- 122 -V. CONSIDERAÇÕES FINAISExiste sim uma forma <strong>de</strong> violência no <strong>trabalho</strong> <strong>do</strong>s <strong>enfermeiro</strong>s que os leva aos maisdiversos tipos <strong>de</strong> sofrimento. Esta violência está associada às formas <strong>de</strong> gestão eli<strong>de</strong>rança as quais propiciam situações <strong>de</strong> assédio moral, ainda pouco estudadas nessacategoria.As humilhações, perseguições, o ataque à dignida<strong>de</strong> <strong>do</strong> <strong>enfermeiro</strong> feito por chefias queprimam pelo uso <strong>de</strong> pressões, das punições <strong>de</strong>scabidas, enaltecen<strong>do</strong> emoções como ome<strong>do</strong>, levan<strong>do</strong> o profissional ao isolamento e ao sofrimento mental e físico comsintomas e distúrbios característicos da violência laboral.A violência também se apresenta quan<strong>do</strong> <strong>do</strong> contato com pacientes com distúrbios <strong>de</strong>comportamento ou pacientes que fazem utilização <strong>de</strong> drogas, sejam elas lícitas ouilícitas. Os tipos <strong>de</strong> agressões relatadas vão <strong>de</strong>s<strong>de</strong> as agressões verbais (como insultos eameaças) às agressões físicas (socos, pontapés, etc.).O <strong>pronto</strong> <strong>socorro</strong> não apresenta uma estrutura física a<strong>de</strong>quada, além <strong>de</strong> uma ausência <strong>de</strong>espaços para realização <strong>de</strong> procedimentos. Junte-se a isso, o fato da população não sabera qual serviço recorrer, acumulan<strong>do</strong> uma gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>manda no PS.Há a ausência <strong>de</strong> profissionais (sejam <strong>enfermeiro</strong>s, sejam, auxiliares e técnicos, sejammédicos) para aten<strong>de</strong>rem a toda a população que ao PS recorre. Vale ressaltar que aslacunas se dão também em níveis <strong>de</strong> material necessário, a uma tecnologia ultrapassadaque não colabora com o trabalha<strong>do</strong>r. Há evidências <strong>de</strong> que a tecnologia colocada aserviço da população leva o usuário a se sentir valoriza<strong>do</strong> e reconhecer o <strong>trabalho</strong> <strong>do</strong><strong>enfermeiro</strong>.Diante <strong>do</strong> tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda atendida, pelo fato <strong>de</strong> lidarem com procedimentos que visamà preservação da vida humana, os <strong>enfermeiro</strong>s enten<strong>de</strong>m que <strong>de</strong>ve haver um perfil a sersegui<strong>do</strong> para a admissão <strong>de</strong> um profissional no <strong>pronto</strong> <strong>socorro</strong>, embora a capacitação,a<strong>de</strong>quação, adaptação e o seu saber sejam construí<strong>do</strong>s no dia a dia.
- 123 -A literatura específica indica que para ser <strong>enfermeiro</strong> <strong>de</strong> <strong>pronto</strong> <strong>socorro</strong> <strong>de</strong>ve haverhabilida<strong>de</strong>s técnicas e pessoais, capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> li<strong>de</strong>rança e <strong>de</strong> tomadas <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisõesrapidamente.Há uma queixa geral, acerca das inúmeras tarefas e responsabilida<strong>de</strong>s reais realizadaspelo <strong>enfermeiro</strong>, o que o leva a um distanciamento das suas ativida<strong>de</strong>s relacionadasmais a assistência <strong>do</strong> paciente.Assim, o “fazer <strong>de</strong> tu<strong>do</strong>”, <strong>de</strong>nuncia uma falta <strong>de</strong> <strong>de</strong>limitação das ações da enfermagem,levan<strong>do</strong> a se confundir com o assistente social, o administra<strong>do</strong>r <strong>de</strong> conflitos, etc.Assume assim tarefas que po<strong>de</strong>riam ser <strong>de</strong>legadas ao pessoal administrativo ou àsli<strong>de</strong>ranças e chefias.Estu<strong>do</strong>s realiza<strong>do</strong>s apontam que este distanciamento <strong>do</strong> <strong>enfermeiro</strong> <strong>de</strong> suas tarefas paracumprir tarefas mais administrativas, ou o fazer <strong>de</strong> tu<strong>do</strong>, é uma maneira <strong>de</strong> se distanciar<strong>do</strong>s enfermos, e talvez (grifo meu) da <strong>do</strong>r, <strong>do</strong> sofrimento <strong>de</strong> ter <strong>de</strong> lidar com a morte,com a impotência diante <strong>de</strong>la e com toda a tensão característica <strong>de</strong>ste ambiente <strong>de</strong><strong>trabalho</strong>.Contrariamente, o espaço físico <strong>do</strong> <strong>enfermeiro</strong> ou é pequeno <strong>de</strong>mais ou não existe,levan<strong>do</strong> a sentimentos <strong>de</strong> humilhação, baixa auto-estima. É muito comum seremconfundi<strong>do</strong>s com os auxiliares e técnicos <strong>de</strong> enfermagem pelo público usuário. Comestes divi<strong>de</strong>m o seu local <strong>de</strong> <strong>de</strong>scanso, o posto <strong>de</strong> enfermagem, os locais <strong>de</strong> refeição semcondições higiênicas e <strong>de</strong> conforto satisfatórias.Além disso, <strong>do</strong>rmem ou almoçam ou ainda divi<strong>de</strong>m a sua hora <strong>de</strong> lazer entre as duasalternativas. O ritmo acelera<strong>do</strong>, a falta <strong>de</strong> recursos humanos, a gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>manda leva-ospor vezes a não se alimentar para não terem <strong>de</strong> sentir sonolência após a refeição.A questão <strong>do</strong>s riscos biológicos necessita <strong>de</strong> uma atenção maior, bem como o tema daprodução e <strong>de</strong>scarte <strong>de</strong> resíduos <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. A falta <strong>de</strong> informação e o nãosaber como lidar transforma o risco biológico em um fantasma que assusta a to<strong>do</strong>s,levan<strong>do</strong> a posturas tais como, “to<strong>do</strong>s que trabalham no PS estão sujeitos àcontaminação por agentes biológicos e to<strong>do</strong> o lixo <strong>de</strong>veria ser incinera<strong>do</strong>”.
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