12.07.2015 Views

O Papel da Criminologia na Definição do Delito - Emerj

O Papel da Criminologia na Definição do Delito - Emerj

O Papel da Criminologia na Definição do Delito - Emerj

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

mo tempo, as consequências de se alcançar uma conclusão a respeito <strong>da</strong>referi<strong>da</strong> conceituação são de fun<strong>da</strong>mental importância para a realização<strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s criminológicos e para as consequentes conclusões ob<strong>da</strong>spela <strong>do</strong>gmáca jurídico-pe<strong>na</strong>l e pela políca crimi<strong>na</strong>l (para futura decisãoacerca <strong>da</strong>s medi<strong>da</strong>s a serem implementa<strong>da</strong>s).SERRANO MAÍLLO 55 apresenta as concepções de delito de acor<strong>do</strong>com uma óca legal ou uma óca <strong>na</strong>tural. Segun<strong>do</strong> o autor, a concepçãolegal de delito refere-se à ideia de que o limite <strong>do</strong> objeto de estu<strong>do</strong> <strong>da</strong> criminologiaé o Código Pe<strong>na</strong>l e as leis pe<strong>na</strong>is especiais. A concepção <strong>na</strong>tural,por sua vez, propõe a definição de crime como to<strong>do</strong> ato de força sica oufraude que é realiza<strong>do</strong> pelo indivíduo em busca de benecio próprio.Ambos os entendimentos mencio<strong>na</strong><strong>do</strong>s acima são objeto de crícas. 56A concepção legal de delito é refuta<strong>da</strong> principalmente pelo argumento deque ca<strong>da</strong> discipli<strong>na</strong> deveria definir ela mesma seu objeto de estu<strong>do</strong>. Alémdisso, alega-se que as leis pe<strong>na</strong>is são demasia<strong>da</strong>mente vagas e imprecisas,além de serem facilmente mutáveis, bem como que tais leis podem ser meramenterepresentavas <strong>do</strong>s interesses <strong>do</strong>s grupos sociais <strong>do</strong>mi<strong>na</strong>ntes.A concepção <strong>na</strong>tural de delito paru <strong>da</strong> correta premissa de defendera necessi<strong>da</strong>de de que a ciência <strong>da</strong> criminologia defi<strong>na</strong> por si mesmaseu próprio objeto de estu<strong>do</strong>. No entanto, também fora alvo de sérias crí-cas, referentes ao fato de contar com conceitos excessivamente imprecisospara a compreensão <strong>do</strong> crime. Refutou-se também o fato de que talconcepção abrange mais condutas <strong>do</strong> que aquelas que realmente importampara o objeto <strong>da</strong> referi<strong>da</strong> ciência, além <strong>do</strong> fato de que, de acor<strong>do</strong> comtal percepção, um crime não poderia ser come<strong>do</strong> em benecio alheio.Parn<strong>do</strong> <strong>da</strong> compreensão <strong>da</strong> criminologia como ciência autônoma eindependente de qualquer outra discipli<strong>na</strong> de estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> fenômeno delivo,resta clara a necessi<strong>da</strong>de de uma definição criminológica <strong>do</strong> fato criminoso.Pois, por mais que conte com o auxílio de esferas <strong>do</strong> conhecimento comoo Direito pe<strong>na</strong>l e a políca crimi<strong>na</strong>l, o estu<strong>do</strong> <strong>da</strong>s leis posivas e <strong>da</strong>s medi<strong>da</strong>spe<strong>na</strong>is aplica<strong>da</strong>s deve servir somente de base para a ciência, que deve– <strong>do</strong>tan<strong>do</strong>-se <strong>do</strong>s seus méto<strong>do</strong>s de estu<strong>do</strong> e de seus próprios resulta<strong>do</strong>sob<strong>do</strong>s – construir seu próprio conceito acerca <strong>do</strong> fato criminoso.Dessa forma, <strong>do</strong>tan<strong>do</strong>-se <strong>do</strong>s referi<strong>do</strong>s suportes e ten<strong>do</strong> sempreem mente o contexto histórico, cultural e social no qual se está inseri<strong>do</strong>,55 SERRANO MAÍLLO, Alfonso, op. cit., p. 45-46.56 Ibid., p. 47-48.170❙R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 16, n. 61, p. 153-173, jan.-fev.-mar. 2013❙

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!