Avaliação da microbiota ocular em pacientes com disfunção do filme lacrimal335Tabela 3Microbiota antes e após o implante <strong>de</strong> plug nos 30 olhos dos 22 pacientescom disfunção do filme lacrimal submetidos ao procedimentoID Olho Microbiota pré-plug Microbiota pós-plug1 D SCN SCNCitrobacter freundiiStreptococcus hemolíticodo grupo viridansE SCN SCNStreptococcus hemolíticodo grupo viridans2 D SCN SCN3 D Corynebacterium spp SCN4 D SCN SCN5 D SCN SCNE SCN SCN6 E cultura negativa cultura negativa7 D SCN SCNE S. aureus SCN8 E S. aureus SCN9 D SCN cultura negativaE cultura negativa cultura negativa10 D Alcaligenes xylosoxidans spp SCN11 E cultura negativa Corynebacterium spp12 D SCN SCN13 D Serratia spp cultura negativaE cultura negativa Serratia spp14 E SCN Streptococcus hemolíticoStreptococcus hemolítico do grupo viridansdo grupo viridans15 E Corynebacterium xerosis cultura negativa16 E cultura negativa SCN17 D SCN SCNS. aureusE SCN SCN18 D cultura negativa cultura negativa19 E SCN SCN20 D S. aureus cultura negativaE S. aureus cultura negativa21 E SCN SCNMoraxella nonliquefaciens22 D SCN SCNE SCN SCNaureus em 7 (13,72%), Corynebacterium sp em 3(5,86%), Enterobacter aerogenes em 2 (3,92%),Streptococcus hemolítico do grupo viridans em 1 (1,96%),Serratia sp em 1 (1,96%), Alcaligenes xylosoxidans sppem 1 (1,96%), Corynebacterium xerosis em 1 (1,96%),e Proteus mirabilis em 1 (1,96%) (Tabela 1). Dos 47olhos que apresentaram cultivo positivo, isolou-se umaúnica espécie <strong>de</strong> bactéria em 43 amostras, e em 4, duasespécies <strong>de</strong> bactérias foram isoladas.A oclusão <strong>de</strong> ponto lacrimal com plug <strong>de</strong> siliconefoi efetuada em 30 olhos <strong>de</strong> 22 pacientes (77,3% do sexofeminino e 22,7% do sexo masculino).Dos 30 olhos, 24 (80%) tiveram cultura positivaantes da colocação do plug, sendo 64% para SCN, 16%para S. aureus, e 20% para outras bactérias (Streptococcushemolítico do grupo viridans, Corynebacterium sp,Serratia sp, Alcaligenes xylosoxidans spp) (Tabela 2).Após o implante do plug, 22 (73,3%) dos 30 olhosapresentaram crescimento bacteriano, sendo que, emquatro <strong>de</strong>les, houve crescimento <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> uma bactéria(Tabela 3). SCN continuou sendo o microrganismomais prevalente, com 70,38%, seguido peloStreptococcus hemolítico do grupo viridans, com 11,12%,e pelos outros (S. aureus, Serratia sp, AlcaligenesRev Bras Oftalmol. 2009; 68 (6): 332-7
336Tomimatsu MM, Barbosa MMVC, Yu CZ, Hirai FE, Höfling-Lima ALTabela 4Perfil <strong>de</strong> sensibilida<strong>de</strong> aos antimicrobianos das bactériasisoladas <strong>de</strong> pacientes com disfunção do filme lacrimalSCN(N=34)S. aureus(N=7)n % n %Oxacilina 30 88,23 7 100Amicacina 33 97,05 7 100Tobramicina 28 82,35 7 100Ciprofloxacino 29 85,29 7 100Ofloxacino 32 94,11 7 100Gatifloxacino 29 85,29 6 85,71Moxifloxacino 29 85,29 6 85,71N= número <strong>de</strong> isolados; n= número <strong>de</strong> isolados sensíveisxylosidans spp, Corynebacterium sp, Moraxellanonliquefaciens, e Citrobacter feundii) com 18,5% (Tabela2).Houve mudança na microbiota <strong>de</strong> 17 olhos(56,6%) após o implante do plug, mas isto não teve associaçãocom alterações <strong>de</strong> sinais e sintomas.Observou-se, neste estudo, que nos olhos comdisfunção do filme lacrimal, 88,23% dos SCN eram sensíveisà oxacilina, 82,35% eram sensíveis à tobramicina e85,29% à ciprofloxacino ou a moxifloxacino (Tabela 4).Nos olhos que necessitaram <strong>de</strong> plug, 87,5% dosSCN eram sensíveis à oxacilina antes, e 73,68% após