Júlia Carina Niemeyer , Silvia Egler e Eduardo Mendes da Silva 135Em 2001, Cunha e Araújo (2001, apud FUNASA, 2003) realizaram um estudo pericialonde, em amostras de águas superficiais na área da Plumbum, as concentrações máximaspara Pb foram de 37,2 mg/L e para Cd de 0,46 mg/L. O estudo também incluiuamostras de frutas (sete amostras), com concentrações de Pb = 12,35 ± 0,30 µg/g ede Cd = 1,88 ± 0,03 µg/g, tubérculos (quatro amostras) com concentrações de Pb =14,1 ± 1,55 µg/g e de Cd = 2,32 ± 0,54 µg/g e gramíneas, concentrações de Pb = 85,0μg/g e de Cd = 41,3 μg/g. Outro estudo foi realizado com amostras de gramíneas nomesmo ano, 2001, coletadas a 300 m da Plumbum e a 1, 6, 10 e 14 km de SantoAmaro por Costa (2001). As concentrações (em peso seco) encontradas em gramíneasa 300 m da Plumbum foram Pb = 30,2 ± 2,7 μg/g e Cd = 1,23 ± 0,05 μg/g; e a 14km, Pb = 0,897 ± 0,386 μg/g e Cd = 0,302 ± 0,036 μg/g. Correlações positivas foramencontradas entre as concentrações de Pb nas plantas e no solo. Para comparaçãocom concentrações de Pb e Cd de áreas não contaminadas, a autora considerou comovalores de referência 1 μg/g para Pb, e 0,3 μg/g para Cd.Em um estudo mais recente, realizado pela Funasa (2003), coletas de sedimento foramrealizadas a 500 m à montante da Plumbum, da Plumbum até o início do mangueem Santo Amaro, e do mangue de Santo Amaro até São Brás. Os metais determinadosnos sedimentos foram: As, Cu, Hg, Pb, Ni e Zn. Os resultados obtidos foram divididosem duas faixas, T = 0‐5 cm e F = 5‐10 cm, onde as concentrações de metais determinadasforam: Pb na faixa T = 24,39 ± 10,64 ppm (n = 17) e F = 32,25 ± 31,15 ppm (n =17); As na faixa T = 0,94 ± 0,31 ppm (n = 5) e F = 0,63 ± 0,08 ppm (n = 4); Cd na faixaT = 0,54 ± 0,08 ppm (n = 4) e F = 0,73 ± 0,33 ppm (n = 4). Também foram coletadasnove amostras de moluscos (sururu) no mangue entre Santo Amaro e São Brás, ondeem um ponto a concentração máxima de Pb foi de 5,73 ppm.O estudo realizado pela Funasa (2003) relata que, na colônia de pesca de Caieira,onde os pescadores e suas famílias vivem à beira do rio Su<strong>ba</strong>é, quando questionadossobre a qualidade do pescado e da água do rio, os pescadores informaram que entre1994 e 1995 o “mangue morreu”, e que “hoje é necessário andar mais, para se encontrarmariscos”. Relatam ainda que a quantidade e a qualidade das espécies foram reduzidas(FUNASA, 2003). Estes relatos mostram um possível efeito tóxico para osecossistemas em questão, com um impacto sobre um serviço do ecossistema essencialpara a sobrevivência destas comunidades, que pode ser resultado da contaminaçãogerada pela Plumbum ou por outros impactos que o rio Su<strong>ba</strong>é vem sofrendo.A contaminação dos compartimentos ambientais e da biota atualmenteA Tabela 1 apresenta uma compilação dos dados existentes sobre a determinação dosmetais Pb e Cd nos compartimentos ambientais e na biota. Pode‐se notar que a contaminaçãopersiste na biota associada a solos e sedimentos contaminados.Uma das conclusões da análise de risco à saúde humana realizada pela Funasa (2003)é a de que os mariscos contaminados constituíam‐se em uma rota presente e possivelmenteem uma rota futura de contaminação humana. Os dados levantados neste
