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AcABAr coM A POBREZA nA noSSA GerAÇÃo - Save the Children

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ACABAR COM A <strong>POBREZA</strong> NA NOSSA GERAÇÃOTodavia, a maioria das pessoas concordaria que ashipóteses de vida de uma criança não devem serdeterminadas antes de ela ou ele nascerem, mas queem vez disso as crianças devem ter ‘igualdade deoportunidades’. No entanto, desde o nascimento queas hipóteses de vida para algumas crianças são muitopiores do que para outras. Entre muitas outras coisas,o rendimento dos nossos pais, o nosso género, onosso grupo étnico, e se tivemos ou não o suficientepara comer durante a primeira infância, ou se somosou não portadores de uma deficiência, podem teruma grande influência no percurso que a nossa vidaassume. Contudo, para uma criança, estes fatoresescapam claramente ao seu controlo.É assim particularmente chocante que as criançassofram duas vezes mais em termos de desigualdade secomparadas com a população em geral. Enquanto aspessoas dos 10% de agregados familiares mais ricos,numa amostra de 32 países, têm acesso a 17 vezesmais rendimento do que as dos agregados mais pobres,a disparidade entre o rendimento disponível poragregado familiar para as crianças mais ricas e para asmais pobres é de 35 vezes; e este fosso aumentou emcerca de um terço desde o início da década de 1990. 10Além disso, a existência da própria disparidadeprovoca diferenças no bem-estar psicossocial daspessoas. A desigualdade afeta o modo como aspessoas se veem a si próprias na relação com osoutros; as crianças em particular têm uma perfeitaconsciência do seu estatuto na relação com osseus pares. Isto por sua vez afeta as oportunidadesque elas aproveitam – as perceções de estatutoinferior podem restringir a ambição e limitar ossentimentos de autoestima das crianças. Por exemplo,uma investigação da Universidade de Oxford noPeru descobriu que as crianças com um bemestarsubjetivo inferior – por acreditarem que nãoeram suficientemente respeitadas – tinham menordesempenho cognitivo. 11 Um estudo recente doBanco Mundial nas regiões rurais da Índia mostrouque, contanto que as crianças de castas superiorese inferiores não tivessem consciência das suasdiferenças de casta, estas em média tinham umdesempenho igualmente bom quando lhes erapedido que resolvessem uma série de problemas.Quando ganhavam consciência das diferenças decasta, o desempenho das crianças de castas inferioresdeteriorava-se de uma maneira substancial. 12O Bereket, que anda no oitavo ano numa escola emAdis Abeba, na Etiópia, falta regularmente às aulaspara trabalhar a lavar carros. “Quando os estudanteschegam vestidos com roupas melhores, não gosto deme sentir inferior a eles, por isso para mim é umaobrigação trabalhar para alterar a minha situação,” dizo Bereket. “São os meus problemas que me obrigama aceitar este emprego. Não tinha outra escolha. Eucostumava ter esperança e pensar que a educação iriamudar a minha vida, mas agora só espero que ter umnegócio me vá mudar a mim.” 13Combater a desigualdade – umaprioridade para o novo quadrode trabalhoO quadro que substitui os ODMs já não podeignorar a desigualdade. Em vez disso, tem de colocaro combate à desigualdade numa posição frontal ecentral, ajudando a impulsionar as políticas internasque serão essenciais para reduzir a desigualdade. Osobjetivos ‘chegar a zero’ (ver página 12) combatem adesigualdade de modo implícito, esforçando-se porimplementar uma cobertura de 100% dos serviços epor eliminar ameaças específicas para todos, emqualquer lugar. Mas vai ser necessário mais do queisto. Em cada objetivo temos de nos comprometerque nos focamos primeiro nas crianças e adultos quesão mais marginalizados e mais difíceis de alcançar– apesar das dificuldades e dos custos de o fazermos– com metas que monitorizem o progresso ao longodos escalões de rendimento em decis e considerandoespecificamente o rácio entre os grupos do topo e dabase. Não se trata aqui apenas de ser um imperativomoral, também é mais eficiente; a UNICEF levou acabo investigações que documentam o modo comoos investimentos nos que são mais difíceis de alcançarpodem por vezes gerar os retornos mais elevados.Por exemplo, formar e enviar uma parteira parauma comunidade de classe média pode ter umimpacto marginal nas taxas de sobrevivência infantile materna. Se colocarmos essa mesma parteiranuma comunidade sem esse serviço, o impacto serámuito maior.Também temos de monitorizar o ritmo de mudançasem todos os grupos, para todos os objetivos. Porexemplo, na área do acesso aos cuidados de saúde,devemos examinar a proporção de pessoas que temacesso a nível nacional, mas este deve ser igualmentesubdividido em decis de rendimento, deve sersubdividido entre mulheres e homens, raparigas erapazes, por diferentes idades e grupos étnicos, e poráreas urbanas e rurais. As estatísticas das diferentesregiões do país devem ser subdivididas de acordo com8

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