manifestações de massas, choques contra a polícia e as demais forças repressivas. Eumesmo, na minha juventude, vi-me metido em enrascada dos diabos num comício realizadona Guanabara A 1º de agosto de 1934, no Teatro João Caetano. Era o 1º CongressoAntiguerreiro. O povo, ao terminar o ato público, resolveu empastelar a sede da AçãoIntegralista, situada na rua Sachet. Os tiras e a Polícia Especial dissolveram a manifestaçãoà bala e gás lacrimogêneo. Os antifascistas resistiram de todos os modos. Houve mortos emais de 50 feridos.Também a 1º de agosto, comemora-se o 45º aniversário do Exército Popular de Libertaçãoda China. Em 1927 levantavam-se contra Chiang Kai-Shek unidades militares deNanchang, que se uniram aos camponeses da Revolta de Outono, chefiada por Mao-Tsetung, e aos mineiros rebeldes de Anuiang. Surgiu um exército de novo tipo,profundamente ligado ao povo e dirigido pelo Partido Comunista. Desde então o EPLrealiza notáveis façanhas. Foi fator decisivo para derrotar os invasores japoneses e paratornar vitoriosa a Revolução Chinesa. Hoje, é o mais forte sustentáculo da RevoluçãoMundial. Todos os revolucionários autênticos têm profunda admiração pelos combatentesdo EPL. Este se forjou e se desenvolveu na guerra de guerrilhas até se tornar um poderosoexército regular. Seus chefes e, em especial, Mao-Tsetung são consumados mestres daguerra popular. Por tudo isso, nós, que nos encontramos lutando nas selvas do Araguaia,usando a tática de guerrilha, inspiramo-nos nas gloriosas tradições de luta do ExércitoPopular de Libertação. Chegará também o nosso dia, em que, de pequenos grupos deguerrilheiros, nos transformaremos em poderosa força armada regular. Viva o 45ºaniversário do EPL.Comemoro o 1º de agosto tranqüilamente no acampamento, onde, agora, somente eu e o Penos encontramos. Mas passei o dia de ontem bastante preocupado. Às 13 horas Pe saiu paracortar um palmito a pouca distância do lugar que acampamos. Passaram-se as horas e elenão voltou. Como se trata de um dos nossos melhores mateiros não sabia a que atribuir suaausência. Não podia ser extravio. Acidente? Ação do inimigo? Hoje, de manhã cedo, elesurgiu extenuado. Perdera-se. Para compensar o susto que pregou, trazia duas gordasjabotas. E, mais uma vez, se confirma a opinião dos camponeses da região de que na matanão existe o “bom”...A Rádio Tirana continua sem notícias da nossa luta. Para não deixar o assunto morrer,cozinhou matéria sobre as lutas camponesas no Brasil. Parece-me que não foi feliz. Voltoua bater na antiga tecla, já superada, de apresentar a resistência armada no Sul do Pará comoação puramente camponesa e de caráter local, como as demais lutas que vêm ocorrendo nointerior do país. Nossa guerrilha tem sentido nacional e constitui a principal forma decombate à ditadura militar. Defendemos a massa camponesa e o povo pobre do interior,mas, ao mesmo tempo, somos parte ativa da luta pela liberdade e pela emancipaçãonacional. Embora tenha pequenas proporções no que se refere às ações militares, não sedeve minimiza-las colocando-a ao nível das lutas espontâneas pelas reivindicaçõeseconômicas. Seja qual for o desfecho da resistência armada nas selvas do Araguaia, ela é ogerme das grandes lutas em que se empenhará o povo brasileiro no futuro. Seu exemplo háde frutificar.Desde ontem a minha ração de “bóia” é de meia caneca de farinha e 10 castanhas porrefeição. Mas, às 16:30 chegaram Zezinho e Ari. Traziam paca cozida e pirão, que eu e o Pelogo devoramos. Também trouxeram um jabuti, um tatu e uma tona. À noite comeu-se sopacom os miúdos e ovos das três jabotas (duas o Pe apanhara no dia da partida) e o tatu.
