mercadoria, o que possibilita à massa vende-la a outros. Segundo informação doscamponeses, Palestina não está mais ocupada pelo Exército. Só 4 soldados de polícia lá seencontram. Talvez seja possível realizar uma ação contra o vilarejo. O DB revela certapassividade e pouco espírito ofensivo. O problema mais sério deste D são as divergênciasentre o C e o VC. A CM tudo fará para solucionar tal problema. Zeca anda um pouconervoso, fato que se reflete sobre o conjunto dos co. No entanto, o moral do D permaneceelevado. Amanhã seus componentes vão se reunir e lá estarei com outros membros da CM.Também foram escolhidos 4 co (Flav, Gil, Val e Raul) que, sob o comando do Ju, irão àárea do DC buscar, novamente, com o contato com este D e desenvolver trabalho entre asmassas.Ontem, quando regressávamos do DB, deparamos com uma surucucu (pico de jaca) demais de 2 metros. Ela foi morta e trazida para nosso acampamento. Tinha 8 ovos. O“quebra” de hoje foi carne de cobra venenosa, ovos cozidos de surucucu e gorgo (guariba).Este fora caçado à tardinha pelo Ari. A carne da surucucu, cozinhada no leite de coco, tembom sabor. O gosto dos ovos assemelha-se aos da galinha. O tamanho de cada ovo, porém,é duas vezes que o ovo desta ave. A surucucu (pico de jaca) tem linda pele, mas é a serpentemais venenosa da mata. De agora em diante sua carne fará parte do nosso cardápio.Também já faz parte do nosso menu couro de caititu e de porção (queixada). É um bomprato.5/9 – No dia 2 eu e Ju fomos ao acampamento do DB. Lá comemos um doce feito de mel ecastanha. Estava excelente e a quantidade era avantajada. No dia anterior, Osv e mais doisco tinham derrubado enorme árvore (Garra Branca) e dela extraíram 8 litros de mel deabelha Oropa. E como na área abundam as castanhas, surgiu esta notável combinação“docífera”. Também ingerimos “pubo” de farinha, castanha e mel. Parecia uma festa. Mas omotivo da nossa ida ao DB, evidentemente não era saborear pratos da mata, mas participarde reunião com todos os co do DB. A assembléia foi muito boa. Ela nos deu uma idéia docaráter democrático e popular da força militar que está se forjando nas matas do Araguaia.Todos falaram francamente e disseram o que pensavam. Osv abriu a discussãoreconhecendo os méritos dos co e fazendo autocrítica dos erros por ele cometidos nocomando do D. Nas suas intervenções os co criticaram o C e o VC, assinalando as falhas docomando. O espírito dos co era construtivo e visava corrigir falhas. Combateu-se duramenteo sentido defensivo que se imprime à atividade do D. A reunião foi bastante educativa eespero, como seu resultado, que o DB avance na propaganda revolucionária, noabastecimento e nas operações contra o inimigo. Na minha intervenção destaquei o valor dareunião, manifestei meu otimismo pelo curso da luta e combati o desequilíbrio e o exagerode alguns co, que viam as coisas mais negras do que realmente são.De regresso ao acampamento da CM, apanhamos uma jabota. Esperavam-nos suculentacarne. Ari tinha caçado um veado (fêmea) e um quati. Jo e Ivo tinham partido de manhãcedo para trazer o ZC e o Piauí para a reunião dos CC e VVCC. Em nossas mochilastrazíamos um litro de mel> Hoje, saiu o Pe para encontrar o Zezinho. Amanhã ele voltaráacompanhado de Osv e Zeca, que também participarão desta reunião.12/9 – Faz 5 meses que se iniciou a guerra popular contra a ditadura. Neste períodoacumulamos ricas experiências, tanto em nossas relações com as massas como em nossaatividade militar. Nos dias 8, 9, 10 e 11, a CM reuniu-se completa com os CC e VVCC dosDD A e B para fazer um balanço de mais de 150 dias de luta. Abri a discussão, oscompanheiros informaram sobre seus DD e o Ju fez um relatório sobre sua incursão na áreado DC. Foi excelente troca de experiências positivas e negativas. No final, aprovou-se um