136Avaliações ecológicas e ecotoxicológicas relacionadas ao caso da Plumbum em Santo Amaro (BA)estudo e em estudos anteriores corroboraram a contaminação passada, presente epossível contaminação futura da cadeia trófica deste compartimento aquático. Os autoresrecomendaram a realização de estudos que determinem os pontos de maiorconcentração dos metais nos sedimentos, principalmente nas proximidades daPlumbum, para melhor delimitar as áreas que oferecem riscos.Hatje et al. (2006) estudaram a contaminação por metais no rio Su<strong>ba</strong>é, a estrutura dacomunidade de organismos bentônicos (coletados no sedimento), e a contaminaçãopor metais em amostras de solo nas vizinhanças da usina da Plumbum. As estaçõesde coleta no canal principal do rio estavam distribuídas desde o estuário, na <strong>ba</strong>ía deTodos os Santos, até a montante da cidade de Santo Amaro. Os metais analisados nafração < 63 µm foram: Cd, Co, Cr, Cu, Mn, Ni, Pb e Zn. Além da digestão para a análisetotal com água‐regia, foi realizada outra com solução de HCl 1M, utilizada para obterdados sobre biodisponibilidade. A menor concentração total no sedimento foi de Cd(0,223 mg/kg) e a maior de Zn (877 mg/kg). Nas amostras de solo, as maiores concentraçõesforam de Pb (> 15091 mg/kg) e de Zn (2291 mg/kg). Das extrações comHCl 1M, Cd, Zn, Mn e Pb apresentaram as maiores porcentagens de recuperação com60 a 90%, 60%, 60% e 80%, respectivamente, sugerindo que esses metais foram,principalmente, solubilizados pela dissolução de óxidos metálicos. Os resultadosobtidos com a análise das comunidades bentônicas indicaram que estas foram negativamenteafetadas pelas altas concentrações de metais, especialmente de Co em todasas estações amostradas. Os autores concluíram que o passivo da usina daPlumbum representa uma fonte contemporânea (alta mobilidade e contínuo alto potencialde impacto ambiental) de contaminação fluvial, subterrânea e atmosférica demetais como Pb, Zn e Cd.Hatje et al. (2010) determinaram a concentração de As em amostras de sedimentocoletadas em 11 pontos ao longo do canal principal do rio Su<strong>ba</strong>é. A fração analisadafoi a < 63 µm. Além do AsT (arsênio total) foi realizada a análise das espécies As(III)e As(V). De acordo com CRA (2004, apud HATJE, 2010) as concentrações de <strong>ba</strong>ckgroundde AsT na <strong>ba</strong>ía de Todos os Santos variam de 5 a 17 mg/kg. As concentraçõesde As(V) são maiores, representando entre 69 e 83% do As presente no sedimento.Esta espécie é menos tóxica que o As(III) e menos móvel, apresentando maior adsorçãoao sedimento. A concentração de AsT (5‐15 mg/kg) e As(III) (1‐3 mg/kg) diminuiuda foz para montante. Os autores atribuíram esta distribuição às regiões petrolíferasna <strong>ba</strong>ía de Todos os Santos e ao passivo da usina da Plumbum.O tra<strong>ba</strong>lho de Santos (2011) confirma que a exposição humana à biota contaminadacontinua atualmente. Em amostras oriundas de três associações de pescadores emSão Francisco do Conde, coletadas durante os anos de 2010 e 2011, foram encontradosaltos teores de Pb em amostras de sururu (Mytela guyanensis), variando numafaixa de 0,28 μg/g a 5,4 μg/g, e em amostras de camarão (Penaeus brasiliensis), variandode 0,19 μg/g a 3,4 μg/g, peso seco, excedendo o limite estabelecido pela Anvisa(BRASIL, 1998) de 2,0 μg/g. Em relação ao cádmio, o sururu (M.guyanensis), com teormáximo de 1,1 μg/g, ultrapassou o limite desse metal estabelecido pela Anvisa
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