viagens do Peazão ao Peazinho. Mas a “bagulheira” era grande e muita coisa útil ficou noPA5 (Peazão).Voltando à situação presente: prossegue a atividade aérea do inimigo. Até a tarde muitosaviões cruzaram os ares.24/6 – Novamente eu e o Ivo saímos para uma exploração. Mal andamos uma hora, Ivoabateu um veado (uma fêmea) de regular tamanho. Temos, assim, carne para vários dias.Meu companheiro de acampamento vem se revelando um bom caçador.Apareceram em meu corpo algumas “corubas”. Não sei se são férias comuns ou “lecho”. Ofato é que elas aborrecem um bocado. Espero a chega do Ju para saber do que se trata.À noite, por sinal véspera de S. João, passamos todo o tempo ao lado do fogo, umrespeitável fogaréu, moqueando a carne do veado. Tudo saiu bem.26/6 – Passou o dia 25 e o Joaq não apareceu. Já está atrasado e tal atraso complica ascoisas, pois há pontos a atender e só disponho do Ivo. Enfim, espero que o Joaq e o Jocheguem até 30. Amanhã, juntamente com o Ivo, vou ao encontro do Pe. Penso que tereimais sorte. Se ele vier, terei mais um elemento para trabalhar e notícias frescas.,Nosso estoque de comida está quase reduzido a nada. Acabou-se a farinha, o milho (do qualse faz fubá) e o arroz. Dispomos unicamente de carne para alguns dias, três latas pequenasde leite em pó e dois pacotes de maizena. Se o Osv, do DB, acompanhar o Pe, poderá nosarranjar farinha e “safaremos a onça”.A Rádio Tirana, que há muitos dias não falava da nossa luta, noticiou ontem que oL’Humanité Rouge, órgão do PC (ML) da França, publicou nota referente aosacontecimentos verificados aqui no Pará. Como introdução, fez um comentário sobre onosso Partido, apresentando-o como defensor da luta armada para derrubar a ditadura. ARádio Tirana continua sem notícias a nosso respeito. Por que os camaradas da cidade não asenviam? Se não sabem de nada, devem agitar, de qualquer maneira, o assunto. O inimigonada dirá, por enquanto, sobre nós. Se ele não propala que nos derrotou, é indício claro einsofismável de que prosseguimos na luta. Por que não se publica o Manifesto deLibertação do Povo? Por que não se faz uma série de reportagens sobre a região? Por que asorganizações de massa, como a UNE, não nos apoia? Por que não se fala de algumasfiguras populares, como o Pretão, o Ju, a Preta e outros, que se encontram entre nós? Porque todo esse silêncio? Francamente, não compreendo. Será que a reação deu algum golpena direção? Não creio.28/6 – No local combinado, apareceu o Pe acompanhado de dois co do DB. Trouxealgumas notícias. O DB mudou sua zona de operação para uma área mais povoada. Foi umaprovidência acertada e que dará bons resultados. Osv, com assistência da CM, elaborou umplano de visitas à massa, incluindo vinte famílias. Por ora só visitou duas casas. Oscamponeses estão temerosos diante das ameaças da reação. Mas nem por isso deixam deajudar nossos co das mais diferentes formas. Segundo as informações, os soldados enchemos povoados, corrutelas e mesmo cidades. Palestina e Brejo Grande estão repletos de tropasdo Exército. O mesmo acontece com Araguatins. Aí, os Oficiais prendem e espancampessoas suspeitas de amizade com os co. Também fazem demagogia. Prometem título deposse de terra aos lavradores, detêm alguns exploradores da economia do povo, como umtal Granjeiro, fiscal da prefeitura de S. João do Araguaia que extorquia dinheiro e produtosdos camponeses. Mas a massa os olha com desconfiança. Só os mais odiados bate-pausapoiam as forças repressoras. Enfim, a mobilização militar é grande. Estamos dandotrabalho à ditadura.
