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Grabois - Carta Capital

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13/6 – Ontem completou dois meses do início da luta. Mas continuamos sem novasnotícias. Infelizmente não encontramos o Pe, pois o Ivo, que era o guia, perdeu o rumo.Depois de vagar três dias na mata, regressamos, a duras penas, ao acampamento. Comcerteza o Pe deve estar bastante preocupado. Agora nada podemos fazer senão aguardar opróximo contato.A Rádio Tirana continua sem informações a nosso respeito. No dia 12, irradiouartigo publicado no “Bandeira Vermelha”, órgão do PC da Polônia (M-L), sobre o 50ºaniversário e 10º da reorganização do PC do Brasil. Muito bom o seu conteúdo. Lembramonosdo simpático e combativo secretário do partido marxista-leninista polonês queconhecemos na Albânia. O artigo afirma que o exemplo dos comunistas brasileiros estimulaa luta dos trabalhadores poloneses contra a ditadura revisionista. É uma lição deinternacionalismo proletário e nos ajuda em nosso esforço para libertar o Brasil dosgenerais e do imperialismo norte-americano.Aqui, no acampamento, como em toda a mata, temos como inimigos três figurasbastante incômodas: o carrapato, o pium e a mosca varejeira. Com a chega da estação secaos carrapatos proliferam de maneira quase infinita. São de vários tipos, mas há os queinfernizam com maior freqüência a vida de todos. Quando não é o mucuim (ou micuim) é ocarrapato de fogo. A este não existe quem possa resistir. Toda pessoa que ele ataca éobrigado a caçá-lo imediatamente. Tira a camisa, a calça, o calção e tudo o mais. Quanto aomucuim, de tamanho diminuto, representa inimigo invisível que se localiza nos lugaresmais indiscretos. É necessário agüenta-los pacientemente.No que diz respeito ao pium, trata-se pequeno monstro. Parece-se com uma pequenaformiga, que anda com rapidez e instantaneamente alça vôo que nem helicóptero (por sinalacaba de passar um avião por cima do acampamento). Quando ferroa é para valer. Chupa osangue, o local da mordida arde e fica marca acentuada. Dizem que é o transmissor dolecho (leishmaniose). Ainda bem que no verão começa a rarear.Já a mosca varejeira, a maior “chata” deste planeta, tem o azul brilhante, dourado dabolha de sabão. A “vareja” surge como que por encanto logo que se expõe carne ou roupasuja e quando estamos molhados de suor. Começa imediatamente a zunir e a pôr ovos. Énecessário ter o máximo cuidado com a caça, senão a mosca estraga tudo. A “vareja” éinsistente e nunca perdoa. Penetra em toda a parte. Às vezes resolve por seus ovos nosouvidos ou no nariz da pessoa. Enfim, temos, igualmente, de atura-la. Nosso consolo é queos soldados da reação também são obrigados a enfrentar tais perigos. E eles são menosresistentes a eles que nossos guerrilheiros.16/6 – Saímos a 14 com o Ivo em missão de pesquisa. Andamos das 8 às 17 horas.Fomos até a confluência de uma grota relativamente grande com um igarapé maior. O localapresenta belo panorama. Pudemos, então, enxergar uma nesga de céu, que não víamos hádois meses. Exploramos mais uma hora, igarapé abaixo. De regresso, Ivo trazia umcarumbé e um jacu, os quais nos garantiram a “bóia” do dia 15. Ave vistosa, o jacu, quandobem cozido é por demais gostoso. Não se compara, no entanto, ao mutum, que rivaliza como peru. O peito do mutum nada fica a dever a este. Há dois tipos de mutum: o peniche e ocastanheira. O último, o maior, satisfaz plenamente a cinco ou seis pessoas. Para nósconstitui uma festa caçar mutum. E isto é freqüente.Ontem a Rádio Tirana tratou da espoliação da Amazônia. Matéria otimamentelançada. Soube ligar a situação desta região com a luta que travamos aqui. Embora nãotrouxesse novas informações a nosso respeito, o autor mostra que a libertação da Amazôniasó pode ser conseguida pela luta armada, e nos apresentou como exemplo. Com novos

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