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geral), e um exemplo de estudo teórico-prático tendo o futebol por tema.Os pesquisadores, com suas propostas teórico-práticas, que constituirãonossa linha mestra, são os autores portugueses (Graça, 1995) que desenvolveramseus estudos sobre os Jogos Desportivos Coletivos e os autoresamericanos e ingleses (Werner, Thorper, Bunker, 1996) que se propuseram apensar o ensino dos jogos por meio de sua compreensão (Teaching Gamesfor Understanding), e, por fim, nossos estudos (Scaglia, 1999, 1999b e 2003;Souza, 1999 e 2003; Scaglia, Souza, Rizola, 2002) e do Prof. João Batista Freire(2003) balizam as discussões relativas à pedagogia do futebol.Esses estudos que, longe de divergirem, dialogam, configuram-se empráticas fundamentadas por teorias, viabilizando a construção de uma pedagogiapara o ensino dos esportes, ressaltando inovações pedagógicas euma nova perspectiva para a aprendizagem do futebol, em específico.Portanto, essas abordagens de ensino (teórico-práticas), em consonânciacom todas as outras discussões teóricas desenvolvidas e abordadas atéo presente momento, serão nossos referenciais nas reflexões e nas consideraçõesfinais.a. O ensino dos Jogos Desportivos Coletivos e suas inovaçõespedagógicasSeguindo uma mesma linha de raciocínio por nós defendida, encontramosum grupo de autores portugueses pensando sobre como ensinar JogosDesportivos Coletivos (JDC), dando grande importância à utilização dejogos adaptados e ressaltando alguns princípios pedagógicos relevantes.Júlio Garganta é um dos autores desse grupo que levanta pontos interessantespara uma discussão, propondo a construção de uma teoria parao ensino dos JDC. Ele parte do pressuposto que, nas suas estruturas fundamentaise funcionais, os jogos coletivos apresentam semelhanças, o quepermite serem agrupados em categorias. Desse modo, por exemplo, temoso basquetebol, o handebol e o futebol enquadrados na mesma categoria,pois, segundo os critérios de Garganta (1995, p. 17):• no plano energético funcional, são jogos que fazem apelo a esforçosintermitentes, mistos alternados (aeróbico-anaeróbico) e podem serconsiderados actividades de resistência em regime de velocidade, deforça e de coordenação táctica-técnica.• dum ponto de vista táctico-técnico, em todos estes jogos existe lutadirecta pela posse de bola, há invasão do meio de campo adversário eas trajetórias predominantes são de circulação da bola.Assim podemos aceitar como pertinentes as idéias colocadas por Bayer(1994), que afirma a existência da possibilidade da transferência de habilidades,ou seja, os conhecimentos adquiridos numa prática podem sertransferidos para outra, assim que “o aluno perceba, numa estrutura de umjogo, uma identidade com uma estrutura já encontrada e que ele reconhece nomesmo ou noutro JDC”. (Garganta, 1995, p. 16)Os jogos desportivos coletivos também se caracterizam pela necessidade,quase sempre eminente, de um apelo à cooperação entre os elementosda equipe para vencer os problemas e os desafios que surgem no decorrerdo jogo, bem como o uso da inteligência, entendida como a capacidade deadaptações às novas situações.No decorrer de um jogo, não se tem como prever a freqüência, a ordemcronológica, nem o grau de complexidade apresentada por uma determinadasituação, ou seja, não existe um modelo de execução fixo. Cabe ao jogadorse adaptar ao jogo, na medida em que surgem tarefas motoras maiscomplexas. Garganta (1995, p. 13) salienta:Na construção de tal atitude, a seleção do número e qualidade das acções dependeobviamente do conhecimento que o jogador tem do jogo. Quer isto dizerque a forma de atuação de um jogador está fortemente condicionada pelos seusmodelos de explicação, ou seja, pelo modo que ele concebe e percebe o jogo.Como pudemos entender, a resposta motora apresentada por um jogadorno momento da tomada de decisão e da execução de uma ação nojogo será o reflexo da organização, da percepção e da compreensão dojogo que lhe foi apresentado, aliado ao seu repertório motor, ou melhor,pode ser entendida como a externalização de um comportamento assimiladoque, em razão da compreensão do jogo como um todo, permite acriação de variações desse comportamento segundo a exigência do meio,entendido aqui como solicitações do jogar.Portanto, as exigências do jogo desencadeiam habilidades de naturezaaberta. Segundo Graça (1995):...elas realizam-se sempre em situações de envolvimento imprevisível, a suaoportunidade e em parte a sua execução estão dependentes das configuraçõesparticulares de cada momento do jogo, que ditam o tempo e o espaçopara a sua realização.Não é interessante para os jogos coletivos o ensino apenas das habilidadesde natureza fechada, pois estariam desprovidas da sua razão de sermais importante, que é a capacidade de as utilizar em cada momento dojogo de uma forma deliberada, oportuna e variada.Nos estudos de Garganta (1995), este faz críticas às propostas pedagógicasque se desenvolvem apenas com o jogo formal e as que, balizadasainda por um paradigma cartesiano/mecanicista, separam e se debruçamem partes do jogo, partindo do princípio de que a soma das partes provocaum ganho qualitativo no todo/jogo. Essas propostas centram-se no ensinoe no aperfeiçoamento dos gestos técnicos, esquecendo-se que: “Nestaperspectiva ensina-se o modo de fazer (técnica) separado das razões de fazer(tática)”. (Garganta, 1995, p. 14)Segundo a sua lógica, para se ensinar qualquer jogo desportivo coletivo,o processo deve estar centrado nos jogos condicionados, em que do jogoparte-se para as situações particulares; o jogo é decomposto em unidadesfuncionais, e o seu desenvolvimento se dá de forma sistemática e com com-Habilidades de naturezaaberta são as requeridas nointerior dos jogos, ou seja, condutasmotoras que surgem a partir dasexigências organizacionais dos jogos(por exemplo, os passes exigidos nojogo de bobinho com os pés).Já as habilidades de naturezafechada são as desenvolvidas forado contexto em que são requisitadasno jogo; desse modo, podem serexemplificadas a partir dos treinosde automação e repetição degestos técnicos (por exemplo, repetirinúmeras vezes trocas de passes coma parede).24 P e d a g o g i a d o e s p o r t e • U N I D A D E 1 U N I D A D E 1 • P e d a g o g i a d o e s p o r t e 25

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