Anais da V Amostra <strong>de</strong> Pesquisas em EducaçãoO DESENVOLVIMENTO PSICOLÓGICO NA ADOLESCÊNCIA SEGUNDO A PSICOLO-GIA HISTÓRICO-CULTURAL E A FORMAÇÃO DA INDIVIDUALIDADE SEGUNDOAGNES HELLER: APORTES TEÓRICOS PARA A EDUCAÇÃO ESCOLAR DE ADOLES-CENTES.Autor: Ricardo Eleutério dos Anjos (ricardo.eleuterio@hotmail.com)Orientador: Prof. Dr. Newton DuarteIES: Universida<strong>de</strong> Estadual Paulista – Campus <strong>de</strong> AraraquaraDepartamento: Psicologia da EducaçãoVisando contribuir para a educação escolar <strong>de</strong> adolescentes, esta pesquisa teórica tem por finalida<strong>de</strong>apontar algumas aproximações entre o <strong>de</strong>senvolvimento psicológico na adolescência segundo apsicologia histórico-cultural e a formação da individualida<strong>de</strong> segundo Agnes Heller. A busca <strong>de</strong>articulação entre a Escola <strong>de</strong> Vygotski – ou seja, a psicologia histórico-cultural – e a Escola <strong>de</strong>Budapeste – especialmente a teoria das objetivações do gênero humano <strong>de</strong>senvolvida por Heller,tem prece<strong>de</strong>ntes em Duarte (1993; 1996) e Rossler (2006), entre outros. Como indicam essesestudos prece<strong>de</strong>ntes, a teoria <strong>de</strong> Agnes Heller aborda a questão da individualida<strong>de</strong> no escopo dasrelações entre a esfera da vida cotidiana e as esferas mais elevadas <strong>de</strong> objetivação do gênerohumano, como a ciência, a arte e a filosofia. Consi<strong>de</strong>rando-se a temática específica a esta pesquisa,concentrarei meus estudos na abordagem helleriana da individualida<strong>de</strong> que, seguindo a terminologiaadotada por Duarte (1993), chamarei <strong>de</strong> formação da individualida<strong>de</strong> para-si. Este trabalho preten<strong>de</strong>respon<strong>de</strong>r a seguinte questão: Quais contribuições o esforço por aproximar a psicologia históricoculturale a teoria filosófico-ontológica da individualida<strong>de</strong> para-si po<strong>de</strong> gerar para a educaçãoescolar <strong>de</strong> adolescentes? Embora se reconheça que a criança, mesmo na mais tenra ida<strong>de</strong>, já estejano processo <strong>de</strong> formação dos conceitos, por meio das fases da formação <strong>de</strong> aglomerados sincréticose do pensamento por complexos, é somente na adolescência que os verda<strong>de</strong>iros conceitos seformam. E, segundo Vygotski (1996), somente por meio dos conceitos é que o conhecimento, aciência, a arte e <strong>de</strong>mais produções sociais po<strong>de</strong>rão ser corretamente apropriadas. Consi<strong>de</strong>rando-seque: a) Para a psicologia histórico-cultural a adolescência é um momento privilegiado tanto pelo<strong>de</strong>senvolvimento do pensamento por conceitos, como pela formação da concepção <strong>de</strong> mundo e<strong>de</strong>senvolvimento da autoconsciência e; b) Para a teoria da individualida<strong>de</strong> para-si um dos fatores<strong>de</strong>cisivos na formação humana é o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> relações conscientes entre o indivíduo e asesferas mais elevadas <strong>de</strong> objetivação do gênero humano como a ciência, a arte e a filosofia: ahipótese <strong>de</strong>ste trabalho é a <strong>de</strong> que a educação escolar po<strong>de</strong> contribuir <strong>de</strong>cisivamente, por meio doensino do conhecimento sistematizado, para a formação da individualida<strong>de</strong> dos adolescentes nosentido da superação dos limites da vida cotidiana. Para isso, esta pesquisa apresentará anecessida<strong>de</strong> da superação dos significados <strong>de</strong> adolescência centrados em mitos, sintomas,<strong>de</strong>sequilíbrios emocionais e concepções naturalizantes evi<strong>de</strong>nciados pelas correntes liberais empsicologia. Essas concepções <strong>de</strong> adolescência contrastam com o ponto fulcral no qual Vygotski ecolaboradores concentraram suas pesquisas, a saber, a formação dos conceitos como um saltoqualitativo no <strong>de</strong>senvolvimento psicológico nesta fase por eles chamada “ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> transição”.Diante da especificida<strong>de</strong> da educação escolar, qual seja, a transmissão do conhecimento científico,mediada pelo professor, este trabalho <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>rá que a prática pedagógica po<strong>de</strong> conduzir o indivíduono processo <strong>de</strong> passagem das funções psicológicas espontâneas às funções psicológicas voluntárias,ou seja, a passagem do em-si ao para-si.15
