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O conceito de humanitudecriado por Jacquard refere-se àcontribuição de todos os homens,de outrora ou de hoje, para cadahomem. (Jacquard, 1989, p. 163).Já o saudoso mestre Paulo Freire (1996), destaca algumas responsabilidades,obrigações e princípios, quando aponta certas exigências do ensinar:• ensinar exige rigorosidade metódica;• ensinar exige pesquisa;• ensinar exige respeito aos saberes do educando;• ensinar exige criticidade;• ensinar exige estética e ética;• ensinar exige corporeificação das palavras pelo exemplo;• ensinar exige risco, aceitação do novo e rejeição a qualquer forma dediscriminação;• ensinar exige reflexão crítica sobre a prática;• ensinar exige respeito à autonomia do ser do educando;• ensinar exige bom senso;• ensinar exige reconhecimento e a assunção da identidade cultural;• ensinar exige a convicção de que a mudança é possível.Portanto, ao ensinarmos, em nosso caso particular esportes, devemosentender essa ação impregnada por todos esses princípios e condutaspedagógicas, pois, sob a ótica do conceito ensinar não existe diferençaentre o ensinar futebol (esportes) e ensinar português (ou qualquer outroconhecimento).Ensinar não é, e nunca será, tarefa simples e desprovida de responsabilidades.Ao ensinar tem-se o compromisso com o formar. Formar o cidadãoque, para se superar e ser sujeito histórico no mundo, necessita desenvolversua criticidade, sua autonomia, sua liberdade de expressão, sua capacidadede reflexão. Sintetizando, sua cidadania. Assim sendo, aluno/sujeito/cidadãonão será mais aquele que simplesmente se adapta ao mundo, mas o que seinsere, deixando a sua marca na história.O objetivo primário da educação é, evidentemente, revelar a um filho dehomem a sua qualidade de homem, ensiná-lo a participar na construção dahumanitude e, para tal, incitá-lo a tornar-se o seu próprio criador, a sair de simesmo para poder ser sujeito que escolhe o seu percurso e não um objeto queassiste submisso à sua própria produção. (Jacquard, 1989, p. 167).Nos pensamentos de Albert Jacquard (1989), entendemos que o ensinaré o fator decisivo para a construção da humanitude, e ao homem não cabeadquirir os atributos acumulados pela transmissão passiva, pois a naturezado ser humano o faz não ser apenas um produto dela.O ensinar, também na Educação Física em geral e no esporte em específico,não deve se caracterizar numa intervenção simples de transmissãode conhecimento ou imitação de gestos, em que o aluno seja apenas umreceptor passivo, acrítico, inocente e indefeso. Ensinar esportes deve serentendido como uma prática pedagógica, desenvolvida dentro de umprocesso de ensino-aprendizagem, que leve em conta o sujeito aluno,seu contexto, além de seus vários ambientes relacionáveis, criando possibilidadespara a construção desse conhecimento, inserindo e fazendointeragir o que o aluno já sabe com o novo, ampliando-se, assim, suabagagem cultural.A aula deve permitir a troca, a interação, sujeito-meio-esporte. Nas palavrasde Paulo Freire: “... o respeito devido à dignidade do educando não mepermite subestimar, pior ainda, zombar do saber que ele traz consigo para aescola” (Freire, 1996, p. 71).O educando em meio a sua complexa totalidade, inserido em um paradigmaemergente (o qual visa superar o paradigma mecanicista), deve serinstigado a aprender esportes, por meio de uma pedagogia desafiante, quepossibilite uma busca desenfreada pelo superar-se, devendo trazer conseqüênciasimediatas para sua vida.Continuando nessa linha de reflexão, para Manuel Sérgio (1985, p. 5), oprofessor que ensina esportes deve sempre estar ciente de seu papel, narenovação e na transformação, pois:... o desporto há-de ser uma actividade instauradora e promotora de valores. Naprática desportiva, o Homem tem de aprender a ser mais Homem.Carregar o aluno apenas de conhecimentos técnicos, sem uma correspondentereflexão, é uma forma de ensino bancário, depositário, comodizia Paulo Freire (1996), só que aplicado no esporte, pois estamos apenascapacitando, treinando o educando no desempenho de destrezas motoras,sem permitir-lhe o desenvolvimento e a assunção de uma capacidade críticasobre o conteúdo ensinado.Tendo o aluno como centro do processo, percebemos que ele se transformaassimilando conhecimentos, transformando o seu tempo.O educando é, ao mesmo tempo, impregnado e impregnante de umaépoca.Emprestando as palavras de Paulo Freire (1996):É por isso que transformar a experiência educativa em puro treinamentotécnico é amesquinhar o que há de fundamentalmente humano no exercícioeducativo: o seu caráter formador. Se se respeita a natureza do ser humano, oensino dos conteúdos não pode dar-se alheio à formação moral do educando.Educar é substantivamente formar.E formar, como já mencionamos, é muito mais que capacitar um aluno comgestos técnicos. Pois, assim fazendo, estaremos reproduzindo uma sociedade,O paradigma mecânico/cartesiano de Descartes e Newton,entre outros, desenvolveu ummétodo de investigação analíticoque consiste em quebrar fenômenoscomplexos em pedaços, a fim decompreender o comportamento dotodo a partir da propriedade das suaspartes - dando azo à especializaçãoe à hiperespecialização - ou melhorestudá-las de forma separada paradepois ao juntá-las ter uma compreensãomelhor do todo.Ensino bancário foi umaanalogia criada por Paulo Freire parafacilitar a explicação dos métodos deensino que se justificam pela transmissão(depósito) de conhecimentoaos alunos passivos.12 P e d a g o g i a d o e s p o r t e • U N I D A D E 1 U N I D A D E 1 • P e d a g o g i a d o e s p o r t e 13

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