- 118 -“... e ela veio me chamar no meio <strong>do</strong> corre<strong>do</strong>r.E ali começou uma péssima discussão. E euestava péssima, 4 horas da tar<strong>de</strong> e eu nãotinha i<strong>do</strong> almoçar”.“... me levou praquele lugar on<strong>de</strong> tava to<strong>do</strong> opublico passan<strong>do</strong>, pro cara me pisotear. Dalipra frente, ela nunca mais fez isso. Mas issoera uma constante. E eu <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o iníciosofren<strong>do</strong> disso,”Apesar <strong>do</strong> sofrimento, humilhação o <strong>enfermeiro</strong> tentava superar a situação através <strong>do</strong><strong>trabalho</strong>, aumentan<strong>do</strong> a sua carga <strong>de</strong> <strong>trabalho</strong>, aumentan<strong>do</strong> responsabilida<strong>de</strong>s,<strong>de</strong>senvolven<strong>do</strong> tarefas que não lhe cabiam fazer como uma expressão <strong>de</strong> me<strong>do</strong> <strong>de</strong> semostrar incompetente e também para no seu entendimento <strong>de</strong> não propiciar motivospara ser mais humilhada e perseguida.“Num certo dia eu falei, vamos organizar ascoisas guardadas e ter espaço. No diaseguinte, pra mostrar o serviço, to<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> ialevar advertência, porque estava monta<strong>do</strong> embloco, e tava fazen<strong>do</strong> por etapa, e tinha quearrumar por data”.As queixas que vinham da chefia eram pequenas segun<strong>do</strong> os <strong>enfermeiro</strong>s. Nãorepresentavam uma preocupação com o serviço ou com a sua qualida<strong>de</strong>, tampouco comos profissionais envolvi<strong>do</strong>s nele.
- 119 -“Eles chegavam humilhan<strong>do</strong>... Às vezes ascoisas que elas cobravam não tinha nada aver, isso não foi guarda<strong>do</strong> ali, quero que ficanesse armário, não nesse, essas coisaspicuinhas”.Submeti<strong>do</strong>s a essa pressão e cobrança constantes, algumas vezes chegavam a agir damesma maneira com os auxiliares <strong>de</strong> enfermagem ou técnicos.“E eu estava tão presa naquela preocupaçãoque fossem cumpri<strong>do</strong>s to<strong>do</strong>s os rituais, que euestava neurotizan<strong>do</strong> os auxiliares e eu tinhaque cobrar <strong>de</strong>les, e se não obe<strong>de</strong>cessem, eurespondia com advertência. Mas foi por muitotempo”.“E a cada meia hora, ela voltava toda hora,por que esse corre<strong>do</strong>r está cheio? Os meninosestão muito lentos, se você não limpar issoaqui, vai levar advertência. E aí, você ficavaigual louco”.O profissional diante <strong>de</strong> tamanha pressão, não conseguia se <strong>de</strong>svencilhar da situação ecalava, apenas obe<strong>de</strong>cen<strong>do</strong> às or<strong>de</strong>ns passadas e incorporan<strong>do</strong>, absorven<strong>do</strong> sentimentos<strong>de</strong> incompetência, perseguição, humilhação...“E eu sei que estava naquela pressão e nãoconseguia respon<strong>de</strong>r nada. Gente, eu estavacom 2 funcionários, existem as priorida<strong>de</strong>s,emergências, pressões, na verda<strong>de</strong> eram 3,
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