12.07.2015 Views

Nov-Dez - Sociedade Brasileira de Oftalmologia

Nov-Dez - Sociedade Brasileira de Oftalmologia

Nov-Dez - Sociedade Brasileira de Oftalmologia

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

342Silva MRBM, Weber SATda compatível com aumento do tônus vascular. A SAOSaumenta a liberação <strong>de</strong> hormônios <strong>de</strong> ação vascular:catecolaminas, peptí<strong>de</strong>os natriuréticos atriais,angiotensina II, vasopressina e endotelina (13,14) . Assim ahipóxia prolongada característica da síndrome po<strong>de</strong>riacausar dano direto ao nervo óptico. Outras possibilida<strong>de</strong>spara explicar o dano ao nervo óptico seriam a alteraçãoda autoregulação do fluxo sangüíneo na cabeçado nervo óptico (17) , secundária a apnéias prolongadas erepetidas ou secundária a hipertensão arterial earterioesclerose (18,19) causadas pela própria SAOS ouainda <strong>de</strong>sequilíbrio entre óxido nítrico e endotelina (19) .Chama atenção neste estudo o gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong>suspeitos <strong>de</strong> glaucoma, 9 (82%) <strong>de</strong> 11 pacientes. Dos 9, 5tiveram o diagnóstico <strong>de</strong> suspeita <strong>de</strong> glaucoma por apresentaremà CTD picos pressóricos <strong>de</strong> até 32 mmHg egran<strong>de</strong>s flutuações da PIO (PIO maior – PIO menor) <strong>de</strong>até 14 mmHg. Os picos pressóricos ocorreram sempreno horário das 6 horas da manhã quando o paciente estava<strong>de</strong>itado. Após levantar a PIO já sofria queda, masmanteve-se maior do que nos outros horários. A PIO elevadana posição supina po<strong>de</strong>ria ser também outro fatorcontribuinte para o <strong>de</strong>senvolvimento do glaucoma nospacientes com SAOS. Foi observada PIO aumentada emposição supina no horário das 6 horas em portadores <strong>de</strong>glaucoma tratados ou com hipertensão ocular (20) . Tambémem indivíduos normais observou-se PIO aumentadaem posição supina, porém é maior nos pacientes comglaucoma <strong>de</strong> pressão normal (21-23) o que po<strong>de</strong> reduzir ofluxo sanguíneo ocular nestes pacientes (24) .Goldblum et al. (25) avaliaram a PIO <strong>de</strong> 3 pacientesportadores <strong>de</strong> SAOS e glaucoma <strong>de</strong> pressão normal duranteo sono em Laboratório do Sono. As avaliações da PIOforam feitas em 2 momentos: <strong>de</strong> respiração normal e nofinal <strong>de</strong> apnéias prolongadas sendo os valores semelhantes.Assim a PIO elevada em nossos pacientes é provavelmentepostural e não por efeito da apnéia prolongada.Não foi encontrado na literatura nenhum estudodo comportamento da PIO <strong>de</strong> 24 horas em pacientesportadores <strong>de</strong> SAOS. Apesar <strong>de</strong>ste trabalho não ter grupocontrole, os picos e as flutuações da PIO observadosforam muito maiores do que o esperado na populaçãonormal. Deve ser ainda ressaltado que os cinco pacientesque apresentaram picos <strong>de</strong> PIO > 21 mmHg (números1, 2, 7, 8 e 10) não apresentavam no momento doexame alterações <strong>de</strong> nervo óptico e/ou da camada <strong>de</strong>fibras nervosas.Mesmo sendo glaucoma <strong>de</strong> pressão normal, oglaucoma mais frequentemente associado a SAOS, Sergiet al. (6) encontraram PIO mais elevada nestes pacientes doque nos controles, o que sugere que também a PIO teriapapel na fisiopatogenia do glaucoma associado à SAOS.Fortalecem a relação glaucoma/SAOS não só agran<strong>de</strong> prevalência <strong>de</strong> glaucoma na SAOS, e a gran<strong>de</strong>prevalência <strong>de</strong> SAOS (<strong>de</strong> 46% a 50%) em portadores<strong>de</strong> glaucoma (7,9) , mas também a <strong>de</strong>monstração <strong>de</strong>Kremmer et al. (26) <strong>de</strong> que a terapia com ventilação positivanasal (CPAP) melhora o curso das duas doenças.Este é um estudo observacional, assim como o sãoos estudos citados anteriormente e portanto não permiteconclusões <strong>de</strong> causa e efeito da SAOS levando ao glaucoma,mas mostra associação da SAOS com glaucoma <strong>de</strong> ânguloaberto. Mostra ainda alto risco <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>glaucoma naqueles pacientes que apresentaram gran<strong>de</strong>spicos pressóricos (27) e gran<strong>de</strong>s flutuações na avaliação daPIO <strong>de</strong> 24h, picos estes observados às 6 h com paciente<strong>de</strong>itado e portanto fora do horário da avaliação normal doconsultório. As flutuações da PIO têm sido apontadas comoimportante fator <strong>de</strong> progressão do glaucoma (28) e o OHTS (29)mostrou que quanto maior a PIO e menor a espessuracorneana maior é o risco <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver glaucoma, o quesugere que os pacientes com PIO elevada terão maior probabilida<strong>de</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver glaucoma.Os resultados <strong>de</strong>ste estudo em portadores <strong>de</strong>SAOS mostraram portanto alta freqência <strong>de</strong> glaucomae <strong>de</strong> suspeitos <strong>de</strong> glaucoma. Apesar da amostra pequenae <strong>de</strong> não haver grupo controle, os dados sugerem queportadores <strong>de</strong> SAOS têm maior risco <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolverglaucoma do que indivíduos sem SAOS, e portanto <strong>de</strong>veriamser submetidos à avaliação oftalmológica parapesquisa <strong>de</strong> glaucoma.CONCLUSÃOA SAOS po<strong>de</strong> ser um fator <strong>de</strong> risco importantepara o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> glaucoma principalmente<strong>de</strong> pressão normal.Pacientes com SAOS <strong>de</strong>vem ser referidos para ooftalmologista e os oftalmologistas <strong>de</strong>vem estar atentospara a associação <strong>de</strong> distúrbios do sono em pacientescom glaucoma <strong>de</strong> ângulo aberto.ABSTRACTPurpose: To <strong>de</strong>termine the frequency of glaucoma an<strong>de</strong>valuate the behavior of 24-hour intraocular pressure inpatients with the obstructive sleep apnea syndrome (OSAS).Methods: Eleven consecutive patients with OSAS,diagnosed by polysonography, were avaliated in a cross –sectional study. Demographic data were analyzed: age, sex,race/color, weight, height and associated diseases. Thepatients were submitted to complete ophthalmologicexamination, including the visual field, as well as to 24-hour intra-ocular pressure (IOP) evaluation by anapplanation tonometer at 9h, 12h, 15h, 18h, 24h and 6h inthe lying and sitting positions. The diagnostic criterion forRev Bras Oftalmol. 2009; 68 (6): 338-43

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!