acolocação do plug <strong>de</strong> silicone.DISCUSSÃOO presente estudo confirma dados anteriormentepublicados sobre a microbiota <strong>de</strong> pacientes comdisfunção do filme lacrimal, que apresentam maiorprevalência <strong>de</strong> Staphylococcus coagulase negativa(SCN) com ou sem oclusão do ponto lacrimal com plug<strong>de</strong> silicone (1, 10) . Diversos autores também <strong>de</strong>monstraramque SCN é o microrganismo mais prevalente emolhos normais (11, 12) .Ainda não há estudos <strong>de</strong>screvendoalterações da microbiota <strong>de</strong> acordo com a severida<strong>de</strong>da disfunção lacrimal.O método utilizado para avaliar a microbiota,neste estudo, foi o <strong>de</strong> cultivo em meios sólidos e líquidos.Estudos com PCR <strong>de</strong>screvem que este método é capaz<strong>de</strong> <strong>de</strong>tectar uma diversida<strong>de</strong> muito maior <strong>de</strong> bactériastanto na superfície <strong>de</strong> olhos saudáveis quanto na <strong>de</strong> olhoscom disfunção do filme lacrimal, enquanto que os métodos<strong>de</strong> cultivo convencionais frequentemente apresentamresultados negativos ou somente positivos paraSCN (10) . Isso ocorre porque o PCR po<strong>de</strong> <strong>de</strong>tectar materialgenético mesmo <strong>de</strong> microrganismos com difícil crescimentoem meios <strong>de</strong> cultura convencionais, especialmente<strong>de</strong>vido à limitada quantida<strong>de</strong> do microrganismona amostra. Entretanto, a elevada sensibilida<strong>de</strong> do examemolecular permite a <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> microrganismosque, apesar <strong>de</strong> presentes, po<strong>de</strong>m não estar relacionadosao quadro clínico. É muito difícil instituir um tratamentona ausência <strong>de</strong> sinais e sintomas oculares.É frequente que o paciente com disfunção do filmelacrimal apresente-se com sinais <strong>de</strong> olho vermelho esintomas <strong>de</strong> irritação ocular (5, 13) . As enzimas e toxinasproduzidas por muitas das bactérias que colonizam asuperfície ocular são capazes <strong>de</strong> <strong>de</strong>struir a camada <strong>de</strong>mucina e <strong>de</strong> lipídios, <strong>de</strong>sestabilizando ainda mais o filmelacrimal, e agravando a inflamação ocular e os sintomas<strong>de</strong> olho com disfunção do filme lacrimal (3, 10) . Emolhos com inflamação crônica há maior risco <strong>de</strong> existiremSCN multirresistentes (1, 14) . Em contrapartida, nesteestudo, observou-se que, em olhos com disfunção do filmelacrimal, 87,50% dos SCN eram sensíveis à oxacilina.Após a oclusão do ponto lacrimal inferior com plug <strong>de</strong>silicone, ainda 73,68% dos SCN isolados eram sensíveisà oxacilina.Neste estudo, apesar <strong>de</strong> 17 (56,6%) dos 30 olhosdos 22 pacientes submetidos ao plug terem apresentadoalteração da microbiota, não foi observado um padrão<strong>de</strong> modificação no perfil <strong>de</strong> microrganismos encontradosem olhos com disfunção do filme lacrimal após oimplante do plug <strong>de</strong> silicone. Além disso, não é possívelinterpretar se o plug foi o fator <strong>de</strong>terminante da mudança.Para tanto, o i<strong>de</strong>al seria que cada paciente submetidoao implante <strong>de</strong> plug tivesse um olho com plug e o outrosem, como controle.Sabe-se que a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> formação <strong>de</strong>Rev Bras Oftalmol. 2009; 68 (6): 332-7
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