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EDITORIAL Oideal de uma educação para todos, após três ... - APPOA

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NOTÍCIASNOTÍCIASSÃO PEDRO CIDADÃO: NOVOS OLHARES E LUGARESEm 1995, a <strong>APPOA</strong>, em parceria com a Secretaria Municipal da Saú<strong>de</strong><strong>de</strong> Porto Alegre, foi promotora <strong>de</strong> um evento marcante na cida<strong>de</strong>, o Convivendocom a loucura, que reuniu nos salões do Clube do Comércio, porvários sábados ao longo <strong>de</strong> meses, centenas <strong>de</strong> pessoas, entre estudantese profissionais, interessadas no tema da clínica das psicoses e engajadasna constituição <strong>de</strong> <strong>uma</strong> re<strong>de</strong> <strong>de</strong> serviços substitutiva ao mo<strong>de</strong>lo manicomial.No ano 2001, a <strong>APPOA</strong> é convidada pela direção do Hospital PsiquiátricoSão Pedro a compor parceria, juntamente com o Centro <strong>de</strong> EstudosPsicanalíticos e o Fórum Gaúcho <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Mental, <strong>para</strong> a realização <strong>de</strong> umencontro abordando saberes e práticas do campo da saú<strong>de</strong> mental consoantescom a proposta <strong>de</strong> <strong>de</strong>sinstitucionalização e inserção social da populaçãoque fora tradicionalmente alvo <strong>de</strong> internamento nos asilos manicomiais. O evento,<strong>de</strong>nominado São Pedro Cidadão – um novo olhar, ocorreu <strong>de</strong> 28 <strong>de</strong> novembro a1 o <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2001, nas <strong>de</strong>pendências do próprio Hospital 1 .As questões que nos ocu<strong>para</strong>m num e noutro evento guardam, certamente,gran<strong>de</strong> proximida<strong>de</strong>, mas o encontro no Hospital São Pedro pô<strong>de</strong>assinalar os avanços e os impasses transcorridos ao longo <strong>de</strong>sses anos, nolento processo <strong>de</strong> consolidação <strong>de</strong> diretrizes políticas, administrativas e clínicas<strong>de</strong> atenção à saú<strong>de</strong> mental na perspectiva que a reforma psiquiátrica ea luta antimanicomial vêm apontar.O encontro teve início abordando as diferentes concepções da loucuraao longo da história, ao que se seguiu o tema dos direitos h<strong>uma</strong>nos e aspectoslegais. Se essa discussão preten<strong>de</strong>u enfocar a complexida<strong>de</strong> das questõessuscitadas pelo ato jurídico da interdição, através do <strong>de</strong>poimento <strong>de</strong><strong>uma</strong> usuária, acabou centrando-se sobre a polêmica da regulamentação ounão do uso <strong>de</strong> eletroconvulsoterapia – polêmica que convém tomar comoemblema do tipo <strong>de</strong> questões, <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m ética, que perpassam todo e qual-1Tiveram participação no evento os seguintes colegas, membros da <strong>APPOA</strong>: AlfredoJerusalinsky, Rosane Ramalho, Maria Ângela Bulhões (pelo HPSP), Nilson Sibemberg (peloCAIS Mental 08) e Analice Palombini (pela UFRGS e Escola <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Pública).quer trabalho dirigido ao campo das psicoses. Ocorre que, nesse campo,encontramo-nos diante <strong>de</strong> alguém cuja condição psíquica facilmente o colocan<strong>uma</strong> relação <strong>de</strong> submetimento à <strong>de</strong>manda que vem do Outro.Esse foi um tema que percorreu a mesa seguinte, sobre a clínica emdiscussão na reforma psiquiátrica, on<strong>de</strong> Alfredo Jerusalinsky apontava <strong>para</strong>o fato <strong>de</strong> que a psicose, especialmente situada na or<strong>de</strong>m do real, encontrasealém das fronteiras do que po<strong>de</strong>mos saber e controlar. A angústia quelidar com o real provoca produz <strong>de</strong>fesas que levam a instituir verda<strong>de</strong>s únicase absolutas como resposta ao seu enigma. Ou seja, à condição propícia aosubmetimento do lado do usuário vem somar-se a posição <strong>de</strong> certeza que seconstitui como <strong>de</strong>fesa do lado <strong>de</strong> quem o aten<strong>de</strong>. Os riscos que corremos,portanto, não são poucos. O assinalamento <strong>de</strong>sses riscos perpassou todo oencontro.Assim, a conferência <strong>de</strong> Benilton Bezerra Jr., da UERJ, abordou o queseria a ampliação da clínica a partir da territorialização do atendimento prestado,implicando, por parte dos serviços, <strong>uma</strong> posição ativa e <strong>de</strong> responsabilizaçãocom respeito ao território (físico, geográfico, mas também subjetivo)em que se encontram inseridos. A noção <strong>de</strong> território, porém, comportao risco <strong>de</strong> transformar-se num braço sutil e po<strong>de</strong>roso <strong>de</strong> medicalização capilarda socieda<strong>de</strong>, voltado a um i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> normalização. Valendo-se <strong>de</strong> Winnicott,Benilton chamava a atenção <strong>para</strong> a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que os serviçossubstitutivos pu<strong>de</strong>ssem operar como espaços suficientemente bons <strong>para</strong>seus usuários, permitindo, através do estabelecimento <strong>de</strong> relações regularese estáveis, alternando presença e ausência, a constituição <strong>de</strong> um espaçotransicional que possibilitasse a vivência <strong>de</strong> estados <strong>de</strong> integração e nãointegraçãodo eu e o exercício da agressivida<strong>de</strong>, autonomia e criativida<strong>de</strong>.E, na mesa sobre formação <strong>de</strong> recursos h<strong>uma</strong>nos e trabalho interdisciplinar,enquanto se escutava o <strong>de</strong>poimento da Direção <strong>de</strong> Ensino e Pesquisado Hospital sobre os entraves e avanços na constituição <strong>de</strong> <strong>uma</strong> ResidênciaIntegrada em Saú<strong>de</strong> Mental, convocando outros saberes e profissões<strong>para</strong> compor, com o saber médico, o fazer da clínica, Marta Zappa, do InstitutoPhilippe Pinel-RJ, afirmava a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> levar em conta, na consti-2 C. da <strong>APPOA</strong>, Porto Alegre, n. 98, jan. 2002 C. da <strong>APPOA</strong>, Porto Alegre, n. 98, jan. 20023

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