Apesar de haver alguns probleminhas no DB, seu moral é bom. A malária está atacando osco, que procuram corta-la com os remédios de que dispõem.Dois co do DB dormiram ao lado, bem perto mesmo, de um acampamento de uma força doExército. Observaram-na atentamente. Era composta de 35 homens armados de FAL emetralhadoras. Estavam muito bem vestidos, usavam boina, mantinham atitude displicentee pouco vigilante. O desperdício de munição é grande. Através de tiro seus comandantesdão ordens. Quando pretendem reunir a tropa atiram; quando ordenam o início da marchaouve-se o detonar das armas e assim por diante. Parece que querem se acostumar com ostiros. É possível que estejam assobiando no escuro por temor de algum fantasma... Pareceque o inimigo vai concentrar mais tropas na região. Algumas patrulhas fazem incursão namata, de maior ou menor duração. Corre o boato de que o Exército está custeando algunsmateiros mercenários para localizar os rastros de nossos DD, a fim de, senhor de sualocalização, ataca-los de surpresa em seus acampamento. Precisamos redobrar a vigilânciadar um corretivo a tais mateiros.29/6 – Somente hoje de manhã o Ivo regressou do ponto que iria ter com os dois co do DBque acompanharam o Pe. Levava remédio contra a malária para aquele D e receberia umalata de querosene de farinha. Mas eles não apareceram. Como o Ivo não poderia voltar denovo ao local do encontro, pois tinha que atender a um ponto com o Ju, o Pe saiu em seulugar. Ambos só voltarão à tardinha. Estou sozinho no acampamento. Há dois dias amainoua atividade aérea do inimigo. O silêncio é grande. Só uma infinidade de mutucas mechateiam com ferroadas e um zunido insuportável. Em compensação liquido-as em massa.Pe voltou três horas depois de ter partido. O percurso em que costumamos gastar quatrohoras, ele fez em sessenta minutos. Orienta-se muito bem na selva e corta caminho. Empouco tempo tornou-se excelente mateiro. Anda nesse labirinto, que é a mata, como seestivesse em casa. Trouxe uma lata de farinha e um quilo de sal e entregou o remédio contraa malária. O Ivo regressou ao entardecer sem ter encontrado o Ju, o que era previsto.A Rádio Tirana voltou a abordar a nossa luta. Divulgou ótima reportagem enviada doBrasil, dando um quadro correto da situação, com informações precisas e encarando – o queé muito importante – o aspecto político das guerrilhas do Araguaia de maneira acertada.Situou a resistência armada no Sul do Pará dentro da luta geral do povo brasileiro contra aditadura. Deixou de lado a posição anterior de apresentar os fatos ocorridos na região comomovimento exclusivamente camponês, minimizando-o ao coloca-lo no mesmo nível daslutas espontâneas que se verificaram em S. Domingos do Capim e em outros lugares. /demaneira hábil e nada sectária, mostrou que os levantes armados ocorridos em Marabá e S.Geraldo são um exemplo capaz de estimular a revolta geral dos brasileiros. Enfim, areportagem ajuda nossa luta e esclarece a opinião pública do país sobre o que acontecenesta parte da Amazônia. Espero que os camaradas da cidade enviem novas matérias àRádio Tirana, dêem publicidade ao manifesto do MLP e façam adequada cobertura políticada ação revolucionária que aqui se verifica.30/6 Não apareceu o Joaq, o que me deixa seriamente preocupado. O que teriaacontecido?4/7 – No dia 1º saiu o Ivo para atender ao encontro com o Zezinho e passar na referência doJoaq. O primeiro não apareceu, como eu esperava, mas em compensação voltou com oúltimo, acompanhado do Ari, novo co do DG que veio transferido do DA. Foi umaagradável surpresa, Joaq traz boas notícias e carne de veado. No DA tudo corre bem, apesarda malária que ataca muitos co. Em boa parte, os co resolveram o problema doabastecimento. Armazenaram alimentos para alguns meses e conseguiram comida para se
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