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Nov-Dez - Sociedade Brasileira de Oftalmologia

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“Crosslinking”<strong>de</strong> colágeno no tratamento do ceratocone361Este efeito, no entanto, não se mostra homogêneono tecido corneano. Durante a análise histológica ebiomicroscópica dos botões corneanos submetidos à temperatura<strong>de</strong> 70º C pô<strong>de</strong>-se observar um efeito predominantementeacentuado nas 200µm anteriores da córnea,on<strong>de</strong> a arquitetura organizada e a presença <strong>de</strong>birrefringência ainda encontravam-se presentes (15) .Efeitos morfológicosDurante o processo <strong>de</strong> envelhecimento naturaldo tecido corneano ocorre um aumento no diâmetro dafibra <strong>de</strong> colágeno <strong>de</strong> 4,5% (17,18) . As alterações <strong>de</strong>scritasno processo <strong>de</strong> envelhecimento foram evi<strong>de</strong>nciadas namicroscopia eletrônica <strong>de</strong> córneas <strong>de</strong> coelhos submetidosao procedimento <strong>de</strong> crosslinking induzido pela UVAassociado à riboflavina (16) . As fibras <strong>de</strong> colágenocorneano apresentaram um aumento, em média, <strong>de</strong>12,2% <strong>de</strong> seu diâmetro no estroma anterior e 4,6% noestroma posterior quando comparado ao grupo controle.A diferença <strong>de</strong> 9,3% maior do efeito no estroma anteriorem relação ao posterior corroborou para evidênciapreviamente <strong>de</strong>scrita <strong>de</strong> uma indução maior <strong>de</strong>crosslinking na porção anterior da córnea (19) .O diâmetro da fibra colágena <strong>de</strong>monstrada porWollensak et al. neste experimento obteve um aumentomédio na or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 3,96 nm (16) . Não houve perda datransparência corneana em nenhuma amostra corroborandopara evidência <strong>de</strong> um procedimento seguro (19) .Efeitos enzimáticosEm pacientes com ceratocone a <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> produtosresultantes da <strong>de</strong>gradação do colágeno(telopeptí<strong>de</strong>os), <strong>de</strong>tectadas na lágrima, foi <strong>de</strong>monstradacomo sendo cerca <strong>de</strong> 3,5 vezes maior, quando comparadoao grupo controle. Esta evidência contribuiu tardiamentepara a <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> um catabolismo enzimáticoacelerada no ceratocone, quando comparado a olhosnormais (20,21) .Durante o processo <strong>de</strong> estudos laboratoriais, nointuito <strong>de</strong> avaliar os efeitos do tratamento <strong>de</strong> crosslinkingfotoinduzido, foi possível observar um importante<strong>de</strong>créscimo nas taxas dos subprodutos da <strong>de</strong>gradaçãodo colágeno em córneas tratadas. A este fato atribui-seuma menor ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> algumas enzimas envolvidasno turn-over <strong>de</strong> colágeno corneano, como asmetaloproteinases matriciais tipo 1 e 13 (MMP’s),tripsina humana tipo 2 e catepsina K (22) .Efeitos sobre os ceratócitosA radiação ultravioleta, por si só, po<strong>de</strong> exercerum efeito <strong>de</strong>letério na camada <strong>de</strong> ceratócitos. A intensida<strong>de</strong><strong>de</strong>ste efeito está diretamente ligada ao comprimento<strong>de</strong> onda <strong>de</strong> cada um <strong>de</strong> seus espectros. O espectroUVA é o maior <strong>de</strong> todos, com comprimento entre 315 e400nm. Esta característica confere ao mesmo uma capacida<strong>de</strong><strong>de</strong> transmissão na or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 25 a 35% <strong>de</strong> suairradiação às camadas mais profundas da córnea, sendoabsorvido no estroma anterior on<strong>de</strong> exerce importanteefeito citotóxico (23) .O processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sepitelização corneana tambémexerce um efeito lesivo aos ceratócitos, porém <strong>de</strong> formamenos intensa, acometendo somente os 50µm anterioresda córnea. A riboflavina, por ser uma substânciaendógena, não exerce qualquer efeito citotóxico diretoao estroma corneano (23,24) .Wollensak et al. <strong>de</strong>monstraram in vitro os efeitosda irradiação proposta para o tratamento do ceratoconeem culturas <strong>de</strong> ceratócitos provenientes <strong>de</strong> córneas <strong>de</strong>suínos. A análise dos tecidos tratados sob diferentes intensida<strong>de</strong>s<strong>de</strong>monstrou um limiar <strong>de</strong> citotoxicida<strong>de</strong> naor<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 5mW/cm² quando somente tratada com UVA,e uma redução para 0,5 mW/cm² quando se utilizou aassociação UVA-riboflavina. Estes resultados evi<strong>de</strong>nciama função catalisadora da riboflavina no processo (24) .Posteriormente, Wollensak et al. estudaram através<strong>de</strong> microscopia eletrônica, córneas <strong>de</strong> suínos tratadassob diversas intensida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> irradiação. Os achadosin vivo <strong>de</strong>monstraram bastante semelhança com o experimentoanterior utilizando cultura <strong>de</strong> ceratócitos suínos,reafirmando o limiar <strong>de</strong> citotoxicida<strong>de</strong> (25) .Nestes estudos, não foi observado nenhum caso<strong>de</strong> alteração na transparência ou espessura corneana,efeito também ausente durante a realização <strong>de</strong> ensaiosclínicos com humanos que serão <strong>de</strong>scritos a seguir (24,25) .Efeitos colateraisA radiação UV representa um importante fatorlesivo à córnea, cristalino, e retina. Os danos causadospelos raios UV <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m do comprimento <strong>de</strong> onda daradiação, da área sobre a qual ela inci<strong>de</strong>, bem como dotempo <strong>de</strong> exposição.Na ausência <strong>de</strong> um fotossensibilizante, lesõesendoteliais foram <strong>de</strong>monstradas na presença <strong>de</strong> comprimentos<strong>de</strong> ondas maiores que 350nm e intensida<strong>de</strong>superior a 3mW/cm² (26) . Durante experimentos realizados,o limiar <strong>de</strong> segurança para a lesão fotoativa foi<strong>de</strong> 70 J/cm² para o cristalino, 42 J/cm² para a córneae 4.3 m W/cm² para a retina (24,25,27) .Comparando-se estes valores citados à dose utilizadadurante o procedimento <strong>de</strong> crosslinking UVA-R induzidoem humanos (3mW/cm², 5.4 J/cm²), nenhum dano é esperadono endotélio corneano, cristalino ou mesmo retina (24,25,27) .Rev Bras Oftalmol. 2009; 68 (6): 359-64

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