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Grabois - Carta Capital

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19/7 – Nem o Osv nem o Zeca apareceram. Joaq e Zezinho esperaram quase 4 dias. Eu e oPe também os aguardamos em vão. Que teria acontecido com o DB para não vir ninguémao encontro? Algo de grave ter ocorrido ou o D estaria envolvido em atividades que nãopermitiram a saída de seu C ou de seu VC. Espero que na referência talvez surja algummensageiro daquele D.O Ju também não veio ao ponto do dia 18. Ele tem prazo mais demorado para chegar. Masa notícia que o Pe trouxe sobre os acontecimentos de Esperancinha me deixa preocupadoem relação à sorte do nosso bula-chefe.20/7 – Ivo e Ari partiram de manhã levando mensagem ao DA. Confio que façam boaviagem. Eles entregarão ao ZC a seguinte carta a ser encaminhada ao Bispo de Marabá:Exmo Sr Bispo de MarabáD. Estevão Cardoso de AvelarTomamos conhecimento, através de estações rádio-emissoras do estrangeiro, de sua atitudecorajosa no triste e vergonhoso episódio dos maus tratos e torturas infligidos ao padreRoberto e à Irmã Maria das Graças por tropas do governo. O relatório apresentado por VExcia à Conferência Nacional dos Bispos, dando versão real, precisa e minuciosa sobre oocorrido com aqueles religiosos revela uma personalidade independente que não seatemoriza diante da força bruta, nem se deixa abalar por pressões políticas.Por esta razão, e por considera-lo um homem de bem, atrevemo-nos a escrever-lhe a fim deque V Excia avalie, com isenção de ânimo, os motivos da luta em que estamos envolvidos.Com esta carta não objetivamos pedir-lhe apoio e, muito menos, fazer proselitismos. Masesperamos compreensão e justiça em relação à nossa resistência aos desmandos earbitrariedades de um regime autoritário, imposto pela violência à Nação pelo golpe militarde abril de 1964. Passemos, pois, aos fatos para que se configure o quadro verdadeiro dasituação.Como é sabido, no curso do mês de abril deste ano, contingentes do Exército, apoiados pelaMarinha, Aeronáutica e Polícia Militar do Pará, numa aparatosa operação de guerra,atacaram, inesperada e brutalmente, inúmeros moradores do Araguaia que se localizavamem áreas compreendidas entre S. Domingos das Latas e São Geraldo. Os agredidos viviamhá muito tempo em roças e sítios, tendo alguns deles mais de 4 anos de residência nomesmo local, a exemplo de nossa família, que mantinha pequeno comércio às margens doAraguaia, na propriedade chamada Faveira.Naquele lugar éramos úteis à população, tanto do Pará como de Goiás, na sua quasetotalidade – como V Excia sabe – pobre e desprotegida. Comprávamos os produtos da terracom mínima margem de lucro e vendíamos mercadorias mais indispensáveis à vida dopovo a preço baixo. Além disso, comerciávamos com remédios, também a preço baixo, eduas pessoas, enfermeiras de profissão, receitavam, faziam partos e realizavam pequenasintervenções cirúrgicas. Tudo gratuitamente. Éramos, assim, estimados por centenas defamílias de lavradores e por inúmeros moradores de Marabá, S. Domingos das Latas eAraguatins. Jamais tivemos desavença com qualquer habitante da região, não molestamos enem prejudicamos ninguém. É testemunha de nossa atividade laboriosa e prestativa um dosmais ativos e conhecidos sacerdotes de sua Prelazia, Frei Gil, que mais de uma vez esteveconosco, quando realizava desobrigas pelo beiradão do Araguaia.Ultimamente, com a construção da Transamazônica. Apareceram vorazes grileiros quetentavam expulsar de seus locais, com a ajuda da polícia e de pistoleiros, velhos e novosmoradores. Não podíamos deixar de ficar ao lado das vítimas e dos perseguidos.Condenamos com energia os ladrões de terra. Não concordamos com o esbulho de honestos

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