- 88 -“Administra conflitos que vem <strong>de</strong> cima pravocê, o que vem <strong>de</strong>baixo pra você. Você ficano meio... Hora falta material que você temque pedir empresta<strong>do</strong>, ou está faltan<strong>do</strong> umrelacionamento entre as pessoas, o pessoalchega, você não po<strong>de</strong> resolver esseproblema?”Desta forma, aos “trancos e barrancos”, diante <strong>de</strong> inúmeras dificulda<strong>de</strong>s, “é o<strong>enfermeiro</strong> que leva o plantão e tem que estar ciente <strong>de</strong> todas as regras e tal”. Eleorganiza, assiste, educa, aten<strong>de</strong>, prioriza...“Aí você como <strong>enfermeiro</strong> você olha a pessoa,e vê que ele é i<strong>do</strong>so, se é criança, você jáencaminha pra outra e verifica a temperatura,então você tem que ver as 3 faixas etárias. Seele é i<strong>do</strong>so, você tem que passar pra frente, acomunida<strong>de</strong> que está esperan<strong>do</strong>, reclama”.Outra espécie <strong>de</strong> conflito administra<strong>do</strong> freqüentemente é a ausência <strong>do</strong> médico e achegada <strong>do</strong> paciente que necessita <strong>de</strong> cuida<strong>do</strong>s.“Então o gran<strong>de</strong> problema da agressivida<strong>de</strong>da enfermagem é isso, não tem médico. E vocêtem que ser o artista, aten<strong>de</strong>r, procurar saberda <strong>do</strong>ença que ele tem orientar, ou botar emuma ambulância. Você tem que ser artista,”Administrar conflitos, uma <strong>do</strong>s significa<strong>do</strong>s <strong>de</strong>scritos pelos <strong>enfermeiro</strong>s como sen<strong>do</strong> <strong>de</strong>sua ativida<strong>de</strong> é exacerba<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> essa ativida<strong>de</strong> é <strong>de</strong>senvolvida em hospitais públicos,
- 89 -on<strong>de</strong> as carências (<strong>de</strong> pessoal, equipamentos, materiais, espaço, etc.) são bastanteacentuadas.Luvisotto et al. (2010) apontou em estu<strong>do</strong> que as ativida<strong>de</strong>s menos prazerosas para os<strong>enfermeiro</strong>s são rotinas administrativas e burocráticas, justificativas <strong>de</strong> queixas eresolução <strong>de</strong> problemas.Este aspecto <strong>do</strong> <strong>trabalho</strong> <strong>do</strong> <strong>enfermeiro</strong> <strong>de</strong> <strong>pronto</strong> <strong>socorro</strong> merece ser apresenta<strong>do</strong> ediscuti<strong>do</strong>, a fim <strong>de</strong> dar visibilida<strong>de</strong> às condições <strong>de</strong> <strong>trabalho</strong> nos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>,administra<strong>do</strong>s pelo po<strong>de</strong>r público, ou seja, mostrar a forma como são trata<strong>do</strong>s osprofissionais que aí atuam e se utilizam <strong>de</strong> recursos públicos.Além disso, outros estu<strong>do</strong>s apontam para uma subutilização <strong>do</strong> <strong>enfermeiro</strong>, bem comopara uma in<strong>de</strong>finição da categoria, ou seja, <strong>do</strong> que faz o <strong>enfermeiro</strong>, qual a sua função,apesar <strong>de</strong> estarem <strong>de</strong>scritas na Lei n. 7.498/86 (TREVISAN, 1984; ANDRADE,SPINDOLA e SANTOS, 2005).Atualmente são as organizações sociais que gerenciam os <strong>pronto</strong>s <strong>socorro</strong>s públicos e<strong>de</strong>vem enfrentar situações que se configuram como <strong>de</strong>safios segun<strong>do</strong> os <strong>enfermeiro</strong>s.“A partir <strong>do</strong> momento que entregou asorganizações sociais, eu não sou contra elastomarem conta, acho que tem que tomar conta<strong>de</strong> quem precisa, quem que faz esquema, quemnão cumpre horário”O não cumprimento <strong>do</strong>s horários e as faltas são gran<strong>de</strong>s questões nos hospitais públicos.No caso <strong>do</strong>s esquemas, que estão relaciona<strong>do</strong>s aos médicos, são situações on<strong>de</strong> oprofissional não cumpre toda a sua jornada <strong>de</strong> <strong>trabalho</strong>, divi<strong>de</strong> a jornada com outroprofissional, muitas vezes se ausentan<strong>do</strong> <strong>do</strong> PS sem que os pacientes tenham qualquertipo <strong>de</strong> atendimento.
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