Anais da V Amostra <strong>de</strong> Pesquisas em EducaçãoCARACTERIZAÇÃO DO CONCEITO DE RELAÇÃO SOCIAL EM PIAGET: UMAANÁLISE A PARTIR DOS CLÁSSICOS DA TEORIA SOCIOLÓGICA.Autor(a): Vanessa Cristina Treviso (vctre@ig.com.br)Orientador(a): Profª. Drª. Lígia Márcia MartinsIES: Universida<strong>de</strong> Estadual Paulista – Campus <strong>de</strong> AraraquaraDepartamento: Psicologia da EducaçãoPiaget (1973) ao discorrer sobre o que é um “ser socializado” propõe alguns estágios pelos quais oindivíduo passa até chegar a essa conquista, ratificando que em cada momento existe uma forma <strong>de</strong>interação social particular. Sendo assim, as fases <strong>de</strong>finidoras das mais diferenciadas qualida<strong>de</strong>s doser social acompanham as do <strong>de</strong>senvolvimento cognitivo e, constata-se que, Piaget reconhece asocialização como parte do processo que compõe a inteligência. Piaget (1973) afirma que asocialização é a passagem em que o indivíduo partindo <strong>de</strong> um pensamento e açõesnaturais/individualizadas chegue ao pensamento e atos socializados, e, com isso, consiga serelacionar com os outros. Dessa maneira, ao que parece Piaget estabelece uma dualida<strong>de</strong> entre oindividual e o social e, é a partir disso, que se busca realizar um estudo sobre o conceito <strong>de</strong> relaçãosocial para o pensador, utilizando-se <strong>de</strong> uma fundamentação teórica dos clássicos da sociologia(Karl Marx, Emile Durkheim e Max Weber) a respeito da categoria analítica, pois esses autoresdiscutem pontos importantes e diferentes metodologias <strong>de</strong> análise sobre as relações estabelecidasentre indivíduo e socieda<strong>de</strong>, o que contribuirá para compreen<strong>de</strong>r e comparar o enfoque <strong>de</strong> Piaget naquestão. Diante <strong>de</strong> todo o <strong>de</strong>bate que se trava em torno do pensamento <strong>de</strong> Piaget e, a partir dahipótese <strong>de</strong> que o autor trata <strong>de</strong> maneira pertinente o “social” para a elaboração <strong>de</strong> sua obra, buscaseesclarecer, sob uma abordagem <strong>de</strong> caráter sociológico, qual é a interpretação adotada por Piagetpara análise e explicação <strong>de</strong>ssas relações. O objetivo é caracterizar o conceito <strong>de</strong> relação social emPiaget procurando contribuir para uma discussão acerca da categoria no autor e as implicações que<strong>de</strong>la resultam para o âmbito da educação escolar. Isso significa compreendê-la como partefundamental na elaboração da epistemologia piagetiana que atualmente se expressa na pedagogiaconstrutivista. A pesquisa é <strong>de</strong> natureza teórica e, para isso, será realizado um levantamentobibliográfico dos clássicos da teoria sociológica e dos autores que abordam a temática proposta. Asteorias sociológicas clássicas se interessam pelo problema das relações entre indivíduo e socieda<strong>de</strong>.Nesse sentido, Marx (2004), Durkheim (2002) e Weber (1979) <strong>de</strong>senvolvem conceitos epensamentos na tentativa <strong>de</strong> explicar essa relação, pois compreen<strong>de</strong>m que algumas ações presentesno cotidiano da vida em socieda<strong>de</strong>, não dizem respeito apenas à ação individual, mas também àação social. Para uma análise <strong>de</strong> como Piaget focaliza as relações entre indivíduo e socieda<strong>de</strong> para o<strong>de</strong>senvolvimento dos processos cognitivos é preciso consi<strong>de</strong>rar que todo o <strong>de</strong>bate piagetiano arespeito da relação entre o <strong>de</strong>senvolvimento do indivíduo e a socieda<strong>de</strong> é norteado por umaconcepção bem <strong>de</strong>limitada <strong>de</strong> relação social. Esta concepção <strong>de</strong> relação social se expressa,sobretudo, nas teorias educacionais apoiadas no pensamento <strong>de</strong> Piaget, uma vez que a educaçãoescolar só po<strong>de</strong> ser compreendida no contexto das relações sociais. Com isso, por meio da educaçãoescolar po<strong>de</strong>-se compreen<strong>de</strong>r a organização social que a sustenta. Por outro lado, a educação escolarapresenta uma especificida<strong>de</strong> tanto no âmbito das relações sociais quanto no âmbito do<strong>de</strong>senvolvimento do indivíduo: trata-se da questão do conhecimento. Nesse sentido, a epistemologia<strong>de</strong> Piaget rompe radicalmente com a tradição oci<strong>de</strong>ntal, pois o conhecimento, para esse pensador,remete à adaptação do indivíduo ao seu meio e, portanto, não diz respeito a algo existente fora dosujeito. Segundo Duarte (2003), a pedagogia das competências, o construtivismo, a Escola Nova, asteorias sobre o professor reflexivo agregam uma corrente educacional contemporânea chamada porele <strong>de</strong> pedagogias do “apren<strong>de</strong>r a apren<strong>de</strong>r”, uma vez que difun<strong>de</strong>m i<strong>de</strong>ários semelhantes e algumasilusões sobre a socieda<strong>de</strong> que atualmente a <strong>de</strong>nominam <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong> do conhecimento. Dessamaneira, observa-se tomadas <strong>de</strong> posições valorativas no apren<strong>de</strong>r a apren<strong>de</strong>r e, criticá-lo exige ir16