüenta-los pacientemente.No que diz respeito ao pium, trata-se pequeno monstro. Parece-se com uma pequenaformiga, que anda com rapidez e instantaneamente alça vôo que nem helicóptero (por sinalacaba de passar um avião por cima do acampamento). Quando ferroa é para valer. Chupa osangue, o local da mordida arde e fica marca acentuada. Dizem que é o transmissor dolecho (leishmaniose). Ainda bem que no verão começa a rarear.Já a mosca varejeira, a maior “chata” deste planeta, tem o azul brilhante, dourado dabolha de sabão. A “vareja” surge como que por encanto logo que se expõe carne ou roupasuja e quando estamos molhados de suor. Começa imediatamente a zunir e a pôr ovos. Énecessário ter o máximo cuidado com a caça, senão a mosca estraga tudo. A “vareja” éinsistente e nunca perdoa. Penetra em toda a parte. Às vezes resolve por seus ovos nosouvidos ou no nariz da pessoa. Enfim, temos, igualmente, de atura-la. Nosso consolo é queos soldados da reação também são obrigados a enfrentar tais perigos. E eles são menosresistentes a eles que nossos guerrilheiros.16/6 – Saímos a 14 com o Ivo em missão de pesquisa. Andamos das 8 às 17 horas.Fomos até a confluência de uma grota relativamente grande com um igarapé maior. O localapresenta belo panorama. Pudemos, então, enxergar uma nesga de céu, que não víamos hádois meses. Exploramos mais uma hora, igarapé abaixo. De regresso, Ivo trazia umcarumbé e um jacu, os quais nos garantiram a “bóia” do dia 15. Ave vistosa, o jacu, quandobem cozido é por demais gostoso. Não se compara, no entanto, ao mutum, que rivaliza como peru. O peito do mutum nada fica a dever a este. Há dois tipos de mutum: o peniche e ocastanheira. O último, o maior, satisfaz plenamente a cinco ou seis pessoas. Para nósconstitui uma festa caçar mutum. E isto é freqüente.Ontem a Rádio Tirana tratou da espoliação da Amazônia. Matéria otimamentelançada. Soube ligar a situação desta região com a luta que travamos aqui. Embora nãotrouxesse novas informações a nosso respeito, o autor mostra que a libertação da Amazôniasó pode ser conseguida pela luta armada, e nos apresentou como exemplo. Com novos
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hoje, cedo, voltou com um tatu. À
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Espero a vinda do Joaq para discuti