Enchemos o bucho. E temos jabuti e tona para amanhã. Mas a farinha acabou. Assim é avida do guerrilheiro na mata.3/8 – Mais uma vez o Ju não apareceu no ponto. Só resta uma data para o último encontromarcado: dia 7. Se não aparecer, pode-se deduzir, como quase certo, que o doutor foiassassinado pelo Exército na área do DC era ele. Não quero nem pensar nisso. Mas é umatriste e dolorosa realidade. Suja perda será um golpe irreparável para as ForçasGuerrilheiras. Estas ficarão sem médico e sem um dos mais firmes, capazes e corajososchefes. Mas espero com ansiedade o dia 7 e o regresso do Joaq com informações do DC.Ainda alimento a possibilidade de boas notícias. A esperança é a última que morre,5/8 – Regressaram ontem Joaq, Jo e Ivo. Trouxeram muitas coisas: roupa, açúcar, sal,remédios e outras utilidades. Mas informações, nada. Não encontraram em casa ocamponês que poderia dar notícias sobre o DC. Continuamos, pois, na mesma. Insistiremosem nossa atividade para saber o que aconteceu o DC e o DB.Zezinho e Ari chegaram hoje de uma rápida caçada. Trouxeram um caititu, uma cotia e ummutum. Assim. Melhoram substancialmente a “bóia”.Novamente a Rádio Tirana tratou de nossa luta. Leu o editorial da “Classe” de julho, quetem como centro a resistência armada no Sul do Pará. A matéria é boa. Mostra o caráternacional de combate à ditadura, da guerrilha que se verifica nos municípios de S. João doAraguaia e Conceição do Araguaia. Apela para que apoie os combatentes da selvaamazônica. Informou também que o chefe guerrilheiro e que fora confundido com o PadreRoberto era Paulo Rodrigues, comandante do DC. Isto mostra que este D não foidispersado e está atuando. Isto me proporciona imensa satisfação.6/8 - Na manhã de hoje partira Pe, Joaq e Zezinho em busca de farinha num dos depósitosdo DB. Talvez, além da farinha, tragam alguma novidade deste D.Ao anoitecer, Joaq voltou inesperadamente. Num antigo acampamento, ele e o Pe tinhamencontrado vestígios da passagem de elementos do DB. Decidiram que o Joaq regressasse,para adiar o ponto do DA, e os outros dois fossem pesquisar outro lugar para localizar gentedo DB. No seu retorno, o Joaq encontrou, por acaso, Zeca, VC deste último D, e mais doisco. Marcou, então, o encontro para amanhã.9/8 – Dia 7, cedo, eu e o Joaq partimos ao encontro do Zeca. A viagem foi ótima. Zeca nosrelatou o que acontecera com o DB. Verdadeira historia de Trancoso. Um absurdo. O Osvouvira de um camponês que 3 elementos que pareciam nossos co foram vistos, em“avoada” pela mata, próximo da área onde acampava o DB. Na sua imensa credulidade epondo em ação se grande poder imaginativo, aliados a um excessivo sentido de segurança,concluiu que se tratava do Pe, que saíra acompanhado de 2 co daquele D. E, sem pensarmuito, deixou de atender aos pontos com a CM. Retardou também seu contato com oconjunto de seus comandados, pois ele, Zeca e mais 4 co, inclusive duas co, estavamrealizando trabalho de massa e conseguindo abastecimento. Depois disso, despachou umelemento do grupo que estava com ele para levar uma lata de farinha para o D e transmitirordens para cobrir o ponto de referência da CM. O mensageiro perdeu-se. E 6 dias depoisvoltou com a farinha sem cumprir sua tarefa. Osv, então, deixou o tempo correr, desligadodo grosso de sua tropa e da CM. Nesta brincadeira decorreram quase 30 dias e nós a fazeras mais negras conjeturas sobre o que lhe acontecera. Por insistência do Zeca, aquiesceu emque este atendesse o ponto do dia 7 com a CM e procurasse restabelecer o contato com osmembros desgarrados do D. No encontro com o Zeca deixei-o com a incumbência deprocurar seu pessoa, e depois convocaremos o Osv para uma reunião a fim de discutir o
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