plano de trabalho a ser realizado até o fim do ano. Hoje, de manhã cedo, partira o Osv e oZeca, acompanhados do Joaq. Também partiram ZC e Piauí, juntamente com o Pe. Amanhãsairá o Ju, com os 4 co do DB para nova tarefa na zona do DC.Foi o seguinte o esquema de abertura da discussão feita por mim na reunião:BALANÇO DOS 5 MESES DE LUTA ARMADA NA REGIÃO DO ARAGUAIAI – ASPECTO POLÍTICOA existência da luta guerrilheira no Sul do Pará, durante 5 meses, representa uma grandevitória do povo brasileiro no combate à ditadura e pela emancipação nacional. Nenhumacorrente política de esquerda conseguiu manter-se tanto tempo enfrentando, de armas namão, as forças reacionárias. Começou uma nova fase na luta do povo brasileiro contra aditadura militar. Neste luta verificou-se uma mudança de qualidade com o surgimento daguerrilha na Amazônia.A luta armada no Sul do Pará enquadra-se no quadro geral da luta pela liberdade e contra oimperialismo norte-americano. É um poderoso exemplo para o povo, para todos osdemocratas e patriotas. É da maior importância para o desenvolvimento da guerrilha aamplitude da bandeira política que ela desfralda: torna-la uma luta de todo o povo. /a açãoguerrilheira na Amazônia representa papel de catalisador para desencadear outras lutas. Sobo estímulo da guerrilha, tais lutas podem se espraiar por todo o país. A ditadura teme aguerrilha porque seu exemplo pode frutificar. Daí resulta a pesada censura do governo àimprensa, ao rádio e à televisão sobre os acontecimentos na região do Araguaia. Mas àmedida que a ação guerrilheira se desenvolve, o povo irá mais e mais tomandoconhecimento do que ocorre na Amazônia.Nosso objetivo estratégico nesta fase da luta armada é sobreviver. Mas sobreviver nãosignifica unicamente continuar a existir, mas crescer e se consolidar. Em 5 meses as forçasguerrilheiras avançaram bastante. Hoje elas tem mais experiência de vida na mata edomínio do terreno; ampliaram e fortaleceram suas ligações com as massas; conhecemmelhor o inimigo, sabem quais são seus pontos débeis e seus pontos fortes. Os fatosindicam que as FF GG têm condições de avançar e se desenvolver, que a orientação políticae a linha militar do P são justas e que só seremos derrotados se fugirmos da aplicação denossa concepção de luta armada, se cometermos erros essenciais, irreparáveis.Repercussão política da luta armada na região – As massas camponesas das diferentes áreasforam despertadas para a vida política com o desencadeamento da guerrilha: avançaramdezenas de anos no que diz respeito à sua consciência política. No seio das massas dá-seuma polarização. Os contingentes que se manifestam a favor das FF GG constituem aimensa maioria da população local. Com o surgimento da luta armada, crescem ascontradições sociais (camponeses dispõem-se a enfrentas os grileiros, a não pagar aoINCRA, etc). A luta guerrilheira está no centro de todas discussões dos camponeses. Nascidades, vilas e lugarejos da periferia da região rebelada também reflete-se favoravelmentea luta armada.Conclusão: a situação local nos é favorável como também é favorável a situação nacional einternacional.II – ASPECTO MILITARTanto as FF GG como o Exército ainda tateiam no terreno, não se empenharam em açõesmilitares importantes. Ambas as forças militares não têm experiência de guerra deguerrilhas.SOBRE AS FORÇAS GUERRILHEIRAS
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Tudo enfrenta com denodoPara livrar
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O Destacamento Helenira concita a t
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hoje, cedo, voltou com um tatu. À
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marchas, etc. Caso contrário, enfr
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evólveres. Enfrentamos atualmente
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44; 2 quilos e meio de pólvora, ch
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Espero a vinda do Joaq para discuti